Dependência de turistas estrangeiros atinge mínimos de três anos no verão

  • Joana Abrantes Gomes
  • 17 Novembro 2025

Entre julho e setembro, o peso dos estrangeiros no turismo foi de 68%, o mais baixo desde o terceiro trimestre de 2022, com 19,4 milhões de dormidas.

Num período em que se verificou um abrandamento do setor do alojamento turístico, inclusive nos proveitos (totais e de aposento), os mercados externos registaram o peso mais baixo nas dormidas desde o terceiro trimestre de 2022.

Embora continuem a superar, por larga margem, as dos residentes, os estrangeiros representaram 67,8% do total de dormidas nos três meses do verão, segundo os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que referem que este foi “o quarto trimestre consecutivo em que o peso dos mercados externos no total de dormidas diminuiu, em termos homólogos”.

Ao todo, as dormidas em alojamentos turísticos cresceram 2% entre julho e setembro, atingindo os 28,6 milhões. Face ao trimestre anterior, porém, este aumento representa uma desaceleração de 2,2 pontos percentuais. Já o número de hóspedes foi de 10,5 milhões, 2,2% acima do mesmo período do ano passado.

Evolução homóloga das dormidas e dos proveitos no turismo

Fonte: INE

Pelo quarto trimestre consecutivo, o crescimento das dormidas deveu-se mais à subida de 5,5% observada nos residentes, num total de 9,2 milhões, do que à subida de 0,3% registada nos não residentes, com 19,4 milhões. Também aqui, comparando com o período de abril a junho, houve um abrandamento de 2,2 e 2,6 pontos percentuais, respetivamente.

Entre os três segmentos de alojamento, designadamente hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural e de habitação, foi este último que registou o maior aumento das dormidas (+4,5%) — mesmo tendo a quota mais baixa, de 4,9%, em comparação com os outros dois tipos de alojamento.

No período em análise, todas as regiões do país registaram um crescimento do número de dormidas, à exceção do Centro (-0,2%). Os aumentos mais expressivos, por sua vez, observaram-se no Alentejo (+6,8%), na Península de Setúbal e na Madeira (ambas +4,1%).

As dormidas de não residentes cresceram mais no Alentejo (+5,7%) e na Península de Setúbal (+4,3%), enquanto no Oeste e Vale do Tejo se registou o maior decréscimo (-4,2%). Ao nível do mercado interno, os Açores foram a única quebra (-2,6%); a Madeira (+40,2%) teve, de longe, o maior aumento, seguindo-se o Oeste e Vale do Tejo (+8,2%), a Grande Lisboa (+7,4%) e o Alentejo (+7,3%).

Entre os dez principais mercados emissores no terceiro trimestre, o Reino Unido continua na liderança, com um peso de 17,9% no total das dormidas de não residentes, apesar de ter registado uma queda de 2,3% face ao trimestre homólogo.

Seguem-se Espanha e a Alemanha como o segundo e o terceiro principal mercado emissor, tendo quotas de 11,4% e 10,2% no total das dormidas de estrangeiros, respetivamente. No entanto, enquanto as dormidas de turistas vindos do país vizinho recuaram 6,9%, as de alemães cresceram 2,5% no período de julho a setembro.

O INE indica também que os Estados Unidos registaram o maior crescimento, de 6,7%, entre o ‘top 10’ de mercados emissores de turistas, distante do segundo maior aumento, o do mercado canadiano (+3,7%).

No terceiro trimestre, os irlandeses e os britânicos preferiram uma estadia no Algarve — onde se concentraram 76,7% e 61,5% das respetivas dormidas –, bem como os turistas dos Países Baixos (37,4%), da Alemanha (29,8%) e da França (24,4%).

A Grande Lisboa, por seu lado, foi a principal escolha dos brasileiros (49,4%), norte-americanos (45,6%), canadianos (39,7%) e italianos (36,6%), enquanto os espanhóis privilegiaram o norte do país, concentrando ali 27,9% das suas dormidas.

Na globalidade dos estabelecimentos de alojamento turístico, o rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) situou-se em 106,5 euros (+4,1%) e o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) atingiu 151,3 euros (+4,4%) no terceiro trimestre deste ano.

Ainda segundo o INE, entre julho e setembro, os proveitos totais atingiram 2,7 mil milhões de euros e os relativos a aposento totalizaram 2,2 mil milhões de euros, o que traduz acréscimos de 7,4% e 6,9%, respetivamente (+9,4% e +9,8% no trimestre anterior).

(Notícia atualizada pela última vez às 12h29)

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