Custo dos seguros de saúde vai subir 10% em 2026, muito acima da inflação

  • Carolina Neves Carvalho
  • 6:50

Os prémios dos seguros de saúde deverão subir 10% em 2026, impulsionados pelo aumento dos preços na saúde privada e pela maior utilização dos serviços, de acordo com um estudo da Aon.

Os custos com seguros de saúde em Portugal deverão voltar a subir no próximo ano e, desta vez, o aumento poderá chegar aos 10%, segundo o “2026 Global Medical Trend Rates Report” da Aon, um valor muito acima da inflação de 2% prevista pelo Banco de Portugal.

João Dias, Health Solutions Manager da Aon Portugal. “É provável que os seguros individuais acompanhem esta tendência, embora não necessariamente igual à média do incremento nos seguros corporativos, mas que não deverá diferir muito”

Este aumento dos prémios é uma tendência global, evidenciando uma pressão crescente sobre os seguros de saúde. O aumento destes custos em Portugal deverá ser em linha com os registados a nível global (com previsões para um aumento de 9,8%), mas ficam acima da média europeia (8,2%).

Em 2024, Portugal tinha 4.060.378 milhões de pessoas com seguros de saúde, entre apólices individuais e de grupo, de acordo com dados do Observatório dos Seguros de Saúde, mostrando que cada vez mais este tipo de proteção é visto como essencial.

João Dias, Health Solutions Manager da Aon Portugal, explicou ao Eco que parte desta pressão sobre os seguros de saúde se deve em parte à “perceção que se criou na opinião pública, muitas vezes injustamente, de que o SNS não está a responder em situações de doenças graves”, o que leva muitas vezes “a que a primeira opção das pessoas, quando diagnosticadas com um grave problema de saúde, seja recorrer ao privado”.

Fatores de pressão sobre as seguradoras

No entanto, outros fatores, como “o envelhecimento da população segura nas empresas”, o prolongamento da idade ativa até à reforma, e a “transferência de custos do SNS para o Privado em doenças de alto custo” quando “até há poucos anos as pessoas usavam o SNS neste tipo de patologias, mesmo quando tinham seguro privado”, são outros fatores a pressionar o aumento dos custos dos seguros de saúde.

Os preços mais altos nos prestadores de saúde após a pandemia, a escassez de profissionais e a consequente subida salarial, também contribuem para o aumento dos custos na saúde.

Esta tendência, que irá afetar sobretudo as empresas, deverá também refletir-se nos seguros individuais, com aumentos que poderão ser semelhantes, mesmo que variem consoante idade, coberturas e utilização.

Para João Dias, todos estes fatores têm “colocado uma pressão grande nos últimos anos sobre o aumento do custo da saúde privada e que as seguradoras, enquanto financiadoras, refletem depois no pricing que passam aos clientes”. Ao mesmo tempo, “a médio prazo, não é sustentável para as empresas continuarem a suportar aumentos tão elevados nos prémios dos seguros de saúde”.

Empresas já apostam na prevenção para fazer face aos custos

Assim, os custos associados aos seguros de saúde suportados pelas empresas vão aumentar e as empresas já começaram a tomar medidas de contenção para tentar manter os encargos com seguros dos trabalhadores. O aumento de copagamentos, os ajustes nas franquias e a introdução de uma pequena contribuição dos colaboradores para o seguro são algumas das medidas citadas por João Dias. O estudo “Changing face of Employee Health” da Howden mostra que as empresas estão a investir na prevenção como forma de combater a inflação crescente de custos nesta área, com quase sete em cada 10 empregadores (67%) em todo o mundo a utilizar uma estratégia de prevenção.

Programas de prevenção, rastreios e check-ups, bem como a aposta em soluções de telemedicina e uma utilização mais eficiente dos planos são as estratégias escolhidas para reduzir a pressão financeira dos seguros de saúde sobre as empresas.

Já as patologias que mais pesam nos custos continuam a ser as doenças oncológicas e cardiovasculares, seguidas das musculoesqueléticas, respiratórias e condições de saúde mental. Por outro lado, os principais fatores de risco incluem envelhecimento, falta de rastreios, hipertensão, sedentarismo e fatores genéticos.

Seguros particulares também se devem preparar para aumentos

Embora o aumento previsto seja calculado sobretudo para seguros corporativos, a tendência deverá chegar igualmente aos seguros individuais. É de sublinhar que, nestes casos, o preço tem tendência a crescer todos os anos com a idade do segurado, mas também sofre ajustes devido aos mesmos fatores que afetam as empresas: custos médicos elevados e maior utilização.

“É provável que os seguros individuais acompanhem esta tendência, embora com variações”, explica João Dias. Por isso, esteja preparado para “algum aumento, embora não necessariamente igual à média do incremento nos seguros corporativos, mas que não deverá diferir muito”.

Ainda assim, há formas de mitigar o impacto. O responsável explica que uma das maneiras é a “mudança para uma seguradora ou opção de plano distinta, por exemplo com incremento de franquias ou de copagamentos, e algum ajuste no âmbito das coberturas contratadas, mudando por exemplo para uma opção que inclua as coberturas que mais privilegia em detrimento de coberturas mais acessórias que acaba por não utilizar muito”. João Dias sublinha ainda que a decisão deve ser informada e adaptada às necessidades de cada pessoa.

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