Banco de Portugal está mais pessimista e corta previsões. Economia cresce 2,1% este ano e 1,8% no próximo
Instituição liderada por Carlos Costa revê em baixa as previsões de crescimento para a economia portuguesa. Investimento empresarial recupera para níveis pré-crise.
O Banco de Portugal (BdP) reviu em baixa a previsão de crescimento da economia portuguesa para 2018, em duas décimas, para 2,1%. O banco central tornou-se na instituição mais pessimista na projeção para este ano, em resultado de uma previsão pior para as exportações. O impacto das greves na Autoeuropa e nas refinarias da Galp ainda não está aqui incluído.
O novo quadro previsional consta do Boletim Económico de dezembro, divulgado esta terça-feira pela instituição liderada por Carlos Costa.
As projeções atualizadas do Banco de Portugal apontam para um crescimento económico de 2,1% este ano, depois de 2,8% em 2017. Para 2019, o banco também revê uma nova desaceleração. A nova previsão de crescimento do PIB aponta para 1,8%, menos uma décima do que o banco central esperava em junho. A nova previsão coloca o Banco de Portugal alinhado com a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Nos dois anos, Carlos Costa afasta-se assim das contas de Mário Centeno, que em outubro se comprometeu com um crescimento económico de 2,3% em 2018 e 2,2% em 2019.
Este crescimento “ligeiramente inferior do PIB em 2018 e 2019” face às previsões de junho e outubro do banco resulta essencialmente de “uma revisão em baixa do crescimento das exportações, que reflete a revisão das hipóteses relativas à evolução da procura externa e a incorporação da informação mais recente”, até à data de 21 de novembro.
Apesar de não existir uma medida que consiga antecipar o impacto de uma greve, a data até à qual foi usada informação revela que o possível impacto das greves neste final de ano não está ainda incorporado nos cálculos do banco.
Foi só na sexta-feira passada que o Governo chegou a acordo com os estivadores, permitindo que apenas este fim de semana, a Autoeuropa começasse a escoar os carros parados em Setúbal. A paralisação dos trabalhadores eventuais tinha começado a 5 de novembro (a greve às horas extraordinárias já se arrastava desde agosto), mas os seus impactos só ficaram mais evidentes agora.
Esta segunda-feira foi a vez dos trabalhadores da Galp iniciarem uma greve de uma semana, reduzindo a quantidade de refinarias a trabalhar em Sines e Matosinhos, revelaram líderes sindicais citados pela Reuters.
Apesar da revisão das previsões, o perfil de crescimento da economia mantém-se com a procura interna a afirmar-se como o principal motor da economia, com a taxa de desemprego a continuar a baixar. “Em 2019-21, o progressivo abrandamento do emprego deverá ser em larga medida compensado por uma aceleração das remunerações por trabalhador, resultando numa desaceleração muito ligeira da massa salarial”, diz o Banco de Portugal no boletim. O banco acredita que as projeções de inflação se manterão relativamente inalteradas face às anteriores, “traduzindo um quadro de algumas pressões inflacionistas internas originadas pelos custos salariais”. Porém, o banco não se revela preocupado com esta pressão.
Já a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) é revista em alta para 2019, de uma projeção de crescimento de 5,5% para 5,9%. No boletim, o banco destaca a evolução da FBCF empresarial ao longo da crise. “Durante o período de recuperação iniciado em 2013, observou-se uma recuperação da FBCF empresarial mais significativa do que as restantes componentes do investimento e um aumento do peso das exportações, com destaque para o aumento da relevância do turismo”. O perfil projetado para o investimento empresarial, “ao contrário dos restantes setores institucionais, deverá ultrapassar no final do horizonte de projeção o nível registado no início da crise financeira de 2008”.
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