Fed vai comprar dívida sem limites para travar impacto da Covid-19

Banco central norte-americano anunciou novas medidas de emergência. Com os juros em mínimos históricos, a Fed lança uma série de programas direcionados para famílias e empresas.

A Reserva Federal dos Estados Unidos retirou os limites para comprar dívida pública e privada do país. O objetivo da nova medida, anunciada no âmbito do pacote de emergência para travar o impacto do coronavírus, é ajudar a estimular os fluxos financeiros na economia.

“O comité (de política monetária da Fed) autoriza a que o Sistema de Pagamentos em Mercado Aberto aumente a quantidade de obrigações do Tesouro e obrigações hipotecárias nos montantes necessários para ajudar a aliviar o funcionamento destes mercados. O comité também orienta os responsáveis a incluir papel comercial nas aquisições”, diz a Fed, em comunicado.

O banco central liderado por Jerome Powell explica que votou por unanimidade mandatar a divisão de Nova Iorque para executar as transações extraordinárias, incluindo a compra de ativos, bem como as operações de mercado aberto necessárias para manter as taxas de juro reais em linha com o intervalo dos juros de referência (entre 0% e 0,25%), operações de recompra e de revenda overnight e transações de swap sobre o dólar para manter a liquidez da moeda.

Parte das medidas agora anunciadas já tinham sido incluídas no pacote de emergência que a Fed tem vindo a anunciar há 20 dias. A grande novidade é que o banco central dá carta branca a que estas operações aconteçam na medida necessária para impulsionar a economia, numa altura em que o surto de Covid-19 ameaça pôr fim ao maior ciclo de crescimento de sempre no país.

“A Reserva Federal está empenhada em usar a totalidade dos instrumentos para apoiar famílias, empresas e a economia dos EUA nestes momentos desafiantes”, aponta. “Enquanto se mantém grande incerteza, tornou-se claro que a nossa economia irá enfrentar disrupções graves. Esforços agressivos têm de ser feitos pelos setores público e privado”.

Do lado da política monetária, a Fed — que começou por cortar a fundo as taxas de juro de referência — colocou assim em curso uma série de novos programas (ou alargamento de programas já existentes). São eles:

  • Compra de ativos para manter o mercado a funcionar é alargada sem limites — “aos montantes necessários” –, o que substitui o anterior valor de 500 mil milhões de Treasuries e 200 mil milhões em obrigações hipotecárias. Além disso, abrange também papel comercial;
  • Para apoiar o fluxo de crédito para trabalhadores, consumidores e negócios, foram estabelecidos novos programas que, em conjunto, totalizam 300 mil milhões de dólares em novo financiamento através da compra de ações pelo Exchange Stabilization Fund (ESF);
  • Estabelecimento de dois novos mecanismos para apoiar o crédito a grandes empresas: a Primary Market Corporate Credit Facility (PMCCF) para a compra de novas obrigações e empréstimos e a Secondary Market Corporate Credit Facility (SMCCF) para manter a liquidez no mercado de dívida privada;
  • Criação de um terceiro mecanismo chamado Term Asset-Backed Securities Loan Facility (TALF) direcionado para empréstimos de estudantes, crédito automóvel ou ao consumo, bem como outros empréstimos de consumidores e pequenos empresários;
  • Para facilitar a liquidez do poder local, expande o Money Market Mutual Fund Liquidity Facility (MMLF) para incluir maior variedade de títulos, enquanto alarga igualmente o Commercial Paper Funding Facility (CPFF) direcionado o papel comercial; e
  • Além destes passos, a Reserva Federal irá ainda anunciar em breve o estabelecimento de um novo programa de concessão de crédito a pequenas e médias empresas.

(Notícia atualizada às 13h00)

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