Quase quatro em cada dez empresas querem contratar mais trabalhadores no arranque de 2026
Primeiro trimestre deverá ficar marcado por criação líquida de emprego, já que 38% das empresas pretendem contratar mais e só 17% está a contar reduzir o pessoal.
Apesar dos desafios à espreita, quase quatro em cada dez empresas portuguesas planeiam contratar mais trabalhadores e aumentar as suas equipas no primeiro trimestre do próximo ano, de acordo uma nova análise da consultora ManpowerGroup, a que o ECO teve acesso. Por outro lado, 17% das inquiridas estão a contar reduzir o pessoal.
“Os empregadores mantêm-se positivos, mas cautelosos“, sublinha Rui Teixeira, diretor geral da ManpowerGroup Portugal, em reação a estes números.
No que diz respeito às empresas que tencionam contratar mais trabalhadores (38%), o responsável salienta que há mesmo uma “ligeira progressão” face ao trimestre anterior (a perspetiva para o fim de 2025 rondava os 34%) e face ao período homólogo (a perspetiva para o primeiro trimestre de 2026 situou-se em 33%).
“De acordo com as respostas obtidas, o principal motor do aumento das contratações é o crescimento das empresas, sendo referido por 42% dos empregadores. No mesmo sentido, vemos também motivações como a necessidade de recursos para projetos específicos, referidas por 23%, e novas iniciativas que criam novas funções, mencionadas por 20%”, detalha Rui Teixeira.
Na visão do diretor-geral, estes motivos de contratação estão ligados aos sinais positivos de crescimento económico do país, ainda que este esteja “muito centrado no aumento da procura interna, com a contribuição das exportações a diminuir, face ao cenário global de incerteza política e económica”.
“Nesse sentido, é marcado por alguma fragilidade que condiciona as decisões dos empregadores, promovendo uma maior cautela“, argumenta o responsável.
Por outro lado, há vagas que transitam de trimestres passados, o que reflete o cenário de escassez de talento, a dificuldade no preenchimento de vagas e o alargamento nos tempos dos processos de decisão de recrutamento, “tanto por parte de empresas como dos próprios candidatos”, refere Rui Teixeira.
Ao invés, 17% dos empregadores nacionais indicam que estão a antecipar reduções de pessoal, entre janeiro e março de 2026, de acordo com o “ManpowerGroup Employment Outlook Survey”. É uma percentagem inferior à do trimestre anterior (menos quatro pontos percentuais), mas superior ao do período homólogo (mais quatro pontos percentuais).
“Em Portugal, vemos que o principal motivo na redução dos postos de trabalho está ligado à procura de eficiências, quer seja pelo recurso à automação, quer seja através da melhoria de processos com consolidação de funções, ambos referidos por 24% das empresas”, destaca o diretor-geral.
E concretiza: “este cenário traduz assim o esforço das empresas para serem mais competitivas num cenário global complexo, com a incorporação de mais tecnologia e melhorias nos processos de gestão, algo que permitirá aumentar a sua produtividade, mas que também impacta os perfis de talento necessário”.
Rui Teixeira assinala ainda que 21% dos empregadores referem fatores económicos para a redução do pessoal, enquanto 23% justificam com a diminuição de atividade.
Saldo líquido positivo, apesar dos desafios

Com 38% das empresas a contar aumentar as equipas, 17% a prever reduzir o pessoal e 42% a planear manter o número de trabalhadores inalterado, a consultora ManpowerGroup projeta uma criação líquida de emprego de 19% no primeiro trimestre de 2026.
Corresponde a uma melhoria de cinco pontos percentuais face ao trimestre anterior e de um ponto percentual em comparação com o registado há um ano.
Ainda assim, Rui Teixeira insiste em falar num “otimismo cauteloso“. Aliás, entre os vários países analisados pela ManpowerGroup, Portugal está na metade inferior dos países em termos de perspetivas de contratação e cinco pontos percentuais abaixo da média global.
“Analisando a repartição das respostas obtidas vemos que a percentagem que referem uma manutenção das equipas atuais é maioritária (42%), algo que já observamos há vários trimestres e que traduz esse sentimento de resguardo nas decisões dos empregadores e que se explica naturalmente pelo cenário global de incerteza geopolítica e económica, a que Portugal não é alheio“, afirma o diretor-geral.
“Apesar dos bons resultados a nível interno, somos uma economia muito aberta ao exterior, e a capacidade de contribuição das nossas exportações para o crescimento do PIB tem vindo a diminuir face à procura interna. Face a este contexto, os empregadores ainda têm dificuldade em antecipar o futuro, pautando as suas decisões por uma contratação mais focada em necessidades precisas e menores volumes“, menciona ainda o responsável.
Esta análise da consultora ManpowerGroup tem por base as respostas de 39 mil empregadores em 41 países, entre os quais Portugal.
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