BRANDS' ECO “Alarmes anti-inibição: caminho para contrariar assaltos”
Carlos Dias, presidente da APSEI, explica, em entrevista ao ECO, os motivos que podem justificar o aumento de assaltos em 2023 e apresenta as ferramentas disponíveis para se contrariar esta tendência.
A Associação Portuguesa de Segurança (APSEI) revelou que, em 2023, o número de assaltos em Portugal aumentou e, parte deste crescimento, deve-se a fatores como o período pós-pandémico, no qual há mais pessoas a andar nas ruas do que nos últimos dois anos, bem como a exposição nas redes sociais, que pode tornar as vítimas ainda mais vulneráveis.
Para tentar perceber o que justifica este aumento, bem como a forma de se manter a segurança neste tipo de situações, o ECO esteve à conversa com Carlos Dias, presidente da Associação Portuguesa de Segurança, que também apresentou algumas soluções para esta tendência.
Apesar de Portugal ser considerado um dos países mais seguros do mundo, o número de assaltos tem vindo a crescer e o ano de 2023 foi reflexo disso mesmo. A que se deve este aumento?Este aumento do número de assaltos pode ter muitas explicações, devido a várias origens. O aumento do custo de vida, de forma generalizada, pode ser uma das explicações para este acontecimento. Com mais pessoas em situações de grande dificuldade, a opção pode culminar numa situação extrema que leva a atos indesejados. No entanto, indivíduos em situações com dificuldades económico-financeiras, não significa que são os assaltantes. Em 2023 verificou-se um aumento do número de assaltos, dados indicados não só por parte das empresas do setor, mas comprovado pelos dados já partilhados pelas forças de segurança. Nos primeiros quatro meses de 2023 verificou-se um aumento da criminalidade de 12%, face ao mesmo período de 2022, na área da GNR, e a PSP contabilizou uma subida de 10,5%. Os fatores económicos podem ter um grande peso no aumento destes números, mas também o regresso a mais rotinas no exterior de casa, após o período pandémico, que levou durante muito tempo a que as casas estivessem mais vezes ocupadas, pode justificar estes aumentos que se têm verificado, acrescido aos aparelhos eletrónicos cada vez mais disponíveis em muitas casas, de fácil transporte e venda – como computadores portáteis.
Os assaltos também têm vindo a ser cada vez mais violentos. Porque é que isto acontece?Desde a pandemia que temos assistido a uma mudança de hábitos dos portugueses. Mais pessoas trabalham a partir de casa, em contrapartida ao que acontecia anteriormente, e isso leva a que existam mais momentos de “confronto” entre assaltantes e os proprietários das habitações. Além disso, crescem também os assaltos com a presença de jovens sozinhos em casa. A exposição feita pelas pessoas nas redes sociais, muitas vezes de saídas ou de passeios, da própria casa mostrado em vídeos e fotos, leva a que haja maior conhecimento dos assaltantes sobre os momentos em que a casa está mais vulnerável. Contudo, apesar das saídas dos pais, os filhos ficam muitas das vezes em casa e são surpreendidos pelos assaltantes. Esta é uma tendência que tem vindo a ser verificada no setor e que é importante alertar as pessoas. Situação muito semelhante ocorre com os idosos, pois alguns vivem com os filhos trabalhadores e vice-versa.
Os métodos tradicionais ainda são usados, mas as novas tecnologias têm vindo a ajudar alguns assaltantes a tornar a sua atuação mais facilitada, por exemplo, através da inibição dos alarmes? Como é que as empresas de segurança podem contornar isto?A utilização de inibidores de alarmes tem sido uma situação cada vez mais verificada pelas empresas. As ferramentas utilizadas pelos assaltantes tendem a evoluir com o avançar da tecnologia e as empresas de alarmes mantêm a aposta na inovação para combater estas novas formas que surgem. O desenvolvimento de alarmes com capacidade anti-inibição é o caminho para contrariar esta nova forma de assaltos. As empresas do mercado português estão atentas a estas situações e estes alarmes são já uma realidade no panorama nacional. Com redes de comunicação própria ou sistemas alimentados por baterias, as empresas portuguesas oferecem soluções que conseguem manter a ligação às centrais recetoras de alarmes ou outras formas de alerta, para que a comunicação entre o cliente e a empresa seja uma constante e, em caso de tentativa de sabotagem ou anulação do sistema, a resposta seja a mais rápida possível. Desta forma, o recurso a estas novas tecnologias consegue ser contrariado e a chegada da polícia ou outras formas de intervenção antecipada, o mais cedo possível para fazer face a possíveis situações de roubo.
Ainda dentro das tecnologias, e como referiu anteriormente, as redes sociais e a fácil exposição nas mesmas também têm sido uma razão para que haja mais assaltos a casas. De que forma as pessoas se podem proteger mais neste contexto?Atualmente assistimos a uma partilha cada vez maior de rotinas, saídas ou passeios nas redes sociais e isso pode ser um problema em termos de segurança. Ao serem feitas tantas partilhas nas redes sociais sobre o dia-a-dia, as pessoas dão demasiadas “ferramentas” aos assaltantes para saberem qual a melhor altura para tentarem entrar nas suas casas e quando as habitações estão desprotegidas. Contudo, em muitos dos casos, as habitações não estão totalmente vazias. Os jovens ou adolescentes estão em casa e esta situação pode levar a momentos de tensão e de grande perigo. Além disso, a partilha de imagens da casa e dos objetos de valor que existem no seu interior é também um fator a ter cada vez mais em conta. Além dos necessários cuidados com as partilhas nas redes sociais, é importante também que as famílias apostem em sistemas de alarmes que permitam proteger as suas habitações em todas as situações e em todos os momentos para que desta forma tenham uma sensação de proteção constante, quer estejam em casa ou não. Este fenómeno também é extensível a idosos e adultos com acesso à internet.
O futuro será mais positivo?Essa é a crença de todo o setor. Todas as empresas trabalham diariamente para inovar, trazer novos sistemas e cada vez mais evoluídos para responderem às necessidades dos clientes, mas também às evoluções das formas de assalto dos assaltantes. Neste setor, a aposta na inovação e no desenvolvimento tem de ser permanente e é isso que temos verificado. Dessa forma, o futuro tem tudo para ser positivo no setor. Como saliento na APSEI, temos de estar à frente da linha, não apenas na linha da frente.
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