Prio deixa cair fábrica para produção de biocombustíveis. Perde 76 milhões do PRR
“Projeto de fábrica de biocombustíveis avançados associado à Agenda Mobilizadora M-ECO2 não será concretizado nos moldes em que estava inicialmente concebido”, confirmou ao ECO fonte oficial da Prio.
A Prio já não vai construir uma fábrica para a produção de biocombustíveis avançados, no âmbito da agenda mobilizadora que lidera. Por isso, houve uma redução de 76,64 milhões de euros nos apoios do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O projeto de fábrica de biocombustíveis avançados associado à Agenda Mobilizadora M-ECO2 não será concretizado nos moldes em que estava inicialmente concebido”, confirmou ao ECO fonte oficial da Prio.
Esta agenda mobilizadora tinha como objetivo o “desenvolvimento de um cluster industrial altamente inovador para a produção de biocombustíveis sustentáveis avançados à base de hidrogénio verde e matérias-primas residuais”, lê-se na ficha descritiva da M-ECO2. O projeto tinha como peça central a “implementação e operação de uma nova unidade industrial no Porto de Setúbal”, que iria incluir a produção de energia a partir de fontes renováveis (solar e eólica), hidrogénio verde e biocombustíveis avançados.
“A plena implementação e integração de todos os elementos mencionados, à escala industrial e numa única unidade produtiva, representa uma solução exclusiva no mercado atual focada em combustíveis sustentáveis compatíveis com as infraestruturas existentes”, referia ainda a ficha da agenda.
As especificidades complexas do terreno, a necessidade de ligação à rede elétrica e ainda questões de licenciamento foram alguns dos fatores que estiveram na origem da desistência.
A alternativa à fábrica poderia passar pela instalação de uma unidade piloto nas instalações da Prio em Aveiro, como admitido pela Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, na sequência de uma visita de acompanhamento do projeto realizada em fevereiro. Após múltiplas insistências do ECO, a empresa não esclareceu quaisquer outros detalhes da reprogramação da agenda que solicitou ao IAPMEI.
A reprogramação traduziu-se na redução da ambição da agenda em 76,64 milhões de euros, que passa assim a receber um incentivo de 34,08 milhões de euros. Inicialmente, em conjunto com nove empresas do consórcio, a Prio propôs-se realizar um investimento de 600 milhões de euros que iria ter um apoio do PRR de 5%, por ser uma grande empresa (têm apoios em percentagem inferior face às PME), como avançou então o CEO.
A Prio garante que “continua plenamente empenhada em desenvolver unidades industriais e projetos inovadores na área dos biocombustíveis avançados e de outras soluções energéticas de baixo carbono em Portugal”. “Continuamos a investir e a estudar alternativas de investimento que nos permitam pôr em prática o conhecimento e a experiência acumulados neste processo, reforçando o nosso contributo para a descarbonização da economia”, acrescentou ao ECO fonte oficial da empresa.
A agenda, que tinha como meta contribuir para uma redução de cerca de 94% de emissões de gases com efeito de estufa, após a reprogramação propõe-se entregar cinco produtos e serviços (PPS), ou seja, mais um face ao originalmente definido. A empresa não explicou qual o PPS adicional, mas não houve uma redução daquela que é a métrica usada para definir se as agendas mobilizadoras estão a cumprir o que contratualizaram porque a construção da fábrica não estava definida como PPS.
O investimento tem de estar concluído até 30 de junho de 2026, a nova data para as 37 agendas (de um total de 52) que pediram para ser reprogramadas. Tal como o ECO avançou, a reprogramação traduziu-se num reforço de 319 milhões de euros, sendo que foi no setor da aeronáutica e do espaço que esse reforço foi mais significativo – 369,94 milhões de euros.
Apenas a área da energia reviu em baixa a sua ambição, num reflexo da evolução do mercado, mas continua a ser uma das áreas mais relevantes em termos de apoio (a terceira maior). “Um setor que apostou muito em novas tecnologias, em novas soluções energéticas, designadamente hidrogénio, e o que se verificou é que o mercado não está lá, as tecnologias não estão tão maduras e, do ponto de vista da boa gestão, fez-se uma reavaliação do investimento, optando por um ritmo mais seguro e sustentado”, explicou, na altura, ao ECO o presidente do IAPMEI.
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