Administrador dissidente recupera pelouros na Associação Mutualista
Tomás Correia não gostou das posições públicas de Ribeiro Mendes, que defendeu um "virar de página" no Montepio, e retirou-lhe os pelouros há duas semanas. Mas administrador já os recuperou.
Durou pouco mais de duas semanas a “sanção” aplicada a Fernando Ribeiro Mendes, o administrador da Associação Mutualista Montepio Geral a quem foram retirados todos os pelouros no final de março, depois de ter defendido um “virar de página” na instituição através de um artigo de opinião publicado no Público, que Tomás Correia considerou tratar-se de uma “quebra de confiança” em relação aos interesses da associação.
Ao que o ECO apurou, o conselho de administração da Associação Mutualista já devolveu os pelouros a Ribeiro Mendes, isto após conversações na cúpula da associação e que se desenvolveram num ambiente de grande tensão e pressão. O ECO tentou contactar o administrador mas não obteve resposta em tempo útil.
Estes pelouros haviam sido retirados a Ribeiro Mendes na última semana de março, com a justificação de uma “quebra de confiança resultante de posições públicas assumidas por este administrador relativamente a projetos da Associação Mutualista, sem que os mesmos tenham sido alvo de discussão interna e sem a devida reserva”, segundo disseram fontes ao Jornal Económico.
Estas posições públicas dizem respeito sobretudo ao artigo de opinião publicado na edição do Público de 24 de março, com o título “Montepio: Virar de página inadiável”, e no qual Ribeiro Mendes defendeu que “verdadeiramente decisivas para o virar de página que julgo inadiável serão as mudanças no governo e na gestão do Montepio que a revisão em curso do código das mutualidades desejavelmente ajudará a concretizar”.
Nesse texto, o administrador disse ainda que “a idoneidade dos gestores das poupanças de tantos associados tem de passar a ser validada através do registo prévio junto da Autoridade de Supervisão e Seguros e Fundos de Pensões que, infelizmente, alguns querem ver adiado”.
"Verdadeiramente decisivas para o virar de página que julgo inadiável serão as mudanças no governo e na gestão do Montepio que a revisão em curso do código das mutualidades desejavelmente ajudará a concretizar.”
Estas palavras criaram enorme desconforto no seio da administração da mutualista, nomeadamente a Tomás Correia, que decidiu retirar ao antigo secretário de Estado da Segurança Social e da Indústria, Comércio e Serviços de governos do PS os pelouros de meios, serviços partilhados, compras, estudos mutualistas e secretariado-geral. Já antes Ribeiro Mendes dava sinais de algum desalinhamento na associação: o administrador absteve-se numa votação para decidir o aumento de capital na Caixa Económica Montepio no valor de 250 milhões de euros, conforme avançou o ECO em primeira mão.
Atualmente, o conselho de administração da Associação Mutualista Montepio tem Tomás Correia como presidente e conta ainda Carlos Beato, Ribeiro Mendes, Virgílio Lima e Miguel Teixeira Coelho como vogais.
Com eleições agendadas para o final do ano, está a ser preparada uma lista única alternativa para concorrer contra Tomás Correia, numa plataforma que pretende agregar várias visões e consensos num projeto para o futuro da Associação Mutualista. Entre as personalidades que estão neste movimento contam-se nomes que concorreram nas anteriores em listas diferentes: António Godinho (ex-trabalhador do Montepio) e António Bagão Félix (ex-ministro CDS-PP), que concorreram na lista “Renovar Montepio”; Eugénio Rosa (economista ligado ao PCP), que concorreu através do “Defender o mutualismo”; Manuel Rogério (representante dos trabalhadores), que concorreu ao conselho geral.
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