António Costa usou a mesma plataforma dos enfermeiros para campanha eleitoral em Lisboa

Em 2013, António Costa era candidato à Câmara de Lisboa e recorreu "a uma forma rápida e transparente de recolha de fundos". A PPL, a mesma que é usada agora pelos enfermeiros.

António Costa foi candidato à câmara de Lisboa em 2013 e quis inovar na participação dos jovens na vida da cidade. Para isso, produziu um vídeo, e qual foi o modelo de financiamento seguido? “O crowdfunding, financiamento colaborativo ou coletivo, é uma forma rápida e transparente de angariação de apoios (financiamento e divulgação) através de uma comunidade que partilha os mesmos interesses em torno de um projeto. A candidatura de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa opta por inovar, lançando a primeira campanha de crowdfunding de uma candidatura de âmbito político em Portugal, recorrendo à plataforma de referência em Portugal, PPL”, lê-se na campanha criada para essa operação.

O crowdfunding está, neste momento, no centro das atenções por causa das greves cirúrgicas dos enfermeiros que já recolheram mais de 780 mil euros em duas campanhas. E, segundo o Expresso deste sábado, a ASAE está mesmo a investigar a origem dos donativos, que são feitos a partir da plataforma colaborativa PPL. E o próprio Presidente da República, no primeiro “Circulatura do Quadrado”, na TVI24, questionou este modelo de financiamento da greve, por ser externo aos sindicatos que a estão a promover.

Em 2013, no entanto, António Costa usou esta mesma plataforma. Para quê? “Os montantes angariados nesta campanha de crowdfunding servirão para suportar os custos do vídeo, as horas de filmagem, os materiais e a edição, os custos da sessão pública de apresentação do vídeo e as recompensas simbólicas a quem participa”. Os números são públicos. A campanha “Juntos por Lisboa” angariou 3.588 euros, superando os 3.500 euros fixados nos objetivos. E foram 87 os apoiantes financeiros.

O candidato à câmara – era então presidente do município e apresentava-se a um novo mandato – salientava a necessidade de cumprir as regras de financiamento partidário. “Os montantes dos apoios a este projeto são depositados em contas bancárias exclusivamente destinadas a esse efeito e nas quais só são efetuados depósitos que tenham esta origem” e logo a seguir, acrescenta: “Este processo de apoio cumpre o disposto na Lei de Financiamento dos Partidos (Lei n.º 19/2003, de 20 de Junho). No âmbito desta os apoios encontram-se sujeitos a algumas condicionantes, como:

  • Os donativos não podem ser feitos por pessoas coletivas (empresas, associações, fundações, etc.);
  • Os donativos devem ser feitos através de meios que permitam identificar a respetiva proveniência, nomeadamente transferência bancária.

No vídeo, de pouco mais de um minuto, António Costa enfatiza a inovação. Depois de apelar à participação nas eleições, particularmente os jovens, salienta a “iniciativa inovadora, uma campanha de crowdfunding para financiar um vídeo dirigido a estimular a participação dos jovens na próximo ato eleitoral”.

A PPL, fundada por três estudantes da LisbonMBA em 2013, tem uma particular atenção à transparência das operações, e por isso o utilizador, seja para criar uma campanha, seja para apoiar um projeto, tem uma lista das chamadas Perguntas Frequentes, que pode consultar aqui.

Como se pode ler no próprio site da PPL, a participação nestas campanhas de fundos são sempre feitas através do sistema financeiro, seja por via multibanco, MBWay, transferência bancária, cartão de crédito ou PayPal. Ou seja, mesmo quando os participantes não são conhecidos do ponto de vista público, a própria plataforma PPL tem acesso à sua identificação.

A PPL já gerou apoios que estão próximos dos quatro milhões de euros, a partir de mais de 111 mil apoiantes.

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