Bolsas gostam de Hillary. E de Trump?

  • Marta Santos Silva
  • 6 Novembro 2016

Um novo estudo científico prevê como os mercados poderão reagir a uma vitória de Trump nas presidenciais dos EUA. E a resposta é inequívoca: "muito mal".

Wall Street quer Hillary Clinton na Casa Branca. Esta afirmação não se deve às revelações pela Wikileaks dos discursos que a candidata foi paga para fazer à Goldman Sachs nem aos milhões de dólares que recebeu de pessoas com laços estreitos à banca e à bolsa norte-americanas, mas sim a um estudo científico que o demonstrou.

Dois investigadores das universidades de Michigan e de Dartmouth, Justin Wolfers e Eric Zitzewitz, respetivamente, preveem no seu estudo What do financial markets think of the 2016 election? que a vitória de Donald Trump pode fazer cair o índice S&P 500 em 10%.

“Os movimentos dos ativos financeiros sugerem que os participantes no mercado esperam uma economia mais forte sob uma presidente Clinton e um risco maior sob um presidente Trump”, lê-se no estudo, citado pelo suplemento Money da revista Time.

Um dos autores do artigo académico, o investigador Justin Wolfers, saltou para o Twitter para explicar os pontos essenciais que, para ele, comprovam que os investidores na bolsa são mais otimistas sobre os planos económicos de Hillary Clinton e mais receosos relativamente aos do seu rival republicano. Em primeiro lugar, diz, basta olhar para o comportamento dos contratos de futuros do S&P 500 (a roxo) durante o debate em que o falhanço de Trump fez subir a probabilidade de uma vitória de Clinton (a azul).

“A questão é que os mercados acreditam que esta eleição vai ter ramificações enormes na economia global. Não é só para nós, é para o mundo”, acrescentou o autor do estudo, que demonstrou uma subida nas moedas de vários países, como o México e o Canadá, e nos índices de bolsas por todo o mundo, incluindo Hong Kong, Singapura, Japão, Austrália e Reino Unido.

Comparando a reação dos mercados ao debate entre Clinton e Trump com o que aconteceu, por exemplo, no primeiro debate entre Romney e Obama, Wolfers e Eric Zitzewitz concluíram que, embora a margem de vitória de Romney fosse muito maior, os mercados reagiram muito menos. “E reparem na diferença: os mercados normalmente sobem quando se pensa que um republicano vai ganhar. Mas não com Trump. Ele é a exceção”, conclui Wolfers.

O plano económico apresentado por Donald Trump ao longo da campanha tem sido vago e demonstra grandes riscos. Ambos se opõem a acordos de comércio livre como o TPP (uma parceria ainda a ser negociada com os países da orla do Pacífico) e o TTIP (um acordo que também ainda está em cima da mesa com a União Europeia), mas Clinton tem ideias mais concretas acerca de como vai pagar o aumento da despesa que pretende fazer, enquanto Trump pretende cortar impostos para os mais ricos sem indicar onde vai encontrar fontes alternativas de receita.

Editado por Paulo Moutinho

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