Costa e Rajoy relançam ligações ferroviárias Portugal-Espanha
Os dois primeiros-ministros assistiram ao lançamento do concurso para a ligação ferroviária entre Évora e a fronteira, que deverá começar a ser construída até março de 2019.
Os primeiros-ministros de Portugal e Espanha assistiram esta segunda-feira, em Elvas, ao lançamento do concurso para a ligação ferroviária entre Évora e a fronteira, de quase 100 quilómetros, a maior obra ferroviária em 100 anos.
A cerimónia de lançamento, cerca das 12h15, decorreu no Museu de Arte Contemporânea de Elvas e juntou, além de António Costa e Mariano Rajoy, a comissária europeia dos Transportes, Violeta Bulk, e o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques. “Um dia histórico”, afirmou Pedro Marques, pelo que a obra representa nas ligações ferroviárias e económicas entre os dois países.
A obra de construção da nova linha entre Évora e Elvas deverá iniciar-se até março de 2019 e a conclusão está programada para o primeiro trimestre de 2022, num custo de 509 milhões de euros, quase metade provenientes de fundos europeus. Antes da cerimónia no museu, o chefe do governo português e a comissária foram à antiga estação de comboios de Elvas, onde descerraram uma placa para assinalar o início da empreitada de modernização do troço Elvas-Caia, na fronteira com Espanha.
De acordo com os dados do executivo comunitário, a modernização do troço Évora-Caia, com um custo estimado de 388 milhões de euros, recebe uma comparticipação da União Europeia de 56% (184 milhões de euros). O Plano Ferrovia 2020, que promove as ligações com Espanha e a modernização dos principais eixos ferroviários, engloba, no total, um investimento superior a dois mil milhões de euros, dando especial destaque ao transporte de mercadorias e ao transporte público de passageiros.
Obra ferroviária Évora-Elvas reforça investimento público
O primeiro-ministro, António Costa, salientou hoje que o investimento na futura ligação ferroviária Évora-Elvas é “simbólico do momento que se vive na economia portuguesa” e significa um reforço do investimento público. António Costa fez esta “nota interna” no seu discurso no qual lembrou que Portugal virou a página da crise ao registar o maior crescimento económico dos últimos 10 anos, em 2017, e o défice mais baixo em 43 anos de democracia.
As obras na ferrovia, permitindo a ligação do porto de Sines e Lisboa à fronteira espanhola, são importantes para a Europa e para a Península ibérica, mas também para Portugal. “É também simbólico do novo momento que vive a economia portuguesa. Vivemos anos de dura crise, conseguimos virar essa página”, afirmou o chefe do Governo, estimando num “aumento de 40%” do investimento público em 2018.
António Costa afirmou que “chegou a hora de, em primeiro lugar, apostar também no investimento público e, sem segundo lugar, com o investimento público, ajudar a sustentar este crescimento económico que tem estado assente, sobretudo, no investimento privado e nas exportações”.
Para este ano, e depois de um aumento que disse ter sido de 20% no investimento público em 2017, António Costa espera que este ano o aumento de 40% se reflita positivamente, nos “investimentos em saúde, educação e infraestruturas”, para “aumentar a produtividade” da economia “mas também a capacidade de exportar cada vez mais”.
Num discurso em se referiu a vários “simbolismos”, entre eles o do projeto europeu de solidariedade, que a obra pode representar, António Costa aludiu também ao facto de Elvas, cidade a dez quilómetros da fronteira espanhola. Elvas foi um símbolo “de separação entre Portugal e Espanha” e, com este projeto, passa a unir o que separou no passado, o que é também uma marca da União Europeia, “unir o que a história separou”, disse.
O chefe do Governo português destacou as vantagens que esta linha ferroviária trará para Portugal, com ligações mais rápidas 03:30, com custos 30% mais baixos para quem for operar nos portos de Sines, Setúbal e Lisboa, encurtando distâncias em 140 quilómetros.
“Esta obra vai reforçar a nossa competitividade”, disse, sublinhando que esta investimento abre a “porta à Europa” do “porto de águas profundas” de Sines, distrito de Setúbal.
Esta ferrovia da linha atlântica, entre Évora e a fronteira de Caia (Elvas), que, ao todo custará, nos próximos anos, mais de 500 milhões de euros, permitirá ligar os dois países por comboio, tendo em vista, especialmente, as mercadorias, o que explica a presença em Elvas do chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy.
Notícia atualizada às 15:30 com as declarações de António Costa.
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