Short sellers aumentam pressão sobre ações da Mota-Engil
Construtora liderada por Carlos Mota dos Santos acumula ganhos de 104% em 2025, mas três fundos de investimento apostam agora na queda das ações, com posições a descoberto de 1,68% do capital.
A Mota-Engil EGL 1,56% continua no radar dos investidores que apostam na queda das ações. Esta segunda-feira, a Square Circle IA LP comunicou à CMVM uma posição a descoberto equivalente a 0,61% do capital da construtora, a maior entre os três fundos que atualmente apostam contra os títulos da empresa liderada por Carlos Mota dos Santos.
A Square Circle IA LP é uma gestora de fundos de cobertura (hedge fund) sediada em Boston, nos EUA, fundada em 2020 e liderada por Dong Han. Com mais de 500 milhões de dólares sob gestão e apenas quatro colaboradores, a empresa aplica estratégias quantitativas e de análise de curto e longo prazo em mercados globais.
Não é a primeira vez que a construtora portuguesa atrai este tipo de atenção. A posição da Square Circle junta-se às apostas já assumidas pela Capital Fund Management (0,5% do capital) e pela Muddy Waters Capital (0,57%), num total que representa cerca de 1,68% do capital social da empresa. De notar ainda que, recentemente, a Marshall Wace chegou a deter uma posição a descoberto de 0,6% na Mota-Engil, mas encerrou-a entretanto (ou reduziu-a para menos de 0,5%). Quando esta posição foi divulgada, em setembro, as ações afundaram mais de 11% numa única sessão.
Em Portugal, todas as posições a descoberto que excedam 0,2% do capital de uma empresa cotada têm de ser comunicadas à CMVM. A partir de 0,5%, a informação torna-se pública no site do regulador. Esta transparência serve para que o mercado saiba quem está a apostar contra determinadas empresas e em que dimensão.
O mecanismo é relativamente simples: um investidor acredita que determinada ação está sobrevalorizada e vai descer. Para capitalizar essa convicção, pede ações emprestadas, vende-as ao preço atual e compromete-se a devolvê-las mais tarde. Se o preço cair, compra as ações mais baratas, devolve-as ao credor e embolsa a diferença. Se o preço subir, tem perdas — potencialmente ilimitadas, porque não há limite para quanto uma ação pode valorizar.
Estes fundos não divulgaram publicamente as razões específicas para as suas posições negativas na construtora portuguesa. No entanto, a valorização de 104% desde o arranque de 2025 das ações da Mota-Engil (incluindo dividendos), o triplo do desempenho do PSI, que sobe 21,8% no mesmo período, pode sugerir que consideram os títulos excessivamente valorizados face aos fundamentos da empresa.
As vendas a descoberto são uma estratégia legítima nos mercados financeiros, usada tanto para fins especulativos como para proteger outras posições (hedge). Permitem aos investidores expressar visões negativas sobre empresas e, teoricamente, contribuem para a eficiência dos mercados ao incorporar diferentes perspetivas sobre o valor das ações. Para a Mota-Engil, a questão que se coloca agora é se o momento excecional que vive em bolsa é sustentável ou se estes investidores veem riscos que o mercado ainda não incorporou no preço.
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