Economia chinesa vai abrandar com transição para novo modelo económico
O FMI alerta para riscos como o envelhecimento da população, um fenómeno que partilha com grande parte da região, e a tendência protecionista dos EUA. China vai abrandar para os 6,6% em 2017.
O ritmo de crescimento da economia chinesa continua a abrandar e deverá crescer 6,6%, em 2017, à medida que Pequim enceta uma transição para um modelo económico baseado no consumo interno, afirmou esta terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“O crescimento chinês continuará a desacelerar na sua transição para uma economia mais baseada no consumo“, afirma o FMI, no seu último relatório sobre a economia na região Ásia-Pacífico. “No entanto, apesar do abrandamento, a China continuará a liderar o crescimento mundial, representando um terço do total”, acrescenta o FMI.
Segundo o relatório apresentando pela instituição, o Produto Interno Bruto chinês vai crescer 6,6%, em 2018, e 6,2%, em 2019.
Os especialistas do FMI creem que a transição terá “efeitos negativos” a curto prazo para a maioria dos países exportadores, como a Coreia do Sul ou a Malásia, mas que trará benefícios a longo prazo.
O abrandamento dos grandes investimentos e importações chinesas, que compra atualmente 40% dos metais e 10% do petróleo no mundo, afetarão os preços das matérias-primas, segundo o relatório.
O índice de preços ao consumidor cresceu no país asiático 2% em 2016, e em 2017 deverá aumentar 2,4%.
O FMI adverte ainda para alguns riscos para a economia chinesa, como o envelhecimento da população, um fenómeno que partilha com grande parte da região, e a tendência protecionista dos Estados Unidos.
Atenção ao protecionismo
A curto prazo, o FMI advertiu para o risco “substancial” que representa uma eventual mudança em direção ao protecionismo relativamente ao qual a região é particularmente vulnerável por causa do grau de abertura comercial das suas economias e de participação na cadeia de abastecimento a nível global.
“A tensão acrescida e a incerteza no clima do comércio mundial poderia afetar negativamente as exportações da Ásia e Estados Unidos”, nota a instituição.
Também alertou para a incerteza relativamente à política fiscal que os Estados Unidos vão promover e às medidas reguladoras e comerciais que a nova administração norte-americana liderada por Donald Trump pretende impulsionar.
A médio prazo, o FMI assinalou as implicações que o fim do “dividendo demográfico” terá para vários países da Ásia Oriental à medida que a população envelhece. O Fundo frisou que o ritmo de envelhecimento na região é superior ao que experimentaram a Europa e os Estados Unidos, advertindo que várias partes da Ásia correm o risco de “se tornarem velhas antes de se tornarem ricas”.
Para isso, o FMI instou a região a proteger a terceira idade com o fortalecimento dos sistemas de pensões, e a favorecer a incorporação ao mercado laboral de mulheres e imigrantes para atenuar o impacto do envelhecimento.
Segundo a instituição financeira, a Ásia Pacífico — que vai continuar a liderar o crescimento mundial — conserva uma perspetiva económica robusta e irá manter o impulso no seu crescimento com uma previsão de 5,5% em 2017 – acima dos 5,3% do ano passado. Os resultados melhoram a média global, cujo crescimento se calcula em 3,5% em 2017 e em 3,6% em 2018, contra 3,1% do ano passado.
No documento, a instituição destaca a robustez demonstrada nos últimos anos pelos mercados financeiros da Ásia, mas instou os países da região a tomar medidas face a futuros riscos. Outro risco identificado pelo Fundo prende-se com o abrandamento da produtividade de que padecem sobretudo as suas economias mais desenvolvidas desde o estalar da crise financeira global em 2008.
O FMI advertiu que a falta de melhoria da produtividade tem repercussões no progresso do bem-estar e das condições de vida, exortando os países da região a tomar medidas como potenciar a liberalização e integração comercial.
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