Estas são as notícias mais lidas da Pessoas em 2022
Foi um ano marcado pela escassez de talento, pela Great Resignation e pela 'guerra de talento'. Conheça as notícias mais lidas pelos leitores da Pessoas em 2022.
Num ano marcado pela Guerra do Talento, os modelos flexíveis de trabalho e o tema dos vistos e o seu impacto no mercado de trabalho foram igualmente temas que marcaram o ano de 2022. Foram também os assuntos que geraram o maior interesse junto dos leitores da Pessoas. Faça a revisão do ano em 10 notícias.
Conheça o TOP 10 das notícias mais lidas em 2022
É uma primeira porta e uma primeira forma de reorganizar o nosso trabalho de forma a libertar parte do nosso tempo”, ou seja, “será um bocadinho aquilo que será uma semana de quatro dias de trabalho”, admite Vera Rodrigues, head of people da MC, sobre a decisão da dona do Continente em dar aos colaboradores do escritório, em regime presencial, a possibilidade de terem a sexta-feira à tarde livre.
A medida – há mais de um mês em vigor – é mais um reforço da política de flexibilidade da retalhista do grupo Sonae, neste caso focada nos colaboradores de escritório, abrangendo um universo potencial de perto de dois mil trabalhadores, dos cerca de 35.000 que a dona do Continente emprega.
Nos escritórios da MC vigora um modelo híbrido de trabalho, onde dois dias por semana os trabalhadores podem trabalhar a partir de casa. Mas há quem trabalhe de forma 100% remota. Num setor em transformação, que concorre pelo mesmo talento tech, Vera Rodrigues admite que é uma adaptação exigida num mercado candidate driven. “Tenho de transformar o setor de retalho também (em algo) mais sexy, mais apelativo do que outros com os quais também disputo o talento“, diz. E deixa uma garantia: “Não vamos voltar ao modelo de 5 dias no escritório.”
Em quase cem anos de história da Nestlé em Portugal, Anna Lenz é a primeira mulher a liderar a multinacional no país. Desde julho, tem em mãos um negócio que, no ano passado, gerou vendas de 625 milhões de euros, e dá trabalho direto a mais de 2.400 pessoas.
A nomeação marca o regresso da gestora ao mercado nacional, depois de ter liderado a Nespresso no país. É um regresso a um sítio onde foi feliz. “Nunca quis sair, basicamente. Trabalhei em 29 países na minha carreira, algumas vezes meses, em outros anos. Portugal era, de facto, o país em que estava mais feliz, a nível pessoal, familiar, mas também profissional. É um país onde os valores e a cultura me agradem muito. Encontrei pessoas super qualificados para trabalhar e com uma ética de trabalho muito, muito elevada, e com um valor que me toca, a lealdade”, diz Anna Lenz à Pessoas, na sua primeira entrevista desde que assumiu a liderança da Nestlé Portugal.
“Na Nestlé a paridade de género é muito equilibrada — temos 51% de mulheres, e nos cargos cimeiros até um pouco mais, 53% — mas, de facto, nunca tinha havido uma mulher número um na Nestlé Portugal. Não tinha dado assim tanto peso, mas quando saiu o anúncio, e escrevi no LinkedIn o primeiro artigo, recebi mensagem super emocionais de mulheres, algumas mais jovens, que disseram que ver que uma mulher conseguiu ir além, com três filhos, lhes dava esperanças para o futuro, tocou-me muito mais do que tinha antecipado”, diz ainda sobre o significado da sua nomeação.
Tem 43 anos, é casada, tem três filhos e está ligada à Nestlé desde 2004. Na sua carreira, ocupou funções em cerca de três dezenas de países.
A Super Bock Group está a recrutar profissionais para integrarem a sua equipa em diversas regiões do país. Procura profissionais para prestar assistência aos pontos de venda dos diferentes espaços parceiros integrados no canal on trade do grupo cervejeiro dono da Carlsberg e da Água das Pedras. Tem “dezenas de vagas” disponíveis.
