Metade dos pagamentos com cartão já é contactless
Banco de Portugal vai passar a pagar aos trabalhadores e fornecedores através de transferências imediatas, revelou Hélder Rosalino na Conferência New Money, promovida pelo ECO.
Quase metade dos pagamentos com cartão em Portugal já é realizado com tecnologia contactless, uma tendência que acelerou com a pandemia e se enraizou no hábito dos portugueses no ano passado, de acordo com os revelados em primeira mão pelo administrador do Banco de Portugal Hélder Rosalino na Conferência New Money, organizada pelo ECO.
Em 2019, a tecnologia contactless – que permite realizar compras sem ter de introduzir o cartão e respetivo código no terminal de pagamentos de determinada loja ou restaurante – representou apenas 10% dos pagamentos com cartões. Em 2022 aumentou para 49%.
“Era uma das áreas em que Portugal estava muito atraso e a pandemia veio acelerar”, justificou Hélder Rosalino no encerramento da 2.ª edição da conferência.
A utilização dos cartões contactless ganhou maior expressão durante a crise pandémica de 2020 e 2021 como forma de contenção dos contactos físicos e a prevenção dos contágios pelo novo coronavírus. O hábito parece estar agora a enraizar-se no perfil de consumo das famílias portuguesas.
Em sentido contrário, o uso de numerário em Portugal está a diminuir, de acordo com um estudo do Banco Central Europeu (BCE). Em 2019, o dinheiro vivo esteve presente de cerca de 81% dos pagamentos. Embora ainda com enorme prevalência no quotidiano dos portugueses, a utilização de moedas e notas físicas nos pagamentos caiu para 64% no ano passado.
“Não faz sentido que as transferências não sejam imediatas”
Na mesma intervenção, Hélder Rosalino fez uma antecipação de algumas das estatísticas sobre a evolução do mercado de pagamentos em Portugal no ano passado, dados já fechados e que o Banco de Portugal apenas irá publicar dentro de algumas semanas.
Por exemplo, as transferências imediatas registaram um salto de 34% (9,6 milhões de operações) em operações e de 54,4% em valor (13,9 mil milhões de euros), com o administrador do Banco de Portugal a salientar, ainda assim, que este elevado crescimento se deveu ao facto de partir de uma “base baixa” e que Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer para massificar este tipo de operações.
Ao contrário das transferências a crédito, que demoram 24 horas a concretizarem-se, as transferências imediatas são praticamente instantâneas de uma conta para a outra – o MBWay também permite transferências imediatas, mas são baseadas em cartão e permite montantes mais reduzidos.
“Já temos capacidade tecnológica e soluções desenvolvidas. Não faz sentido que as transferências não sejam imediatas”, notou Hélder Rosalino, argumentando que há vantagens para fazer a migração das transferências a crédito para as transferências imediatas. “Desde logo para as empresas, que têm vantagens na reconciliação bancária e gestão de tesouraria, por exemplo”, apontou.
De resto, o Banco de Portugal tem no seu plano estratégico para a área dos pagamentos generalizar as transferências imediatas e vai dar o exemplo dentro de casa: os pagamentos dos salários aos trabalhadores e das faturas dos fornecedores irão passar a ser feitos através de transferências imediatas, garantiu o administrador.
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