Fundador de grupo chinês que queria o Novo Banco julgado por fraude
Gestor compareceu em tribunal por acusações de fraude e uso de posição em benefício próprio. Vaga de aquisições em todo o mundo levantou dúvidas sobre origem do dinheiro e despoletou investigação.
O fundador do grupo chinês Anbang, que em 2015 foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, compareceu, esta quarta-feira, em tribunal, por acusações de fraude e uso da sua posição em beneficio próprio.
Wu Xiaohui foi detido em 2017 e, em fevereiro passado, os reguladores chineses assumiram as operações do Anbang Insurance Group, depois de uma vaga de aquisições por todo o mundo ter suscitado dúvidas sobre a origem do dinheiro e a sustentabilidade do grupo.
Wu é acusado de ter angariado de forma fraudulenta fundos no valor de 65 mil milhões de yuan (cerca de 8 mil milhões de euros) e de abusar do seu cargo em benefício próprio, segundo um comunicado difundido pelo Tribunal Popular Intermédio Nr.1 de Xangai.
A maioria dos julgamentos na China decorre num único dia, mesmo para casos complexos envolvendo crimes económicos. Os veredictos são normalmente emitidos num espaço de dias ou semanas.
Em agosto de 2015, o grupo Anbang não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo.
Wu, cuja empresa se tornou mundialmente famosa, em 2014, ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1.950 milhões de dólares, é um dos multimilionários mais conhecidos da China. A sua mulher é neta de Deng Xiaoping, o “arquitecto-chefe das reformas económicas” que abriram o país asiático à economia de mercado.
A indústria dos seguros na China foi nos últimos dois anos abalada por vários casos de fraude. Em setembro passado, o anterior diretor da Comissão Reguladora de Seguros da China foi julgado por receber subornos, enquanto executivos do setor foram punidos por corrupção e má gestão.
O comunicado do tribunal detalha ainda que Wu é acusado de infringir os limites de capital estipulados pelos reguladores, ao captar 724 mil milhões de yuan (quase 93 mil milhões de euros) a partir de 10,6 milhões de investidores.
Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e ativos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o seu ‘site’ oficial.
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