O grupo procura Técnicos de Assistência Técnica para exercer funções no Minho, Trás-os-Montes, Grande Porto, Beira Litoral e Interior, Estremadura, Grande Lisboa e Algarve, com o processo de recrutamento a cargo da Multipessoal.
O Governo aprovou uma nova tipologia de visto, direcionado para a procura de trabalho, que possibilita a entrada em território português de nacionais de Estados estrangeiros que venham à procura de trabalho pelo período de 120 dias, extensivo a mais 60 dias. Passa também a ser atribuído um visto de estada temporária ou de residência para os nómadas digitais. As medidas fazem parte de um diploma aprovado esta quarta-feira, em Conselho de Ministros, que tem como objetivo a agilização, simplificação e desburocratização da mobilidade de trabalhadores migrantes, bem como dar resposta à escassez de mão-de-obra.
“No sentido da promoção das migrações seguras, ordenadas e do combate à escassez da mão-de-obra, procede-se à criação de uma nova tipologia de visto, concretamente o visto para a procura de trabalho, possibilitando assim a entrada em território português a nacionais de estados estrangeiros que venham à procura de trabalho pelo período de 120 dias, extensivo a mais 60 dias, num total de 180 dias. Elimina-se, definitivamente, aquilo que considerávamos um anacronismo já há muito tempo, que é o regime de quotas para visto de residência para trabalho subordinado”, adianta a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, em conferência de imprensa.
A escassez de talento tem afetado muitos setores e há perfis especializados, que não exigem uma formação ao nível do ensino superior, onde essa falta de profissionais ainda é mais agudizada, levando a um aumento dos níveis salariais. Estivador, modelador têxtil, ferramenteiro e o tubista estão entre os sete profissionais especializados mais bem pagos, segundo o levantamento feito pelo ManpowerGroup para a Pessoas. Um estivador pode receber até 49.000 euros anuais, salário que não difere muito de um big data specialist.
Algumas funções, por serem altamente técnicas e especializadas, enfrentam um enorme desafio ao nível da captação de talento. A formação de novos profissionais não acompanha a necessidade do mercado, levando a “uma escassez de perfis capacitados” e, consequentemente, a um “aumento nos níveis salariais”, antecipa Rui Teixeira, diretor-geral de operações do ManpowerGroup, à Pessoas. Embora sem canudo, há profissões que conseguem elevar o patamar salarial para perto de 50.000 euros por ano. É o caso dos estivadores, que ocupam o primeiro lugar do pódio das funções, sem canudo, mais bem pagas em 2022.
O Governo aprovou uma nova tipologia de visto que possibilita a entrada em território português de nacionais de Estados estrangeiros que venham à procura de trabalho. Passa também a ser atribuído um visto de estada temporária ou de residência para os nómadas digitais. As medidas surgem no “momento certo” para os cidadãos brasileiros e vão provocar uma “avalanche” de emigração brasileira ao país. Vão chegar pessoas de todas as classes sociais e todo o tipo de profissionais, desde os altamente qualificados ao emigrante mais simples, que, antes, não tinha acesso aos vistos, acredita Patrícia Lemos, fundadora e CEO da Vou Mudar Para Portugal, empresa especializada em relocation, venda de imóveis e planeamento de emigração.
“Portugal não tem ideia da quantidade de brasileiros que querem sair do Brasil e vir para Portugal, não tem ideia da quantidade de gente que se vai candidatar ao visto. Vão vir milhares de brasileiros, milhares de famílias. Não tenho a menor dúvida, vai ser uma avalanche”, afirma Patrícia Lemos, que, desde 2017, altura em que se mudou para Portugal, já ajudou mais de 3.500 famílias no processo de emigração para terras lusas.
Há mais uma empresa em Portugal a avançar com a semana de quatro dias de trabalho. Depois de ter adotado uma política de trabalho 100% remoto, a 360imprimir.pt vai iniciar, a partir de 10 de outubro, um piloto em que propõe aos 180 colaboradores uma semana de trabalho mais reduzida, sem corte salarial. A companhia tem 20 vagas em aberto.
