Rita Roque de Pinho: “Chegar a sócia é gratificante, mas não é um ponto de chegada. É antes um ponto de continuidade”
A advogada do mês de maio é Rita Roque de Pinho, sócia da pbbr, especializada na área do Direito da Saúde. À Advocatus conta como gere o seu tempo e dia a dia e quais as suas metas futuras.
A advogada do mês de maio é Rita Roque de Pinho, a mais recente sócia da pbbr. Entre o ritmo acelerado do escritório, a coordenar a equipa da área da Saúde, e o ser-se mãe de três filhos, o tempo que sobra é escasso e precioso. Quer seja para ler um livro ou um artigo científico na área da bioética, ou para pôr a série Segurança Nacional em dia. O que é mesmo indispensável é ter previsibilidade para organizar o seu dia, que, garante a advogada, é sempre cheio.
Rita Roque de Pinho odeia que lhe façam perder tempo. “Não quero com isto dizer que eu tenha mau feitio ou que descarregue o meu azedume nos outros, não!”, garante a advogada, entre risos, que com uma agenda apertada tem de se manter organizada e metódica. Tarefa essa que exige uma gestão ao pormenor, “desde a coisa mais básica de ir comprar t-shirts para os miúdos por causa da festa de Natal, ao trabalho jurídico e cumprimento de prazos, à coordenação de equipas… Temos de cumprir tudo. E quando há alguma situação em que desnecessariamente me comprometa essas metas é algo que me desagrada”, conta.
A nova sócia da pbbr.a chegou à sociedade em setembro de 2016, depois de cerca de duas décadas na Cuatrecasas. A experiência tem sido positiva, assegura. “Saí de uma sociedade grande, onde já tinha o meu estatuto, e decidi abraçar aqui um desafio diferente, que foi entrar numa sociedade mais pequena mas que está em franco crescimento. Esta evolução a que eu tenho assistido desde que entrei tem sido para mim um desafio interessante e uma experiência profissional muito rica”, revela a advogada, que ascendeu a sócia em março passado e que, à data da entrevista, ainda não tinha conseguido atualizar o seu LinkedIn. “Uma falha gravíssima!”, deixa escapar, divertida.
O direito da saúde, a bioética e a diversidade de clientes
Para quem veio de humanidades e cursar Direito foi um “caminho natural”, Rita Roque de Pinho vê hoje a sua área de prática tocar numa vertente mais científica, dedicando-se ao direito da saúde, em especial ao biomédico, “que passa muito pela bioética”. Embora lide ainda com direito farmacêutico, a área dos dispositivos médicos e a proteção de dados pessoais no que toca a dados genéticos, mas também com direito comercial e societário e fusões e aquisições.
Os players na área da saúde são diversos: vão desde pequenas empresas de biotecnologia e startups a grandes multinacionais com uma presença muito madura no mercado.
Foi este pragmatismo de que é dotada que a levou a coordenar a equipa da área da saúde, que, segundo a advogada, presta assessoria a um “largo espetro de atividades”. Desde celebrar contratos a resolver problemas com medicamentos perante as entidades reguladoras, o direito da saúde responde a um público específico, mas que no fundo joga em todas as matérias que requeiram intervenção jurídica. Com clientes como farmacêuticas, multinacionais, empresas de dispositivos médicos, prestadores de cuidados de saúde e mesmo startups, a saúde chega a todo lado e quer-se cada vez mais especializada.
“Os players nesta área apresentam uma grande diversidade: vão desde pequenas empresas de biotecnologia e startups a grandes multinacionais com uma presença muito madura no mercado”, explica a sócia, para quem a diversidade de clientela é um fator atrativo, embora bioética seja a sua área prioritária de atuação. “É a área de que gosto mais e aquela para a qual eu tenho mais apetência para trabalhar. Tem uma componente humana muito forte e consigo interagir com clientes que são físicos, biólogos ou químicos”, conta. “É engraçado porque a bioética está presente na regulação na área da saúde, em todas as vertentes da regulamentação, desde a entrada de medicamentos ou produtos no mercado e a sua comercialização até à publicidade e à avaliação de medicamentos e questões relacionadas com acesso e equidade”.
A advocacia, independentemente de se ser homem ou mulher, é uma atividade que apresenta enormes desafios em que naturalmente é difícil atingir posições de topo.
Sócia: Um marco importante com desafios acrescidos
Sobre o chegar a sócia, a advogada considera-o um marco importante, mas garante que há sempre mais desafios à sua espera. “Mal seria se não houvesse. Eu acho que ser sócia é gratificante mas não é um ponto de chegada, é antes um ponto de continuidade. E, por isso, o que é que é importante agora para mim? Evoluir na minha profissão e conquistar mais mercado, mais clientes”, revela.
E será que chegar ao topo é mais difícil sendo-se mulher? “A advocacia, independentemente de se ser homem ou mulher, é uma atividade que apresenta enormes desafios: pela pequena dimensão do mercado, a sua competitividade e pelo talento que existe, torna-se numa profissão em que naturalmente é difícil atingir posições de topo”, esclarece, não deixando de apontar para o facto de que, quanto à igualdade de género, se tem verificado uma evolução em termos de mentalidades. “Eu sinto que, progressivamente, isso está a acontecer e é determinante, pois penso que não é com quotas nem com medidas do género que vamos lá, o que é importante acontecer é uma mudança de mentalidades. E isso começa na educação dos nossos filhos, na vida em casa, atinge todos os níveis — desde a vida nas sociedades, à organização nas sociedades e à organização em sociedade globalmente”, reforça.
No pouco tempo livre que arranja para si, a sócia dedica-o a momentos de lazer como passeios ou a ver séries como a “Segurança Nacional” ou “O Mecanismo”, ou um filme sempre que pode, mas do que sente mesmo falta é de uma tarde em que possa ficar em casa a ler um livro. “Isso é quase um luxo para mim. Ter um dia em que não tenha solicitações de ninguém e possa ficar calmamente uma tarde inteira a ler um livro. Era uma coisa que eu gostava de fazer mais frequentemente”, desabafa a advogada, cujos interesses literários passam por artigos científicos na área da saúde e romances históricos.
Relativamente a metas profissionais a longo prazo, a advogada diz apenas que o caminho é continuar a crescer e a evoluir no trabalho que já conquistou. “Eu estou a sentir que esse crescimento está a acontecer aqui na pbbr”, remata.
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