BRANDS' ECO Transporte rodoviário pede estabilidade para acelerar a descarbonização
Numa talk que juntou Gustavo Paulo Duarte, CEO do Grupo Paulo Duarte e Duarte Cordeiro, sócio da Shiftify, debateram-se os desafios e pediu-se ao Governo um plano estratégico para o setor.
A nova base do Grupo Paulo Duarte, na OTA, serviu de palco a uma talk moderada por Diogo Agostinho, COO do ECO, com Gustavo Paulo Duarte, CEO do Grupo Paulo Duarte e vice-presidente da ANTRAM, e Duarte Cordeiro, sócio da Shiftify. À mesa decorreu uma conversa centrada no futuro do transporte rodoviário e nos desafios da sustentabilidade.
Um ano depois da última entrevista ao ECO, Duarte Cordeiro mantém a pressão sobre o Governo, mas reconhece sinais de mudança. “Vejo abertura para a tomada de decisão”, afirmou. O gestor lembra que já existem soluções técnicas usadas noutros países, como ajustes nos pesos e dimensões dos camiões, que permitiriam transportar mais carga com os mesmos veículos, reduzindo o número de viagens, custos e emissões. O problema, diz, é a lentidão regulatória. “Há ganhos muito significativos que não são capturados porque as decisões ainda não foram tomadas”, lamenta.
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Diogo Agostinho, COO do ECO, Gustavo Paulo Duarte, CEO da Transportes Paulo Duarte, e Duarte Cordeiro, , sócio da Shiftify -
Gustavo Paulo Duarte, CEO da Transportes Paulo Duarte -
Duarte Cordeiro, , sócio da Shiftify -
Gustavo Paulo Duarte, CEO da Transportes Paulo Duarte, e Duarte Cordeiro, , sócio da Shiftify -
A Talk decorreu na nova sede da Transportes Paulo Duarte, na Ota
Do lado das empresas, o setor mostra trabalho feito na busca por mais eficiência e melhor serviço, com o Grupo Paulo Duarte a ser disso exemplo. Em 2024, o Grupo investiu em 350 novas viaturas Euro 6 e numa empresa tecnológica dedicada à otimização de rotas. “O impacto é brutal”, sublinha Duarte Cordeiro, que destaca ainda o esforço feito ao nível da formação, nomeadamente em segurança. “O número de horas de formação é impressionante… é um setor com muita maturidade e vale a pena confiar”, acrescenta.
Gustavo Paulo Duarte não tem dúvidas de que esta continua a ser uma atividade crucial para a economia nacional e diz mesmo que “o nosso setor é muito mais do que o valor que normalmente as pessoas lhe atribuem”. Mais do que subsídios para impulsionar a transformação dos transportes, que continuam a ser uma das áreas críticas para reduzir as emissões na União Europeia, o CEO diz que o essencial é a estabilidade política e estratégica.
Hoje, ou tenho mecanismos para controlar a minha pegada, ou simplesmente fico de fora
É por isso que vê com bons olhos o anúncio de um plano estratégico para o setor, um instrumento que, defende, daria previsibilidade e evitaria que o transporte rodoviário tivesse de “recomeçar do zero” a cada mudança de governo. “Cada vez que muda o ministro da pasta, tenho de explicar tudo outra vez”, lamenta Gustavo Paulo Duarte, defendendo que um plano a longo prazo permitiria abandonar “medidas avulsas”, orientar o investimento das empresas e alinhar prioridades como a descarbonização ou a digitalização. “Um plano a longo prazo é bom para todos”, resume.
Questionado sobre a importância da ferrovia e a complementaridade que pode oferecer ao transporte de mercadorias, o vice-presidente da ANTRAM lembra que “há mercado para todos”. “Pergunte à Mercadona se vai pôr frutas e legumes num comboio… estamos loucos, não é?”, aponta.
Se queremos ser mais rápidos, é o momento de dar atenção a este setor
Os próximos anos, garante, vão trazer mais exigências e necessidade de consolidação, e avisa que “as boas empresas vão integrar estes processos”, enquanto “as más vão ser engolidas pelo mercado”. “Hoje, ou tenho mecanismos para controlar a minha pegada, ou simplesmente fico de fora”, sublinha.
A internacionalização é outro tema importante para o setor, acrescenta Duarte Cordeiro, que diz ser preciso mais ambição. “Não nos devemos limitar à ideia de que somos um setor de microempresas”, diz.
Os desafios, avisam o antigo ministro do Ambiente e Gustavo Paulo Duarte, passam pelos avanços tecnológicos, as exigências em matéria climática e a falta de mão-de-obra. O setor está pronto para acelerar, garantem, mas é preciso que o Estado dê um sinal de confiança. “Se queremos ser mais rápidos, é o momento de dar atenção a este setor”, remata Duarte Cordeiro.
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