Depois de encerrar os escritórios em Lisboa e Braga em setembro, adotando uma política de trabalho full remote, a 360imprimir.pt quer dar mais um passo. “Esta decisão é o resultado de meses de estudo, com um cuidadoso desenho de um modelo que acreditamos salvaguardar os interesses de todas as partes. Acreditamos ainda que a nossa partilha trimestral dos impactos do modelo em todas as variáveis de negócio ajudará gestores e colaboradores a acelerar aquele que acreditamos ser o futuro modelo de trabalho”, afirma Sérgio Vieira, CEO da 360imprimir.pt.
“Tanto o teletrabalho, que já assumimos a 100% no passado mês de setembro, como a semana de quatro dias que estamos a implementar em outubro, trazem benefícios que acreditamos terem um impacto positivo nas pessoas e no negócio, com um aumento na satisfação e bem-estar, sem prejudicar a produtividade e os nossos objetivos”, diz ainda.
Os trabalhadores cujas funções não os permitem trabalhar à distância, como é o caso da maioria das funções do setor da saúde, turismo, construção, comércio, transporte e distribuição, continuam a trabalhar no mesmo modelo: 100% presencial. Representam 75% da força de trabalho da maioria dos países. Problema? Mais de um terço (37%) está em risco de abandonar a sua profissão nos próximos seis meses, revela um recente inquérito divulgado pelo Boston Consulting Group (BCG) a que a Pessoas teve acesso.
“O mundo viu a importância destes trabalhadores durante a pandemia. Permitiram que o resto de nós permanecesse produtivo, enquanto trabalhávamos à distância. Hoje, eles protegem e mantêm seguros os nossos filhos e os nossos idosos; constroem as nossas pontes e conduzem os camiões e comboios que entregam os bens de que necessitamos. Se eles fugirem dos seus empregos, todos nós pagaremos o preço”, alerta a consultora.
Primeiro foi o boom das entregas de comida e mercearia ao domicílio, mas depois do ‘desconfinamento’ mundial, mesmo após rondas de investimento de vários milhões, algumas das startups unicórnio ou decacórnio estão a cortar estrutura ou a colocar em pausa planos de expansão em Portugal. Depois do boom, estaremos a assistir ao bang nas entregas ultra-rápidas? A incerteza económica – a inflação, os custos dos combustíveis, a guerra na Ucrânia – está a causar estragos nos planos de negócio e poderá levar a novos movimentos de concentração. A Glovo e a Uber Eats garantem que o negócio está bem e recomenda-se. A Bairro está a reorganizar.
“Essa incerteza impacta a dinâmica de investimentos de capital de risco e, como tal, as empresas estão a mudar a sua estratégia, focando-se em mitigar risco e em aumentar runway. Em muitos casos isto resulta num abrandamento dos planos de expansão que não tenham previsão de resultados a curto prazo”, aponta Pedro Santos Vieira, managing partner da Shilling.vc.
É a maior comunidade estrangeira residente em Portugal com quase 200 mil e, se com a nova tipologia de visto de trabalho para cidadãos estrangeiros há quem preveja uma “avalanche” de emigração brasileira, os dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) dão conta de um grande aumento na procura pelo apoio ao retorno voluntário. Em 2022, o número de imigrantes brasileiros que recorreram à OIM para regressar ao Brasil quase quadruplicou, passando de 219 para 832, segundo os dados a que a Pessoas teve acesso. Valor mais elevado só mesmo em 2020, ano da eclosão da pandemia. Processo migratório “muito incipiente”, que não vai ao encontro da realidade económica e social de Portugal, na origem dos pedidos de auxílio.
No ano passado, viviam em território nacional 199.810 brasileiros, representando 36,9% de todos os imigrantes, mas junto da OIM é também a comunidade que mais regista pedidos de regresso ao país de origem.
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