Maria Luís Albuquerque quer união bancária completa “sem que seja precisa nova crise”
A antiga ministra das Finanças assinalou que os governantes nacionais não devem justificar os seus erros e decisões com a União Europeia, e quer que a união bancária se consolide antes de outra crise.
Maria Luís Albuquerque apelou esta terça-feira em Bruxelas a uma consolidação rápida e eficiente da união bancária da União Europeia e da Zona Euro, sem que “seja precisa uma nova crise, para que sob a pressão da crise consigamos avançar e completar esse pilar da união bancária” que é a criação de um fundo comum de garantia de depósitos.
Na semana parlamentar europeia, que decorre nestes dias, a antiga ministra portuguesa esteve presente no seu papel enquanto membro da comissão parlamentar portuguesa para os Assuntos Europeus, e falou principalmente sobre o processo de transformação do mecanismo de estabilidade europeu num fundo monetário europeu, que tem sido muito falado nas instituições.
Enquanto oradora na conferência desta manhã, Maria Luís Albuquerque lamentou que ainda não exista “um calendário ou compromisso fixo para um fundo comum de garantia de depósitos”, que lhe parece fundamental para avançar com a união bancária de tal maneira a que a responsabilidade e o risco sejam partilhados pelos países, e não suportados pelos contribuintes de cada país.
“Assistimos com demasiada frequência a governantes em países europeus que se desculpam com decisões da União perante os seus próprios cidadãos”, argumentou ainda a ex-ministra, apelando a uma maior partilha da responsabilidade e escrutínio democrático das decisões tomadas a diferentes níveis. “A disponibilidade dos dirigentes europeus para se deslocarem aos parlamentos nacionais é importante, mas a principal ligação entre os parlamentos nacionais e as instituições europeias são os nossos governantes”, continuou.
Na sua intervenção principal, a antiga ministra sublinhou junto dos eurodeputados que a crise de dívidas soberanas expôs fragilidades no euro que já existiam desde o princípio da moeda única, mas que a Europa foi capaz de responder à crise de maneira a resolver, até, alguns dos problemas que existiam. “Aqueles que sempre criticam a Europa por não ter capacidade de ação tiveram nos últimos anos a prova de que somos capazes de fazer muito, apesar das dificuldades de conciliação de perspetivas” que sempre surgem “da enorme diversidade que é a União Europeia”, acrescentou. No entanto, “há ainda muito por fazer”.
Maria Luís Albuquerque apelou a que a transformação do mecanismo de apoio em situações de crise, o mecanismo de estabilidade europeu, seja transformado numa instituição robusta e democraticamente escrutinável. Para a ex-ministra, uma componente essencial é sempre o fundo único de resolução, de forma a partilhar o risco entre os Estados-membros e impedir que os custos sejam “suportados pelos contribuintes nacionais”.
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