Dez novos pactos com dez clusters vão acelerar as exportações. E querem aumentar a competitividade

Do têxtil à aeronáutica, da ferrovia mar, são dez clusters que firmam pactos para promover crescimento das empresas e exportar mais. Setores asseguram mais de 576 mil empregos em Portugal.

Melhorar o nível de cooperação entre as empresas, sobretudo PME, reduzir custos, promover o seu crescimento e as exportações são alguns dos objetivos da formação de Pactos Setoriais para a Competitividade e Internacionalização. Esta quarta-feira o Executivo assina mais dez, replicando o modelo seguido em março. Em causa estão setores que asseguram mais de 576,5 mil empregos e são responsáveis por cerca de 55% das exportações nacionais.

AED Cluster, Plataforma Ferroviária Portuguesa; Cluster de Competitividade da Petroquímica, Química Industrial e Refinação; Cluster do Calçado e da Moda; Cluster do Mar Português; Cluster Portugal Mineral Resources; Cluster Habitat Sustentável; Smart Cities Portugal Cluster; Cluster Têxtil: Tecnologia e Moda e TICE.PT são os dez setores cujos pactos serão assinados esta quarta-feira na Universidade de Aveiro. Estes clusters — à semelhança dos seis escolhidos no início do ano — fazem parte de um conjunto mais vasto de 20 reconhecidos pelo IAPMEI, em 2017, no âmbito do Programa Interface, que disponibiliza apoios comunitários através dos vários programas operacionais.

“O objetivo dos acordos entre o Ministério da Economia e as empresas é incentivar o desenvolvimento de uma economia circular e uma eficaz transição energética e ecológica e, ainda, a melhoria da envolvente regulamentar e legal das empresas“, explica o Ministério da Economia, em comunicado. Mas, estes pactos também “materializam um conjunto de novas iniciativas nos domínios da digitalização das indústrias (i4.0), da capacitação de recursos humanos, na consolidação dos fatores de atratividade externa do país, na internacionalização e na promoção da I&D”.

Num momento em que o défice da balança comercial de bens tem vindo a agravar-se e que têm vindo a multiplicar-se as tensões comerciais e os sinais de um arrefecimento da economia mundial, o Executivo deita mão a receitas desenhadas a nível europeu para dar às “entidades responsáveis dados imprescindíveis à elaboração e implementação de políticas efetivas que beneficiem o crescimento das empresas”.

Nos primeiros sete meses, as importações cresceram três vezes mais do que as exportações. Entre janeiro e junho, Portugal comprou bens num valor superior em 8,6% face ao mesmo período do ano anterior, enquanto as vendas subiram 2,7%. A política de clusters pode ajudar as empresas a substituir compras ao exterior por fornecedores nacionais.

Estes dez clusters agregam um conjunto de 1.028 associados, dos quais 830 são empresas, sendo que destas 531 são PME, avançou ao ECO o Ministério da Economia. E, no seu conjunto, exportam mais de 31,7 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 55% das exportações nacionais.

O Cluster da Petroquímica, Química Industrial e Refinação é o mais importante dos dez em termos de exportações. Em causa estão oito mil milhões de euros de vendas para 181 países, que representam 14% do total das exportações nacionais. Além disso, a indústria química, petroquímica e refinação é responsável por 52 mil empregos diretos e indiretos, regista um volume de negócios anual de 12 mil milhões de euros e um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 1,8 mil milhões de euros.

Mas em termos de emprego, a liderança vai para o Cluster do Têxtil que dá emprego a 138 mil pessoas em Portugal, ou seja, 20% do total da indústria transformadora. A indústria têxtil e do vestuário gera um volume de negócios de 7,6 mil milhões de euros, dos quais 5,3 mil milhões são destinados à exportação, o que corresponde a 10% do total de exportações nacionais. E, apresenta ainda, um VAB superior a 2,3 mil milhões de euros que corresponde a 11% do VAB total da indústria transformadora.

Já em termos de volume de negócios, o destaque principal vai para o Cluster das TICE.PT, ou seja, o Pólo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica com 16,6 mil milhões de euros. O setor é responsável por mais de 108 mil postos de trabalho e exporta 4,8 mil milhões de euros.

Ministro diz que empresas precisam de estabilidade nas políticas públicas

O ministro-adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, disse no evento que as empresas precisam de estabilidade das políticas públicas para continuar a melhorar estruturalmente a economia.

“Os agentes económicos precisam de previsibilidade naquilo que são as políticas públicas. Quando se estão a fazer estratégias de cooperação entre as empresas, instituições de ensino superior e instituições públicas para melhorar a formação profissional e a investigação e desenvolvimento, é importante que o Estado seja previsível, porque sem isso não é possível continuar a melhorar estruturalmente a nossa economia”, afirmou citado pela Lusa.

Segundo o ministro, a “economia está hoje mais robusta e mais competitiva internacionalmente e os clusters são um bom exemplo disso”, mas a conjuntura internacional “é algo que tem altos e baixos”. “O importante é assegurar que as empresas portuguesas estão mais bem preparadas para poder aproveitar os momentos altos do ciclo económico e resistirem melhor aos momentos menos bons do ciclo económico”, declarou.

O importante é assegurar que as empresas portuguesas estão mais bem preparadas para poder aproveitar os momentos altos do ciclo económico e resistirem melhor aos momentos menos bons do ciclo económico.

Pedro Siza Vieira

Ministro da Economia

“O que viemos aqui fazer foi também assumir compromissos de mais médio prazo entre o Estado e estes setores, para os ajudar a concretizar os objetivos estratégicos que definiram, em termos de emprego, valor acrescentado, e exportações”, explicou.

