Governo chinês proíbe compras públicas de computadores e software estrangeiros
A medida faz parte de uma campanha mais ampla para reduzir a dependência da China de fornecedores estrangeiros no setor tecnológico.
O Governo chinês ordenou que todos os escritórios governamentais e instituições públicas removam computadores e software estrangeiros, ao longo dos próximos três anos, depois da decisão de Washington de banir aquisição de equipamentos da Huawei.
A diretiva estipula que os compradores em diferentes setores do Estado chinês ou que dependam de subsídios públicos passem a recorrer a fornecedores de tecnologia domésticos, num golpe para as norte-americanas HP, Dell ou Microsoft.
A medida faz parte de uma campanha mais ampla para reduzir a dependência da China de fornecedores estrangeiros no setor tecnológico, numa altura em que uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos tem alimentado preocupações de uma “dissociação” nas cadeias de fornecimento entre os dois países.
Segundo o jornal Financial Times, a ordem terá vindo do Gabinete Central do Partido Comunista Chinês.
No mês passado, o regulador de comunicações dos Estados Unidos excluiu o grupo chinês Huawei de um programa federal de subsídios, alegando que a empresa representa uma ameaça à segurança nacional dos EUA.
Washington, que acusa a Huawei de cooperar com o Governo chinês e os seus serviços de inteligência e de representar um risco para a segurança nacional dos EUA, tem ainda pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes móveis de quinta geração (5G).
As autoridades norte-americanas restringiram ainda os negócios com várias empresas chinesas que desenvolvem sistemas de reconhecimento facial e outras tecnologias de inteligência artificial que acusam de estar associadas à repressão contra grupos minoritários muçulmanos na China.
Analistas da corretora estatal chinesa China Securities estimam que entre 20 a 30 milhões de peças serão trocadas como resultado da diretiva chinesa, com a substituição em larga escala a arrancar no próximo ano.
As substituições vão ocorrer a um ritmo de 30%, no próximo ano, 50% em 2021 e 20% no ano seguinte.
No entanto, analistas consideram difícil substituir o software por alternativas domésticas, já que a maioria dos fornecedores desenvolve produtos para sistemas operacionais norte-americanos, como o Windows da Microsoft e o macOS da Apple.
Embora a Microsoft tenha produzido uma “Edição do Governo Chinês” do Windows 10, em 2017, através da sua joint venture chinesa, a diretriz emitida por Pequim estipula que os clientes do governo devem mudar para sistemas operacionais inteiramente chineses.
Os sistemas operacionais caseiros da China, como o Kylin OS, têm um ecossistema muito menor de programadores que produzem software compatível.
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