12 mortos em Berlim, mais disparos em Ancara
O terror regressou à Europa: registou-se a morte de um embaixador russo na Turquia a tiro, o atropelamento por um camião em Berlim e um tiroteio na Suiça. Houve ainda conflito na embaixada dos EUA.
Pelo menos 12 pessoas morreram no atropelamento num mercado em Berlim e 48 ficaram feridas, segundo um novo balanço da polícia alemã, esta madrugada. A estas 12 pessoas soma-se a morte do embaixador russo na Turquia a tiro e três feridos num tiroteio na Suíça. Esta terça-feira de manhã houve mais desenvolvimentos em Ancara: um homem foi detido após ter efetuado cerca de oito disparos com uma ‘shortgun’ junto à embaixada dos Estados Unidos da América na Turquia.
Os disparos foram para o ar e, segundo uma fonte diplomática norte-americana citada pela Euronews, não há registo de vítimas e o suspeito está sob custódia da polícia. Os serviços da embaixada e do consulado foram encerrados por motivos de segurança. O incidente ocorreu às 3h50 locais de madrugada, ou seja, 50 minutos depois da meia-noite em Lisboa.
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Berlim
Esta terça-feira de manhã, a chanceler alemã reagiu ao ataque de ontem. Angela Merkel fez uma declaração curta na conferência de imprensa, mas deixou um aviso: “Ainda não temos certezas, mas temos de assumir que se tratou de um ataque terrorista“. Merkel referiu ainda que será particularmente repugnante se o atacante for um refugiado, ou seja, alguém que recebeu proteção da Alemanha. O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, referiu-se ao ataque como um “atentado”.
De acordo com informação das forças de segurança, na página oficial na rede social Twitter, 48 pessoas, algumas das quais com ferimentos muito graves, foram transportadas para hospitais. O incidente ocorreu às 20:15 locais (19:15 em Lisboa) na praça Breitscheidplatz, quando um veículo pesado saiu da estrada e entrou na zona pedonal do mercado de Natal. As autoridades alemãs já revelaram que o ataque foi intencional.
"Ainda não temos certezas, mas temos de assumir que se tratou de um ataque terrorista.”
O condutor do camião que atropelou, na segunda-feira, dezenas de pessoas num mercado de Natal em Berlim, e que provocou 12 mortos, entrou na Alemanha como refugiado, sendo provavelmente de origem paquistanesa, refere o jornal Die Welt. O jornal, que cita fontes da investigação, escreve que o suspeito entrou na Alemanha como requerente de asilo, em fevereiro deste ano.
O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, recusou confirmar se o atropelamento, que também provocou 48 feridos, seja um atentado, mas reconheceu que “muito aponta naquela direção”. Em declarações à televisão pública alemã, o ministro pediu para que se deixasse as forças de segurança trabalhar.
O condutor já foi entretanto detido pelas autoridades, próximo do local do incidente. A polícia de Berlim disse que o camião, com matrícula polaca e carregado com vigas de aço, poderá ter sido roubado de uma obra na Polónia.
O segundo ocupante do camião, de nacionalidade polaca, segundo o jornal “Bild”, morreu no local do incidente e está entre as doze vítimas mortais. O balanço inicial do incidente apontava para nove mortos e 50 feridos.
O Governo português não tem informações sobre a existência de portugueses entre as vítimas do incidente com um autocarro numa feira de Natal em Berlim, e permanece em contacto com as autoridades alemãs, disse hoje fonte oficial.
A fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, disse à Lusa que o Governo está “em contacto com a polícia alemã”, acrescentando não ter conhecimento de pedidos de ajuda de portugueses à embaixada em Berlim.
Turquia
O embaixador russo Andrei Karlov estava a discursar em Ancara, no âmbito de uma exposição de fotografia, quando um homem abriu fogo contra ele, e não resistiu aos ferimentos de bala. Andrei Karlov, 62 anos, era embaixador na Turquia desde 2013. Segundo testemunhas, o homem que disparou contra o embaixador russo gritou “Alepo” e “vingança” quando abriu fogo.
Em resposta à atenção dada ao ataque, as autoridades turcas impuseram esta segunda-feira um ‘blackout’ temporário sobre a cobertura do tiroteio do embaixador russo na Turquia, segundo a Associated Press (AP). A ordem que impede a cobertura dos factos, proíbe temporariamente as reportagens, imagens e comentários que não sejam feitos pelas autoridades oficiais, adianta a AP.
Isto afeta toda a cobertura jornalística distribuída dentro de Turquia e órgãos de comunicação social são aconselhados a procurar assessoria legal se pretenderem transmitir notícias para o próprio país.
O crime que foi cometido é, sem dúvida, uma provocação destinada a perturbar a normalização das relações russo-turcas e o processo de paz na Síria.
Do lado da Rússia, Vladimir Putin, considerou esta segunda-feira que o assassinato do embaixador russo na Turquia foi “uma provocação” destinada a prejudicar a cooperação entre Moscovo e Ancara e os esforços para resolver o conflito na Síria.
“O crime que foi cometido é, sem dúvida, uma provocação destinada a perturbar a normalização das relações russo-turcas e o processo de paz na Síria”, para o qual contribuem ativamente a Rússia, a Turquia e Irão, afirmou Vladimir Putin, em declarações à televisão russa.
Para o Presidente russo, “só pode haver uma resposta” para esta provocação: “intensificar a luta contra o terrorismo”. Esta afirmação foi feita durante uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros e responsáveis dos serviços de informação, acompanhada pela televisão russa. Vladimir Putin anunciou que Moscovo enviou investigadores para Ancara, depois de ter recebido luz verde do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Suíça
Um homem armado feriu pelo menos três pessoas perto de um centro islâmico em Zurique, cidade da Suíça, anunciou um agente da polícia local esta segunda-feira ao final da tarde.
De acordo com a mesma fonte, que pediu para não ser identificada, a polícia cercou a zona, em busca do autor do tiroteio, que está a monte. A mesma fonte adiantou ainda que os feridos são adultos.
Os feridos foram encontrados numa rua onde se situa um centro islâmico, mas a polícia escusou-se a confirmar se o ataque visava esse local, perto da principal estação de Zurique.
(Atualizado às 10h)
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