Imobiliário comercial próximo dos 3.000 milhões. Estrangeiros lideraram o mercado
2019 foi um ano "excelente" para o imobiliário, com os estrangeiros a dominarem o mercado nacional. Ainda assim, o capital português subiu 135% em termos de volume.
As estimativas já apontavam neste sentido e tudo indica que 2019 vai encerrar com 3.000 milhões de euros transacionados no imobiliário comercial. De acordo com a Cushman & Wakefield (C&W), a liderar este investimento estiveram os estrangeiros (78%), mas o investimento nacional mais do que duplicou neste ano. Contudo, a consultora continua a apelar para a falta de oferta de qualidade, principalmente de espaços de escritórios.
Para Eric Van Leuven, diretor-geral da C&W Portugal, apesar de a procura ter sido “limitada” devido à “escassez de oferta de produto de qualidade“, 2019 foi um ano “excelente” para o imobiliário nacional. Este desempenho permitiu, inclusivamente à C&W Portugal, destacar-se como a melhor entre todas as C&W. Os 3.000 milhões estão estimados, faltando ainda apurar os últimos negócios sendo que, por enquanto, o valor final está nos 2.750 milhões de euros.
Foram os investidores internacionais que mais contribuíram para todo este investimento (78%), num total de 1.450 milhões de euros, sendo que a maioria veio da Alemanha (32%), Estados Unidos (14%) e Espanha (14%). Ainda assim, o investimento nacional disparou 135% para um total de 602 milhões de euros, mostram os dados da consultora, apresentados esta quinta-feira aos jornalistas.
Maior operação do ano foi no setor hoteleiro
Nas transações, a maior fatia correspondeu a portefólios de grande dimensão (“pacotes” de dois ou mais ativos), num total de 17 negócios, principalmente no mercado de escritórios, que captou 990 milhões de euros. Aqui, entre as maiores transações destacam-se a compra da torre FPM41 pelo fundo alemão Deka e o portefólio Art’s Business Center e a Torre Fernão Magalhães à Merlin Properties.
Por sua vez, o segmento dos centros comerciais mostrou ser o mais ativo, com destaque para a compra do AlgarveShopping e do Albufeira Retail Park pela Frey por 178 milhões de euros, assim como a venda do RioSul Shopping, 8.ª Avenida e LoureShopping à Harbert por 170 milhões de euros.
Já o setor hoteleiro captou 19% do montante investido em imobiliário comercial, num total de 520 milhões de euros. A maior transação do ano foi neste setor e corresponde à venda do portefólio Tivoli pela Minor à Invesco por 313 milhões de euros.
Destaque ainda para segmentos menos tradicionais, como as residências de estudantes, que atraíram capital estrangeiro, como é o caso da Xior, que adquiriu oito residências de estudantes por 160 milhões de euros.
2020 vai manter-se “dinâmico”, mas é preciso “estabilidade legislativa”
Para 2020, Eric Van Leuven assinala que “as perspetivas mantêm-se otimistas, apesar de alguma instabilidade internacional e um menor potencial de crescimento da economia mundial”. “No entanto, a expectável manutenção do baixo nível das taxas de juro e a “popularidade” de Portugal como destino de investimento farão prever aplicações de altos níveis de liquidez nos vários segmentos do mercado”, disse, acompanhado por Andreia Almeida, diretora de research da consultora.
A atividade de investimento vai manter-se “dinâmica”, sublinhou, apesar da “escassez da oferta”. Atualmente, já estão previstos 2.000 milhões de euros em transações para este ano, revelaram os responsáveis, que destacaram que, nos próximos anos, o Porto vai ter mais oferta disponível do que Lisboa, e que a Avenida dos Aliados será a próxima Avenida da Liberdade. “É uma questão de tempo”.
Além disso, Eric Van Leuven faz questão de apelar ao Governo para uma maior “estabilidade legislativa”, algo que os responsáveis das maiores consultoras imobiliárias do país já tinham adiantado ao ECO. “Para que o mercado continue assim positivo, há necessidade de uma estabilidade legislativa”, para que os investidores “olhem para Portugal como um país estável”, disse, acrescentado que as leis são constantemente mudadas.
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