Bancos dão mais de 20 milhões de euros por dia para comprar casa

Perto de quatro mil milhões de euros foi quanto os bancos concederam em novo crédito à habitação na primeira metade do ano. Trata-se de um máximo de sete anos.

A concessão de crédito à habitação não para de crescer em Portugal. Nos primeiros seis meses do ano, os bancos disponibilizaram mais de 3,8 mil milhões de euros em empréstimos para a compra de casa, mostram dados do Banco de Portugal. Este número representa um crescimento de 42% face ao verificado no mesmo período do ano passado. Em média, por cada dia que passou os bancos concederam mais de 20 milhões de euros com essa finalidade nesse período.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, o mês de junho marcou mais um máximo no que respeita à concessão de crédito para a compra de casa. Só nesse mês, os bancos a operar em Portugal concederam um total de 754 milhões de euros em novos empréstimos com essa finalidade. Trata-se do valor mensal mais elevado desde dezembro de 2010, e que permite elevar para 3.821 milhões de euros, o total da nova concessão de empréstimos para a compra de casa disponibilizada na primeira metade do ano.

Estes quase quatro mil milhões de euros correspondem a um máximo de sete anos, já que seria necessário recuar até ao período homólogo de 2010 para ver um montante mais elevado: 5.166 milhões de euros. Já em comparação com o mesmo período do ano passado, o novo financiamento para a compra de casa registou um crescimento de perto de 42%. Apesar do crescimento da nova concessão de crédito à habitação, o saldo total do financiamento com este fim continua a cair.

O aumento da concessão de crédito à habitação reflete um conjunto de expectativas económicas, mas também relacionadas com o sistema financeiro. Por um lado, a economia e o emprego estão a crescer, conduzindo à melhoria das perspetivas económicas das famílias e, em consequência, à sua maior predisposição para assumir um compromisso financeiro da dimensão de um crédito à habitação.

Crédito para compra de casa sobe

Fonte: Banco de Portugal

Esta maior predisposição é suportada também pela melhoria das condições de acesso ao crédito. Não só os indexantes usados na determinação das taxas de juro do crédito à habitação estão em mínimos históricos, como os bancos também estão “ávidos” por libertar liquidez no mercado, o que se percebe pela “guerra de spreads“. É raro o mês em que não há pelo menos uma instituição financeira a rever em baixa a margem mínima que cobra para conceder crédito à habitação.

A maior disponibilidade dos bancos para conceder também se verifica nas restantes finalidades de crédito às famílias. Nos primeiros seis meses deste ano, os bancos disponibilizaram um total de 1.990 milhões de euros em empréstimos ao consumo. Trata-se da fasquia mais elevada desde o mesmo período de 2008, ainda antes da crise financeira. Ainda assim o ritmo de crescimento é menos acelerado do que no caso do crédito à habitação.

Para a finalidade de consumo, o crédito concedido aos particulares cresceu apenas 8,7%. Já o crédito às famílias com outros fins ascendeu a 992 milhões de euros na primeira metade deste ano, 3,6% acima do verificado no mesmo período do ano passado.

Tudo somado, nos primeiros seis meses do ano, os bancos concederam um total de 6.803 milhões de euros em crédito às famílias, o montante mais elevado desde o mesmo período de 2011.

Crédito à economia sobe, mas não à conta das empresas

Contrariamente ao que se observa na concessão de crédito às famílias, no que respeita às empresas o sentido tem sido o oposto. Nos primeiros seis meses do ano, os novos empréstimos disponibilizados pelos bancos a esse segmento totalizaram 14.043 milhões de euros. Este valor corresponde a uma quebra de 6,5% face à concessão verificada no mesmo período do ano passado, e é o mais baixo do histórico do Banco de Portugal que remonta ao início de 2003. Essa quebra é transversal tanto às pequenas e médias empresas, como às de maior dimensão.

As famílias continuam assim a ser o suporte da recuperação dos níveis de concessão de crédito em Portugal, que na primeira metade deste ano subiram pela primeira vez nos últimos três anos. No total, a libertação de crédito na economia nos primeiros seis meses do ano ascendeu a 22.677 milhões de euros. Ou seja, um máximo também de 2014.

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