Emmanuel Macron alerta para “grande clivagem” nas próximas eleições europeias
Em visita oficial a Portugal, o Presidente da República francês disse que os próximos cinco anos vão ser definitivos para o rumo do projeto europeu. Populismo, migrações e defesa são os desafios.
Emmanuel Macron alertou esta sexta-feira para a “grande clivagem” que as próximas eleições Europeias vão evidenciar. “É um debate entre extremos: os nacionalistas, que estão pela fractura europeia, e os inovadores, que estão dispostos a correr riscos, que querem reformar a Europa para responder aos desafios”, considerou o Presidente francês, num discurso na Fundação Calouste Gulbenkian, traduzido e transmitido pela RTP 3.
“Os meses que nos esperam são absolutamente essenciais. Estamos a preparar uma eleição europeia decisiva em maio. Decisiva porque irá estruturar o Parlamento Europeu, mas também as principais instituições europeias se irão reconstituir após estas eleições”, disse o Chefe de Estado francês, que avisou também que os próximos cinco anos serão decisivos na reestruturação do projeto europeu.
A União Europeia caminha para eleições numa altura em que a frente populista na Europa tem ganhado força em vários países. O fenómeno não foi ignorado por Emmanuel Macron, que está de visita oficial a Portugal: “Deixem os nacionalismos e os extremismos voltarem à moda, esquecendo que fazer isso é um erro político e moral grave”, atirou o Presidente francês, naquilo que considerou um “momento inédito” no continente.
Perante o primeiro-ministro português, António Costa, Emmanuel Macron apelou a uma Europa “mais unida, mais convergente e mais solidária em termos económicos”. “Para isso temos de ter uma política de responsabilidade, em que todos os países contribuam”, indicou.
Além do populismo, os dois líderes concordaram que é preciso uma resposta europeia ao problema das migrações, em detrimento de uma resposta individual de cada país. “Perante os riscos das migrações, temos de ter uma abordagem europeia comum”, disse Emmanuel Macron, apelando a uma “política comum para proteger as fronteiras europeias”, mas também “uma política comum em termos de solidariedade”.
"Deixem os nacionalismos e os extremismos voltarem à moda, esquecendo que fazer isso é um erro político e moral grave.”
António Costa: “Não podemos prometer demais e cumprir de menos”
Num discurso perante o Presidente francês, António Costa, indicou que a Europa não pode prometer mais do que pode cumprir. “A Europa não pode querer ter mais defesa, mais segurança interna, mais inovação e ter menos recursos para a União Europeia. Como costumam dizer os liberais, não podemos prometer demais e cumprir de menos. Temos de pôr no Orçamento da Europa aquilo que a Europa necessita”, alertou o líder do Governo.
“Não há moeda única sem termos um orçamento comum. É absolutamente vital e essencial para assegurar aquilo que é o verdadeiro estabilizador da zona euro: convergência económica e social. As uniões monetárias não reduzem as assimetrias. Acentuam as assimetrias. Mas temos de reduzir as assimetrias. Em Portugal, temos de investir em educação”, referiu também António Costa, num discurso transmitido pela RTP 3.
O líder português também concordou que a Europa tem de encarar o populismo, o “desafio das alterações climáticas” e o “grande desafio das migrações. “A Europa no seu conjunto pode fazer mais do que cada um dos Estados isoladamente”, indicou António Costa. Por isso, considerou que a Europa deve “acolher e dar uma oportunidade de vida aos que procuram na Europa proteção contra a guerra, a fome”. “De forma solidária, podemos responder melhor aos refugiados que procuram proteção”, concluiu.
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