“Já vamos começar”. Chips para ‘supercomputador’ da Microsoft chegam a Sines em janeiro

O investimento de 10 mil milhões de dólares da Microsoft em Sines já está em ação, com a chegada dos chips da Nvidia previstos para o início do ano, revela o diretor-geral Andres Ortolá,

ECO Fast
  • A Microsoft Portugal anunciou um investimento de mais de 10 mil milhões de dólares para instalar um supercomputador em Sines, começando em janeiro.
  • O projeto inclui a chegada de 12.600 placas gráficas NVidia Blackwell Ultra GB30, com a totalidade prevista para 2032 e capacidade plena em 2028 ou 2029.
  • Andres Ortolá destacou a importância da sustentabilidade do projeto, que utilizará 100% de energia verde, e a necessidade de agilidade em Portugal para acompanhar a inovação.
Pontos-chave gerados por IA, com edição jornalística.

“Já vamos começar. Em janeiro começam a chegar os primeiros chips, vamos estar no Sines 01“, disse Andres Ortolá, diretor-geral da Microsoft Portugal. Num encontro com jornalistas esta quarta-feira, o gestor explicou de forma geral o calendário do investimento de mais de 10 mil milhões de dólares para trazer até Sines 12.600 placas gráficas de última geração Nvidia Blackwell Ultra GB30, que serão instaladas no centro de dados da Start Campus.

Vamos começar o trabalho para abrir e começar a construir o Sines 02 e aí vão chegar o resto das GPU [unidade de processamento gráfico, chips em inglês]”, adiantou. “A totalidade do projeto é daqui até 2032, mas vai estar em full capacity em 2028 ou 2029″.

Ortolá vincou que vai ser “o maior supercomputador da Europa”. E para que irá servir essa máquina? “Vamos servir os nossos clientes europeus”, respondeu. “Muitas das consultas de Copilot [o assistente de inteligência artificial da Microsoft] vão ser dirigidas a Portugal e nós vamos responder”.

Questionado sobre como o investimento de mais de 10 mil milhões de dólares em Sines irá ser distribuído, Ortolá disse que não tem os detalhes todos, mas explicou que os custos incluem os GPU, “que são devices que são caros, todos os sistemas de manutenção, de cooling, de energia“.

Entusiasmado, sublinhou que “há uma coisa super-importante”, e que levou à escolha de Portugal como destino para o investimento. “É porque é sustentável, é 100% green energy, 100% sustentável”.

“A Microsoft tem uma boa disciplina para fazer projetos que façam sentido, mas que também façam sentido do ponto de vista do footprint [pegada ecológica}”, adiantou. “Sabemos que o footprint de power é diferencial, obviamente é maior e por isso a computação quântica também vai ajudar, mas entretanto fazemos isto, estamos a ter muita consciência que tem de ser sustentável e Sines vai ser sustentável”.

“That’s the problem”

O argentino, que entrou na Microsoft em 2020 e lidera a subsidiária portuguesa da tecnológica americana desde 2022, começou a conversa com os jornalistas com um exemplo histórico que ligou à atualidade. Quando o alemão Johannes Gutenberg criou, no século XV, a máquina de imprensa moderna, não foi a Alemanha que melhor aproveitou a inovação, foram os Países Baixos que começaram a publicar em massa bíblias, mapas, e obras cientificas.

Da mesma forma, explicou Ortolá, os dados mostram que neste momento a criação de infraestrutura para IA está a ser liderada pelos EUA e a China (com a Europa num distante terceiro), mas ao mesmo tempo os índices de utilização colocam os Emirados Árabes Unidos, a Noruega e Singapura na linha da frente.

“São três países com configurações iguais à de Portugal, têm populações de entre cinco e 10 milhões”. Mas são mais ricos? “Sim, eu vivi em Singapura cinco anos e garanto que não há nenhum secret sauce, eles não são mais inteligentes e o talento que há cá em Portugal é igual”, sublinhou, admitindo no entanto que esses países podem ter sistemas fiscais mais vantajosos.

O atraso principal de Portugal reside, no entanto, na falta de agilidade. “Na minha opinião, é a capacidade de decisão e de fazer coisas”, salientou, dando como exemplo um chatbot de IA que a Microsoft criou para a Justiça, relacionado com divórcios, o primeiro da Europa e eventualmente do mundo.

“O primeiro, ainda está aí, mas exatamente no mesmo status que estava quando o fizemos, enquanto os outros países já têm centenas de sistemas em produção. “That’s the problem, exatamente aí”.

Brad Smith, presidente da Microsoft, na Web Summit 2025, em LisboaANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

 

Sem perda de autonomia

A tecnológica fez uma profunda reorganização da sua estrutura operacional na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) em julho deste ano, com a Microsoft Portugal a deixar de funcionar como entidade autónoma e passar a integrar um amplo cluster denominado “South MCC” na área da Europa do Sul, que inclui também países como Turquia, Grécia, Chipre, Malta, Albânia, Bósnia, Eslovénia, Sérvia, Macedónia do Norte, Montenegro, Kosovo, Croácia e Bulgária. Andres Ortolá rejeita que o processo representa perda de autonomia da unidade em Portugal.

“Foi uma interpretação que, para mim, foi errada”, declarou. “Eu fiz 20 anos na Microsoft há duas ou três semanas e as organizações mudam, a Microsoft muda e já vi seis ou sete destas”.

“Antes tínhamos Europa Ocidental e Europa de Leste, agora temos a Europa do Norte e da Europa do Sul. Exatamente igual, estamos no contexto da Europa do Sul, com uma estrutura similar, só que reportamos a outras equipas, não há nada mais, não há uma perda de autonomia“, sublinhou, assinalando ainda ganhos culturais por trabalhar com economias mais comparáveis, como a Grécia.

Questionado se essa reorganização poderá envolver despedimentos, Ortolá respondeu de forma clara: “Todos os anos, no final, quando fazemos a matemática, nós temos cada vez mais colaboradores”, revelando que quando chegou a Portugal em 2022 a Microsoft tinha entre 1.500 e 1.600 colaboradores e agora tem 2.000″.

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