S&P prepara-se para elevar rating do BCP. Sobe outlook para “positivo”

A agência de notação financeira reviu em alta a perspetiva para o rating do banco liderado por Miguel Maya. Passou-a para "positiva", abrindo a porta à subida da classificação a breve prazo.

A Standard & Poor’s está mais otimista para o BCP. Decidiu elevar a perspetiva para o rating do banco, de “estável” para “positiva”, deixando em aberto a possibilidade de, em breve, vir a melhorar a classificação atribuída à dívida da instituição financeira liderada por Miguel Maya que continua a ser de “lixo”.

O banco é classificado com um rating de “BB” junto da agência de notação norte-americana. A revisão em alta num nível poderá ser positiva para o BCP, mas não evitará que se mantenha abaixo do patamar de investimento, já que ficaria em “BB+”. Precisa de uma revisão em dois níveis para passar para o “BBB-“.

“A ação de rating reflete a nossa convicção de que o BCP está gradualmente a melhorar a rentabilidade interna, enquanto avança com a limpeza do balanço e preserva as melhorias na capitalização“, explica a S&P.

A agência de notação financeira prevê que, apesar da desaceleração económica na Europa e o ambiente prolongado de taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), os lucros do BCP continuem a crescer apoiados no declínio das perdas com crédito malparado. “Simultaneamente, esperamos que o BCP continue a defender a posição sólida no sistema bancário português concentrado, onde detém uma quota de mercado de 17,5% nos empréstimos e depósitos”, refere.

O BCP voltou aos lucros, depois da crise, em 2017 graças a diminuições nos custos, bem como diversificação das receitas e maior eficiência que a média dos pares. Na primeira metade de 2019, os lucros atingiram os 170 milhões de euros (mais 12% que no período homólogo), mas Miguel Maya já ter admitido que este ano está a ser “mais difícil que o esperado”.

Da mesma forma, a S&P antecipa “uma ligeira deterioração das métricas” devido a custos operacionais mais elevados e pressão sobre as receitas operacionais. “Dito isso, estes números comparam favoravelmente com os dos pares”, sublinha. A agência espera que a exposição a ativos non performing — cujo rácio se situava em 9,1% em junho — caia até 6% em 2020.

Impacto da Polónia em aberto pode penalizar rating

As nossas expetativas para o BCP não incluem o potencial impacto de possíveis perdas do BCP com empréstimos denominados em moeda estrangeira na Polónia“, sublinha, no entanto, a S&P. Em causa está o entendimento do Tribunal de Justiça Europeu, de que os contratos de empréstimos feitos na Polónia e indexados a uma moeda estrangeira, cláusulas abusivas, relacionadas com variações cambiais, podem motivar a anulação dos contratos.

A decisão emergiu após um pedido de nulidade feito por cidadãos polacos aos tribunais na Polónia e que chegou ao Tribunal de Justiça Europeu, relativo a um crédito para compra de habitação em francos suíços contraído em 2008. Quando o franco suíço valorizou face à moeda local, o zloty, o valor em dívida aumentou.

Em resultado disso, os devedores polacos, com créditos em francos suíços, podem recorrer aos tribunais para os mudarem para zlotys, com perdas para os bancos. Em termos de impacto para o banco polaco, o CEO do Bank Millennium não considera ser necessária a constituição de provisões. “Pessoalmente, não vejo razão para mudar a abordagem das provisões para empréstimos em francos suíços”, disse João Brás Jorge.

Também a agência de notação financeira não antecipa grandes impactos, mas é um dos fatores que irá pesar em avaliações futuras. “O outlook positivo do BCP indica que poderemos subir o rating de longo prazo nos próximos 12 a 18 meses”, explica a agência. Para o upgrade, a Standard & Poor’s vai querer ver um reforço dos lucros sem aumento do apetite por risco, manutenção da eficiência, diversificação de receitas e continuação da redução do malparado.

Em sentido contrário, “poderemos rever o outlook de volta para estável se o BCP provar ser incapaz de melhorar a rentabilidade interna, se os riscos de litígio na Polónia acabarem por ser piores que o esperado e as perdas relacionadas acabarem por atingir significativamente a posição consolidada de capital ou se o banco adotar uma postura de crescimento demasiado agressiva que comprometa o perfil financeiro”, acrescentou a agência.

(Notícia atualizada às 16h15)

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