Manicómio e Arcádia lançam “comprimidos” para combater estigma da saúde mental

Associação de impacto social que trabalha com artistas com doença mental juntou-se à histórica Arcádia para desenvolver "comprimidos" mágicos de chocolate que "combatem" o estigma da saúde mental.

Manicómio e Arcádia lançam “comprimidos de chocolate” que tratam o estigma da saúde mental.D.R.

Um frasco de vidro cheio de “comprimidos” de chocolate cor-de-rosa para ajudar no combate ao estigma da saúde mental. A ideia, apresentada por Sandro Resende, fundador do projeto de impacto Manicómio, brilhou nos olhos de Francisco Bastos desde o primeiro dia. Na Arcádia, onde trabalham 220 pessoas, o tema da saúde mental começa a ser trabalhado, quase em simultâneo com a aposta em projetos de responsabilidade social.

A ideia de Sandro segue a estratégia desenvolvida pela associação ao longo dos primeiros dois anos de vida. “Porquê marcas? É muito simples. Odeio subsídio-dependência, acho que os projetos de inovação social são muito dependentes de subsídios e não fazem uma coisa que é muito importante: trabalhar o valor das pessoas”, justifica, em entrevista à revista Pessoas.

Lançado no início de 2019 como projeto de inclusão social que envolve artistas com doença mental, neste Manicómio olha-se, antes da obra, para a identidade. “Aqui, quando olho para as pessoas olho para a sua identidade, a seguir para o valor que elas querem acrescentar, o que querem fazer e, por fim, trabalhamos a doença, ‘tratamos a doença’ com médicos lá fora. Acima de tudo, o que valor que elas têm. E quando eu começo a preocupar-me com a identidade e com o valor, é quase uma consulta. O estigma começa a desaparecer. E as marcas são importantes para isso, não só nessa qualidade mas também como uma substituição nossa, financeira”, explica Sandro Resende sobre o objetivo primeiro do projeto.

Neste sentido, o desafio lançado à Arcádia esteve relacionado com a questão do legado da empresa, e também com o seu poder de “atração” e de “transformação”, estrategicamente falando. “É uma marca histórica — com 86 anos –, um ícone. E porque é a nossa vontade transformar estas marcas. É assim em todos os projetos em que estamos a trabalhar: não havia um frasco de farmácia Arcádia, por exemplo. Essa transformação é uma coisa que me interessa bastante, também como criativo. E também para os nossos artistas se sentirem cada vez mais recompensados por terem novas aventuras”, assinala.

A iniciativa da associação, que Francisco Bastos, bisneto do fundador e um dos administradores da chocolateira não conhecia, “apanhou-o” ao primeiro contacto. “Não conhecia o projeto mas, imediatamente, fiquei fascinado. E daí nasceu a ideia de fazermos uma brincadeira com os comprimidos, porque o Manicómio é sempre assente na provocação que combate o estigma sobre a saúde mental”, detalha.

Da ideia de desenvolver um “medicamento” de brincadeira ao lançamento do produto, que decorreu na tarde desta quarta-feira, em Lisboa, passaram pouco mais de três meses. “Selecionámos este formato do chocolate que faz lembrar um comprimido, e utilizámos o ruby, um tipo de chocolate que começámos a trabalhar no ano passado — depois de uma tablete de 40g é a segunda vez que o utilizamos — muito pela sua cor rosada, que lembra mais uma vez os comprimidos”.

A embalagem destes “comprimidos” mágicos foi trabalhada por três artistas do Manicómio: Bráulio, Cláudia e Jos*. Desses três trabalhos, a equipa de design da Arcádia transformou na imagem final do produto. Mas o impacto deste projeto foi muito além de um trabalho criativo e de desenvolvimento de produto. “Este projeto foi claramente a alavanca para falar do tema da saúde mental na empresa. No ano passado começámos a trabalhar a nossa vertente de responsabilidade social: lançámos o primeiro produto nessa linha, em parceria com a Casa do Caminho. Este foi o segundo projeto desenvolvido dentro deste âmbito”, conta Francisco.

Neste projeto, o Manicómio contou ainda com o apoio da Fidelidade. “a Arcádia cria um produto novo com o apoio da Fidelidade e dos artistas do Manicómio, com o propósito de divulgar os seus trabalhos, o projeto do Manicómio e promover a diminuição do estigma da doença mental”, explica Ana Fontoura, diretora do departamento de responsabilidade social da empresa.

Os “comprimidos” para combater o estigma da saúde mental estarão à venda nas lojas Arcádia. O frasco custa 7,50 euros, o saco de pano 2 euros, e 10% das vendas revertem a favor do projeto Manicómio.

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