Banca deu 17 mil milhões às PME em dez anos com garantias do Estado. Quem emprestou mais?
Entre 2008 e 2017, as PME nacionais já receberam 17,3 mil milhões de euros em financiamento através das várias linhas de crédito com garantia de Estado. Que bancos foram mais amigos das PME?
As pequenas e médias empresas (PME) têm diversas linhas às quais podem recorrer para financiar a sua atividade: seja investimento, fundo de maneio ou até mesmo capitalização. De acordo com os dados a que o ECO teve acesso, Santander e BPI foram os bancos que lideraram na concessão de crédito com garantia do Estado às PME, em 2017.
Ao nível das linhas de crédito, criadas a 15 de julho de 2008, na sua primeira versão com verbas do então quadro comunitário de apoio, o QREN, e que já tiveram 14 edições, as empresas nacionais já obtiveram mais de 17 mil milhões de euros de crédito. O banco que, no cômputo geral, mais crédito cedeu às pequenas e médias empresas foi o Santander Totta com a concessão de 3,89 mil milhões de euros em operações contratadas no âmbito destas linhas de financiamento. Este valor corresponde a 22,5% do montante global concedido, como frisou a própria instituição numa nota enviada às redações. “O Santander Totta é o banco que concedeu mais crédito no âmbito das linhas de financiamento para PME, com uma quota de mercado de 22,5%. Através das Linhas PME Investe, Crescimento e Capitalizar, foram concedidos 3.892 milhões de euros em operações contratadas até final de 2017″, refere o mesmo comunicado. Em causa estão 14 linhas de crédito.
O ECO foi tentar saber em que posição estavam os outros bancos, já que nas campanhas das várias instituições, todos garantem ser os bancos das PME. O BPI surge assim em segundo lugar, com 18% da quota de mercado das operações contratadas, logo seguido pela CGD com 17,6%. Na quarta posição, a 2,4 pontos percentuais, está o Novo Banco.
Recorde-se que este desempenho do Santander resulta do facto de integrar agora o Banco Popular. Porque o nível de concessão de crédito às PME por parte do Santander isolado, até ao final do ano passado, é inferior ao do BPI (3,11 mil milhões de euros) e ao da Caixa Geral de Depósitos (3,04 mil milhões), situando-se nos 2,99 mil milhões de euros. São os 894 milhões de euros que o Popular emprestou às PME que catapultam o Santander para primeiro lugar.
Se a análise for alargada a janeiro de 2018, a tendência mantém-se, ou seja, o Santander volta a ser o banco que tem uma fatia maior de operações contratadas no âmbito das linhas de crédito bonificadas. Em causa estão 3,93 mil milhões de euros, de um total de 17,43 mil milhões que foram contratados a 31 de janeiro.
Os bancos, por vezes, optam por divulgar estes dados do ponto de vista das operações enquadradas, ou seja, projetos que já receberam luz verde para obter financiamento, mas o contrato ainda não foi assinado. A 31 de janeiro deste ano já estavam comprometidos 17,91 mil milhões de euros de euros.
Os valores mudam substancialmente quando se olha apenas para uma das 14 linhas operacionalizada pela PME Investimentos — a linha Capitalizar. Nesta linha, o lugar de topo das operações contratadas até 31 de dezembro de 2017 passa a ser ocupado pela Caixa Geral de Depósitos, com 27,7% da quota de mercado, ou seja, 303,99 milhões de euros concedidos às PME através desta linha, que se divide em cinco gavetas para diferentes fins, desde o fundo de maneio (700 milhões) e o fundo de tesouraria (100 milhões), passando por investimentos em projetos financiados pelo Portugal 2020 (300 milhões) ou uma linha dedicada especificamente para micro e pequenas empresas (400 milhões).
Em segundo surge o Banco Santander Totta com 26,1% da quota de mercado (286,43 milhões de euros de crédito concedido) e a vários milhões de euros de distância — mais exatamente 153,64 milhões — o BCP.
Esta linha, que no final de 2017 tinha 68,5% da sua dotação aprovada, deverá ser substituída por uma nova, segundo revelou no Parlamento o ministro da Economia, com a mesma dotação, mas um prazo de maturidade mais longo que passa de seis para 12 anos. Por outro lado, tal como o ECO avançou, haverá uma alteração na política de spreads. As empresas que têm um nível de risco mais elevado (B ou C, as menos arriscadas têm classificação A) vão ter o spread agravado. Em contrapartida, está previsto que as PME ligadas à área digital tenham uma descida nos custos da utilização desta nova linha.
Ao longo de 2017, esteve ainda ativa uma outra linha de crédito: a PME Crescimento 2015, uma linha protocolada a 1 de abril de 2015, com uma dotação de 1.650 milhões de euros, mas que foi encerrada a 3 de fevereiro de 2017. Também aqui foi o banco Santander Totta que assegurou o maior volume de operações: 25,8% da quota de mercado, seguido pelo BPI que teve uma quota de 17,6% das operações realizadas e pela Caixa com 16,9%.
Esta linha, que financiava investimento e fundo de maneiro para PME, tinha também uma gaveta para micro e pequenas empresas, outra para empresas de elevado crescimento e ainda um montante reservado para crédito comercial a exportadoras. Nas várias componentes, os prazos de amortização variavam entre dez anos e 12 meses e o período de carência entre seis e 60 meses. As taxas de juro praticadas são negociadas entre as empresas e os vários bancos, com um limite máximo da taxa Euribor a seis meses acrescida de um spread que oscila entre 2,7% (para uma PME líder) e 4,3% para as PME com um nível de risco mais elevado. Finalmente, ao nível da garantia mútua, o limite máximo oscila entre 50% e 70%.
Notícia atualizada com a desagregação dos valores do Santander.
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