Fitch: Só Portugal e mais dois países não viram rating subir desde a crise
Portugal integra lista de três países que ainda não registou qualquer melhoria no rating pela Fitch desde a crise. Recuperação do rating é mais lenta em países com elevada dívida e malparado.
Portugal é um dos três países europeus que ainda não viu melhorada a sua notação de dívida pela Fitch desde o início crise financeira de 2007, revelando maior desconfiança da agência de rating em relação à qualidade do perfil de crédito português do que em relação a outro soberano do Velho Continente.
Juntamente com a Portugal, apenas Itália e San Marino continuam sem registar qualquer melhoria no rating da dívida desde que rebentou a crise há uma década, segundo um relatório publicado esta terça-feira pela Fitch. Espanha, Chipre e até Grécia, economias que também foram arrastadas pela turbulência dos mercados, já observaram subidas no rating desde que a Fitch atirou as respetivas notações para patamares mínimos.
O primeiro downgrade a Portugal pela agência americana aconteceu a 24 de março de 2010, refletindo os primeiros sinais de stress em relação ao país — em abril de 2011 anunciou um pedido de ajuda internacional. Na altura, baixou o rating de AA (que se mantinha desde 1998) para A+. No espaço de um ano e oitos meses, seguiram-se mais baixas (oito níveis) até que em novembro de 2011 atingiu o mínimo em “BB+”, já dentro da categoria de “lixo”.
Entretanto, a Fitch chegou até a melhorar o outlook para positivo em abril de 2014, indicando que poderia rever em alta o rating nacional. Mas voltou atrás para um outlook estável em março de 2016 devido a algumas reticências levantadas pela solução de Governo em Portugal que resultou das eleições de 2015, com a chamada Gerigonça. Mais recentemente, com a última avaliação datada de 16 de junho deste ano, a agência recolocou a dívida portuguesa com perspetivas de evolução positiva, abrindo novamente caminho para retirar Portugal da classificação de “investimento especulativo” — algo que pode acontecer já a 15 de dezembro, data prevista da próxima avaliação.
"As recuperações de rating são mais lentas sobretudo nos países onde a crise deixou uma herança com elevada dívida pública e externa, elevado montante de malparado no sistema financeiro e ausência de políticas duradouras”
Sem se referir ao caso específico de Portugal, a Fitch salienta que as “recuperações de rating são mais lentas sobretudo nos países onde a crise deixou uma herança com elevada dívida pública e externa, elevado montante de malparado no sistema financeiro e ausência de políticas duradouras”.
Depois de a Fitch ter melhorado as perspetivas de Portugal, a Moody’s também melhorou o outlook de estável para positivo no início de setembro. E em meados do mês passado foi a Standard & Poor’s a anunciar uma decisão inédita ao retirar Portugal de “lixo” sem ter antes atribuído uma perspetiva positiva ao rating nacional.
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