Cofina faz ultimato à Prisa. Considera que não tem de pagar 10 milhões da caução
A Cofina deu à Prisa um "prazo de sete dias" para que o contrato de compra e venda da Media Capital seja renegociado. Considera também que não tem de pagar os 10 milhões de euros da caução.
A Cofina considera que não tem de pagar dez milhões de euros à Prisa como caução no negócio da compra da Media Capital, porque os mesmos “não são devidos”, informou à CMVM. No “entendimento” do grupo de Paulo Fernandes, o negócio da compra da TVI ainda está vivo, pelo que a empresa dá um “prazo de sete dias” à Prisa para que o contrato de compra e venda seja renegociado.
O grupo que controla o Correio da Manhã considera que o contrato de promessa de compra e venda da Media Capital, dona da TVI, não caducou pelo falhanço da operação de aumento de capital esta semana. Posto isto, em mais um revés nesta operação, a Cofina considera que quem está a violar o contrato é a própria Prisa, embatendo de frente com a empresa liderada por Manuel Mirat.
Esta sexta-feira, dia em que apresenta os resultados de 2019, a dona do Correio da Manhã informou a CMVM de que enviou uma carta ao grupo espanhol, dando-lhe um “prazo de sete dias” para que ambas as empresas se sentem à mesa das negociações, no sentido de alterar o contrato e “restabelecer um equilíbrio das prestações recíprocas conforme com os princípios da boa-fé”.
Caso a Prisa recuse, a Cofina considera o contrato sem efeito, além de defender que não tem de pagar a soma de dez milhões de euros que, apurou o ECO, estará depositada numa escrow account — uma conta bancária controlada pelas duas empresas enquanto uma transação se encontra em andamento.
Esta é a mais recente reviravolta num negócio que chegou a ser dado como concluído, numa altura em que, inclusivamente, todos os órgãos de comunicação social da Media Capital já estão em nome da Cofina nos registos da ERC. Nesta quarta tentativa, tudo apontava para que a Prisa conseguisse, finalmente, vender a Media Capital, numa operação que, com a fusão da Cofina com a TVI, daria origem ao maior grupo de media do país, com presença em todos os segmentos, da televisão à rádio, passando pelos jornais, revistas e digital.
Contudo, os efeitos da pandemia do coronavírus nos mercados financeiros trocaram as voltas à realidade e levaram a Cofina a anunciar, esta semana, que a operação caiu por terra. O grupo argumentou que falhou o aumento de capital necessário para financiar parcialmente a operação, revelando mais tarde que o insucesso da operação se deveu à falta de um montante inferior a três milhões de euros.
Perante este desfecho, que apanhou o mercado de surpresa, a Prisa decidiu não dar o braço a torcer. A empresa, que se mantém dona da TVI, anunciou, também esta semana, que vai tomar todas as “medidas” para tentar obrigar a Cofina a adquirir a Media Capital. A empresa considera que foi a Cofina que violou o contrato de compra e venda.
Ora, perante as últimas informações, está instalado um braço-de-ferro entre os dois grupos que promete não ficar por aqui. Para já, fica a promessa da Cofina de revelar, “oportunamente”, os “fundamentos” que a poderão levar a rasgar definitivamente o contrato, mas fica também a ideia de que a Cofina ainda não deu o negócio como perdido.
Num contexto de queda acentuada nas audiências, e com a Media Capital a passar de lucros a prejuízos de 55 milhões de euros num ano, Paulo Fernandes poderá querer renegociar o preço com a Prisa. Até aqui, o negócio assentava num enterprise value da Media Capital de 205 milhões de euros, que já tinha sido revisto em baixa em 50 milhões. Para comparação, a Impresa, dona da SIC, estação líder de audiências, tem um enterprise value de 191,84 milhões, inferior ao da Media Capital.
(Notícia atualizada às 19h28 com mais informações)
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