Portugal foi e continua a ser uma aposta ganha
Evento promovido pela SRS Advogados e AICEP em Londres levou investidores estrangeiros a partilharem experiências com potenciais interessados em Portugal
Portugal foi uma boa aposta para investir quando era um destino menos popular ou durante a crise financeira, e pode ter um grande potencial no futuro. Foi esta a mensagem que diretores de três multinacionais com negócios em Portugal transmitiram a uma audiência de empreendedores e representantes de instituições financeiras no Reino Unido.
Convidados pela SRS Advogados para falar sob o tema “Brexit: Why not Portugal?” (Porque não Portugal?) – num debate que se realizou terça-feira à noite na capital inglesa – e para partilhar a sua experiência no país com potenciais investidores, os testemunhos foram positivos.
“Olhando para trás, tivemos sorte em vir para Portugal porque em 2013-14 país estava numa grande mudança. Fomos mais corajosos do que outros concorrentes para analisar e tomar uma decisão informada. Desde então, temos vindo a crescer com economia”, observou o diretor geral do grupo Fosun em Portugal, Lingjiang Xu.
A aquisição da seguradora Fidelidade, seguida pela compra do grupo Espírito Santo Saúde, a participação na REN e, mais recentemente, a entrada no BCP como acionista maioritário demonstrou que a Fosun é “um investidor estratégico, com visão a longo prazo, ao contrário de investidores financeiros”.
Nas autoridades portuguesas, encontraram simpatia e boa recetividade, mas o responsável chinês não esconde que “a perspetiva é usar o país como base para exportar para outros mercados”.
As palavras foram de encontro à apresentação feita por Pedro Rebelo de Sousa, fundador da SRS, que fez questão de falar do acesso não só ao mercado europeu de 500 milhões de consumidores, mas também ao espaço lusófono, que compreende 260 milhões de habitantes.
“Portugal é uma plataforma. Claro que podem ir diretamente, mas para alguns países faz sentido passar por Portugal porque o sistema financeiro e a estrutura seguradora em países como Angola ainda é conduzida por Portugal, em termos de tecnologia, recursos humanos e financiamento”, exemplificou.
O advogado lembrou que a China investiu 100 mil milhões de euros nos últimos 5 anos em vários países, dos quais 10 mil milhões em Portugal, mas que há fluxos de outros países a chegarem a Portugal.
“Todos os dias vemos investidores chegarem, pessoas que mudaram escritórios de família de Miami ou do Luxemburgo”, revelou.
O país está atualmente na mira dos fundos de investimento, gestores e grandes investidores individuais e, perante a instabilidade política internacional nos EUA, Espanha ou Alemanha, Rebelo de Sousa considera ser ainda mais pertinente colocar a questão “Porque não Portugal?” para além do contexto do Brexit.
Para Guy Mercier, Diretor de Estratégia e Serviços Multifuncionais do grupo Solvay, a escolha foi feita muito ainda antes da crise do euro, do Brexit ou da chegada de Donald Trump à Casa Branca.
Em 2005, foi o responsável pela instalação em Carnaxide do centro europeu de serviços partilhados nas áreas de Finança, Compras e Recursos Humanos do grupo belga de produtos químicos.
Na altura, visitou Dublin, Praga e muitas outras cidades mais populares para este tipo de operações, incluindo em países mais remotos na Ásia e Europa de Leste, mas acabou por eleger como finalistas Barcelona, Milão e Praga, além de Lisboa.
Aplicou os critérios de atratividade e competitividade, a capital portuguesa era aquela que oferecia o melhor equilíbrio: qualidade de recursos humanos, mas a baixo custo.
Pessoalmente, confessou, num testemunho gravado em vídeo, precisava também de uma localização com qualidade de vida, onde a esposa fosse feliz, o que serviria também para outros executivos.
Passados 10 anos, está convencido de que foi a opção certa, até porque vê muitas multinacionais a deslocalizarem serviços de volta para países europeus ou para os EUA.
“Foi uma boa oportunidade, mas não foi a mais óbvia”, admitiu.
Também Tarun Sharma, partner da sociedade de investimentos Cabot Square Capital, encontrou em Portugal um destino de investimento improvável, mas gratificante.
Até então centrada em negócios no Reino Unido, em 2014 adquiriu a BPN Crédito e transformou-a na 321 Crédito, empresa com 9,3% de quota do mercado de financiamento para a compra de automóveis.
Desde então, o contacto com reguladores e autoridades tem sido rápido e fácil, o que torna o país atrativo para operar para os homens de negócios.
Uma coisa é certa, acrescentou Sharma: “Há cinco anos que faço a viagem entre Londres e Lisboa e o número de ‘fatos escuros’ aumentou no voo das seis da manhã”.
William Smithson, partner da SRS, confirmou que “nos últimos anos, o Investimento Estrangeiro Direto explodiu” e que a sociedade está a trabalhar em três grandes contratos com multinacionais nos setores financeiros e da energia.
EUA e Israel têm sido alguns dos grandes investidores dos anos mais recentes, sobretudo em tecnologia, mas a Grande Ásia, que inclui Austrália e Índia, poderão ser os próximos clientes.
O escritório que a sociedade de advogados abriu em Singapura pretende ser uma plataforma para todos os países da região e dar visibilidade a Portugal.
A jogada já está a resultar, afirmou, com investimentos a chegar para os setores da hotelaria e produção de vinho e interesse de investidores que tinham um interesse inicial no Reino Unido.
“O Brexit está a ter algum impacto e Portugal está a ‘voar’, mesmo sem fazer publicidade”, garante.
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