Benfiquista, bem humorado e afável. Quem é o novo CEO do BPI? E que desafios vai ter pela frente?
João Pedro Oliveira e Costa tem 30 anos de casa, sobretudo no negócio de private banking. É benfiquista, gosta de golfe e sabe contar piadas como ninguém. Que desafios tem pela frente?
O próximo CEO do BPI é uma pessoa de discurso fácil, bem-humorada, afável e com uma notável capacidade de contar piadas. Quem o conhece diz que é frontal e diz o que pensa. Torce pelo Benfica e gosta de golfe, râguebi e desportos náuticos. É participante assíduo do BPI Challenge, competição de golfe organizada pelo banco.
Traços largos, é este o perfil de João Pedro Oliveira e Costa, 54 anos, que vai suceder a Pablo Forero na liderança de um dos maiores bancos nacionais. Chega ao topo da carreira num momento particularmente desafiante para todos, perante o contexto da pandemia do coronavírus que também vai afetar a banca.
Oliveira e Costa é um apelido tóxico. Mas o próximo líder do BPI não tem qualquer relação familiar com o antigo fundador do BPN, nem nenhum problema com o facto de partilhar um apelido que é mal visto na praça. “Tenho muita honra no meu pai, que faleceu há 20 anos. Tenho muita pena que não esteja aqui neste momento. Sempre assinei Oliveira e Costa, e assinarei em qualquer circunstância”, disse na conferência de resultados.
Está há 30 anos no BPI e conhece os cantos à casa como poucos. “Conhece muito bem grandes clientes do banco”, conta fonte próxima. João Pedro Oliveira e Costa foi um dos principais responsáveis pela revolução do private banking no BPI e no mercado português. Aliás, chegou ao banco vindo do grupo BCP em 1991 para ser diretor de private banking e ascendeu na carreira por aí.
Em 2000, tornou-se diretor central do negócio de private banking e premier até 2014, antes de subir à administração do banco pela mão de Fernando Ulrich com responsabilidade pelas áreas de negócio de particulares, premier, private banking e negócios.
“Revejo-me e confundo o meu perfil com o perfil do banco, não tenho um perfil específico diferente daquilo que foi e tem sido o percurso do banco“, considerou o novo CEO na conferência com os jornalistas.
Do ponto de vista familiar, João Pedro Oliveira e Costa é casado, tem dois filhos. É o mais novo de três irmãos.
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Covid, Angola, concorrência e BCE…
João Pedro Oliveira e Costa referiu esta segunda-feira que quer dar continuidade ao legado de Artur Santos Silva, Fernando Ulrich e Pablo Forero será um dos seus maiores desafios. “Com o prestígio e relevância que tiveram”, disse. E isto num enquadramento acionista que também não é irrelevante. Hoje em dia o banco é totalmente controlado pelo CaixaBank. Isso dá maior respaldo nas horas mais apertadas, mas maior responsabilidade, como destacou o novo CEO.
É esse o caso, atualmente. A pandemia já está a ter impacto nas contas: 44 milhões de euros de lucros a menos por causa do surto do coronavírus e do seu impacto económico. O BPI já colocou de lado 32 milhões de euros para fazer face a uma eventual subida do malparado por causa da crise. Se for preciso mais dinheiro, o banco tem condições e acionista para reforçar o seu capital.
A incerteza em torno dos efeitos da pandemia é o desafio mais premente e urgente que João Pedro Oliveira e Costa terá já pela frente. Não se sabe ainda qual é a extensão nem a profundidade da crise.
“Vamos atravessar um enorme desafio pela frente, em várias linhas, há um certo desconhecimento, esta é uma situação nova, e toda ela é um próprio desafio”, sublinhou João Pedro Oliveira e Costa.
Desta crise emergem outros desafios também relevantes e transversais a todo o setor. Por exemplo, os juros mínimos históricos do Banco Central Europeu (BCE) que já estavam a pressionar as margens dos bancos antes de o vírus ter atacado. Agora, com a crise à vista, os juros do banco central vão continuar a deteriorar o negócio bancário por muito mais tempo do que era previsível.
João Pedro Oliveira e Costa também terá de lidar com um contexto de elevada concorrência não só da banca tradicional, mas também de novos players à boleia da inovação tecnológica e que estão a mexer com o setor.
Angola é outro tema não resolvido. Para ter sucesso na OPA, o BPI vendeu o controlo do BFA a Isabel dos Santos em 2017, passando a deter 48,1% do banco angolano. Mas o objetivo é vender a totalidade da participação. Pablo Forero não conseguiu efetuar a venda. Segue-se novo CEO.
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