Mas veja o peso que cada cluster ter na economia nacional:

AED Cluster Portugal, Aeronáutica, Espaço e Defesa

O setor da aeronáutica, espaço e defesa representado pelo AED Cluster é responsável por 18.500 empregos diretos nestes setores, 1,7 mil milhões de euros de volume de negócio, correspondendo a cerca de 1,4% do PIB nacional, em que aproximadamente 87% dizem respeito a exportações.

Emprego: 18.500 postos de trabalho

Volume de negócios: 1,7 mil milhões de euros

Exportações: 1,48 mil milhões de euros

Cluster do Calçado e Moda

O setor do calçado e moda, em particular o seu núcleo industrial fundamental – fabricação de calçado, componentes para calçado e artigos de pele — é responsável por cerca de 51 mil postos de trabalho, 2,7 mil milhões de euros de volume de negócios, dos quais 2,1 mil milhões destinados à exportação e 831 milhões de euros de VAB, que corresponde a 3,8% do total da indústria transformadora.

Emprego: 51.000 postos de trabalho

Volume de Negócios: 2,7 mil milhões de euros

Exportações: 2,1 mil milhões

Cluster Habitat Sustentável

As empresas relacionadas com as atividades conexas com a cadeia de valor do Habitat (materiais de construção, construção e imobiliário) têm mantido cerca de dez mil empregados, um volume de negócios a rondar os dois mil milhões de euros e um volume de exportações de 1.500 milhões de euros para mais de 98 países, sendo de destacar, sobretudo, a taxa de cobertura positiva das importações pelas exportações de cerca de 180%.

Emprego: 10.000 postos de trabalho

Volume de Negócios: 2 000 milhões de euros

Exportações: 1.500 milhões de euros

Cluster do Mar Português

A economia do mar assume uma importância central na economia nacional, sendo que as atividades maduras – fileira do pescado, portos e transportes marítimos, indústrias navais e turismo são responsáveis por 113 mil postos de trabalho e 8,64 mil milhões de euros de volume de negócios, dos quais 2,19 mil milhões de euros destinados à exportação.

Emprego: 113.000 postos de trabalho

Volume de Negócios: 8,64 mil milhões de euros

Exportações: 2,19 mil milhões de euros

Cluster da Petroquímica, Química Industrial e Refinação

A indústria química, petroquímica e refinação é responsável por 52 mil empregos diretos e indiretos, 12 mil milhões de euros de volume de negócios anual, 1,8 mil milhões de euros de Valor Acrescentado Bruto (VAB) e 14% do total das exportações nacionais, no montante de cerca de oito mil milhões de euros.

Emprego: 52.000 postos de trabalho

Volume de Negócios: 12 mil milhões de euros

Exportações: cerca de 8 mil milhões, para 181 países

Cluster da Plataforma Ferroviária Portuguesa

O setor da ferrovia portuguesa é responsável por cerca de 64 mil postos de trabalho e 8,7 mil milhões de euros de volume de negócios, representando a atividade internacional das empresas do setor, em particular no que toca à produção de veículos e material para vias férreas, e respetivos componentes, bem como de aparelhos mecânicos (incluindo os eletromecânicos) de sinalização, um volume de exportações superior a 5,4 mil milhões de euros, na sua maioria com destino a países extracomunitários (cerca de 4,2 mil milhões de euros).

Emprego: 64.000 postos de trabalho

Volume de Negócios: 8,7 mil milhões de euros

Exportações: 5,4 mil milhões de euros

Cluster dos Recursos Minerais de Portugal

O setor dos recursos minerais é responsável por cerca de 20 mil postos de trabalho nas fileiras dos recursos não metálicos e metálicos, e 1,15 mil milhões de euros de volume de negócios na fileira dos recursos não metálicos, sendo de salientar perto de 900 milhões de euros, destinados à exportação, maioritariamente correspondentes a minérios de cobre e zinco e a rochas ornamentais, de acordo com dados de 2017.

Emprego: 20.000 postos de trabalho nas fileiras dos recursos não metálicos e metálicos

Volume de Negócios: 1,15 mil milhões de euros de volume de negócios na fileira dos recursos não metálicos

Exportações: 900 milhões de euros destinados à exportação

Cluster Smart Cities Portugal

As entidades associadas setor das smart cities são responsáveis por mais de dois mil postos de trabalho, 113,9 milhões de euros de volume de negócios, dos quais 22,9 milhões destinaram-se a exportações, o que corresponde a 20% do total das vendas das empresas associadas do cluster.

Emprego: mais de 2 000 postos de trabalho

Volume de Negócios: 113,9 milhões de euros

Exportações: 22,9 milhões de euros

Cluster Têxtil, Tecnologia e Moda

A industria têxtil e do vestuário é responsável por cerca de 138 mil postos de trabalho (20% do total da industria transformadora), 7,6 mil milhões de euros de volume de negócios, dos quais 5,3 mil milhões destinados à exportação, que corresponde a 10% do total de exportações nacionais e, apresenta ainda, um VAB superior a 2,3 mil milhões de euros que corresponde a 11% do VAB total da indústria transformadora.

Emprego: 138.000 postos de trabalho

Volume de Negócios: 7,6 mil milhões de euros

Exportações: 5,3 mil milhões de euros

Cluster TICE.PT

O Pólo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica – TICE.PT foi constituído em 2008, com sede em Aveiro e é responsável por mais de 108 mil postos de trabalho, 16,6 mil milhões de euros de volume de negócios e 4,8 mil milhões de euros em exportações.

Emprego: 108.000 postos de trabalho

Volume de Negócios: 16,6 mil milhões de euros

Exportações: 4,8 mil milhões de euros

(Artigo atualizado às 14h45 com as declarações do ministro da Economia e uma fotogaleria com os clusters)

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