Negócio fechado. Abanca fica com pelo menos 95% do EuroBic
Está resolvido o impasse na estrutura acionista do EuroBic, após o anúncio da saída de Isabel dos Santos, na sequência do Luanda Leaks. Galegos do Abanca são os compradores do banco português.
O espanhol Abanca é o comprador do EuroBic, num negócio que resolve as dúvidas na estrutura acionista do banco português, após a empresária angolana Isabel dos Santos ter colocado a sua posição à venda, na sequência do caso Luanda Leaks. Não foram revelados valores da operação.
“O Abanca apresentou uma oferta vinculativa de aquisição de pelo menos 95% do capital, que mereceu a aceitação dos acionistas representantes daquela percentagem“, anunciou Fernando Teixeira dos Santos, presidente do EuroBic, numa mensagem distribuída internamente e a que o ECO teve acesso.
“A concretização desta aquisição abrirá certamente uma nova fase na vida deste banco, reforçará a sustentabilidade da sua atividade e a defesa dos interesses dos seus clientes e colaboradores”, frisou ainda o antigo ministro das Finanças.
Já o Abanca lembra que a aquisição do EuroBic “está sujeita, como sucede neste tipo de operações, a um processo de due diligence e a autorizações das autoridades regulatórias”.
"O Abanca apresentou uma oferta vinculativa de aquisição de pelo menos 95% do capital, que mereceu a aceitação dos acionistas representantes daquela percentagem.”
O acordo foi fechado durante o fim de semana, com o Banco de Portugal a par de todos os desenvolvimentos. Em reação ao início da tarde, o supervisor confirmou que foi informado da celebração do memorando de entendimento esta segunda-feira, acrescentando que a “aquisição está sujeita à autorização do Banco Central Europeu, em articulação com o Banco de Portugal, uma vez recebida e analisada a informação exigível”.
Ontem, ao final do dia, já estavam preparados os comunicados de imprensa destinados à divulgação da conclusão do negócio, que só foi tornada pública esta manhã, juntamente com uma fotografia entre Juan Carlos Escotet (dono e chairman do Abanca), Teixeira dos Santos (CEO do EuroBic) e Francisco Botas (CEO do Abanca) no momento de assinatura do contrato.
Esta segunda-feira, ao início da tarde, há reunião do conselho de administração do EuroBic para Teixeira dos Santos dar a conhecer aos outros administradores os detalhes da operação, sabe o ECO.
EuroBic e Abanca tinham avançado a semana passada para negociações em exclusivo, como o ECO avançou em primeira mão. Isto depois de Juan Carlos Escotet ter dito na terça-feira que estava a olhar com muito interesse para este dossiê, mas exigindo controlar pelo menos 75% do capital do banco. Ou seja, a posição de 42,5% de Isabel dos Santos não era suficiente para os espanhóis, pelo que também Fernando Teles, sócio de longa data da empresária angolana, também teria de alienar os seus 37,5%.
“O que tem sido política do Abanca é que não participamos em nenhum tipo de integração ou fusão em que não controlamos o banco. Não sabemos qual a posição dos outros acionistas [do EuroBic]. Se não houver um mínimo de 75% do controlo, não participamos”, referiu Juan Carlos Escotet esta terça-feira, durante a conferência de apresentação dos resultados anuais do Abanca.
Escotet exigia o controlo do EuroBic para implementar o modelo de negócio e o modelo corporativo do Abanca, antecipando o fim da marca EuroBic com a fusão no atual negócio do Abanca em Portugal.
Além de Isabel dos Santos e Fernando Teles, outros acionistas também participaram no negócio, não se sabendo quem exatamente. Luís Cortez dos Santos, Manuel Pinheiro Fernandes (grupo Martal) e Sebastião Lavrador (ex- governador do Banco Nacional de Angola) detinham 5% cada; e outros estavam 5% dispersos por vários acionistas.
Segundo informação do banco galego, após a aquisição do EuroBic, o Abanca Portugal apresentará um volume de negócios de 18 mil milhões de euros, incluindo crédito e depósitos.
O EuroBic fechou 2019 com um rácio de malparado de 6,4%. Emprega 1.482 trabalhadores e opera numa rede de 184 agências.
Esta é a quinta aquisição do Abanca desde 2014 e a segunda em Portugal, após a compra do negócio de retalho do Deutsche Bank no ano passado.
(Notícia atualizada às 15h13 com reação do Banco de Portugal)
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