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Empresas “já ouviram falar de IA”. Como funciona, “ninguém sabe”

Adoção de IA é como "o sexo no 9.º ano. Toda a gente já ouviu falar, mas experimentar, perceber verdadeiramente como funciona, ninguém sabe", atirou Pedro Santa Clara na 3.ª Talk .IA do ECO.

Pedro Santa Clara, fundador da 42 e da Tumo, defendeu esta quarta-feira que é necessário que as empresas portuguesas experimentem e adotem a inteligência artificial (IA), reconhecendo que ainda existe um grande desconhecimento nas empresas sobre o potencial da tecnologia.

“O estado da IA, na generalidade das empresas do nosso país, é correspondente ao sexo no 9.º ano. Toda a gente já ouviu falar, mas experimentar, perceber verdadeiramente como a coisa funciona, ninguém sabe“, afirmou Pedro Santa Clara, que também é professor catedrático de Finanças na Nova SBE.

Na 3.ª Talk .IA, inserida na Comunidade .IA do ECO, o professor catedrático e fundador da 42 defendeu que é essencial que as organizações tenham contacto direto com a IA. “É preciso experimentar, meter as mãos na massa e usar as ferramentas”, acrescentou.

No entanto, Santa Clara sublinhou que a mudança nas organizações não depende apenas da experimentação. “É preciso vencer muitas barreiras. Parece muito simples, mas é necessário ultrapassar obstáculos pessoais e organizacionais — e, sobretudo, mudar a atitude”, explicando que também os profissionais têm de estar recetivos à adoção de IA no emprego.

Pedro Santa Clara, fundador da 42 e da TumoHugo Amaral/ECO

O professor citou ainda dados de um estudo recente da McKinsey, realizado em parceria com a Nova SBE, que apontam para a necessidade de requalificação de 1,5 milhões de trabalhadores portugueses até 2030 à luz da IA generativa. O académico alertou que este número deve “pecar por escasso”, sublinhando os desafios do sistema atual para preparar tantos profissionais para a economia de um futuro cada vez mais presente.

“A questão aqui é como vão estas pessoas adquirir as novas competências? Onde irão aprender? Será através da universidade tradicional? Nós verdadeiramente vamos ter que formar muito mais gente”, notou, reforçando a urgência de estratégias eficazes de requalificação.

Para o académico, a IA pode desempenhar um papel central neste processo. Muitas das ferramentas atuais [como o ChatGPT ou o Gemini] utilizam linguagem natural e não exigem formação técnica prévia, tornando-se acessíveis a uma grande parte da população. “Eu não tenho que aprender a programar. A um certo nível, aquilo é trivialmente fácil de utilizar. Mas é preciso utilizar e experimentar.”, reiterou, destacando a importância de aplicar na prática estas tecnologias como parte da formação.

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