Três anos, três feitos de Forero à frente de um BPI com sotaque catalão

Pablo Forero vai passar a reforma em Portugal depois de deixar o BPI. "Estamos totalmente apaixonados com o país", disse. Em três anos, espanhol deixa legado no banco.

Três anos depois, Pablo Forero prepara-se para deixar os destinos do BPI. O espanhol chegou à liderança do banco em 2017, depois de concretizada a oferta pública de aquisição (OPA) do grupo catalão CaixaBank. Três anos depois, o gestor deixa um legado no banco: foi o protagonista numa transição suave pós-Ulrich, alinhou a estrutura do banco português ao novo dono catalão e reestruturou a instituição.

Forero abandona o cargo porque vai para a reforma. Que a vai passar em Portugal. “Foi uma descoberta para mim. Estou muito feliz aqui, a minha família também está muito feliz, tanto que até vamos ficar a viver aqui. Estamos totalmente apaixonados”, referiu o gestor em conferência de imprensa após o BPI ter apresentado resultados de 6,3 milhões. “Adoramos a comida, as pessoas… estamos muito felizes aqui”.

O espanhol considerou que recebeu um “grande banco” da anterior gestão de Fernando Ulrich — que vai continuar como chairman –, mas também disse que deixa um “grande banco” ao seu sucessor, João Pedro Oliveira e Costa.

“Foi enorme satisfação, honra profissional e pessoal, liderar este grande banco. Foi imensa honra ter sido presidente durante três anos e de ter contribuído para um banco tão importante para a economia”, disse.

Forero agradece a “paciência” que a equipa portuguesa teve com ele, incluindo com o seu “português”. Diz que sai depois de ter cumprido todos os objetivos.

"Portugal foi uma descoberta para mim. Estou muito feliz aqui, a minha família também está muito feliz, tanto que até vamos ficar a viver aqui. Estamos totalmente apaixonados.”

Pablo Forero

CEO do BPI

Transição suave pós-Ulrich

Pablo Forero chegou com uma missão difícil: a de suceder a Fernando Ulrich, um dos nomes históricos do BPI e da banca nacional. O facto de ser espanhol (indicado pelo dono CaixaBank) poderá ter gerado alguma desconfiança inicialmente, mas Pablo Forero foi capaz de fazer do seu mandato uma “transição suave” para uma nova realidade no banco, agora totalmente controlado pelos espanhóis e já depois de superada a crise financeira no país (entrou, entretanto, noutra crise, a do coronavírus).

Essa transição foi feita a par com a integração e alinhamento das práticas com o CaixaBank, no âmbito de uma profunda reestruturação da instituição. O perfil de Pablo Forero ajudou nesta mudança: sempre fez um esforço por falar português e sua personalidade acabou por conquistar admiradores (como já confessou o próximo CEO do banco).

O BPI é hoje um banco mais leve e mais sólido. Reflexo da melhor posição do banco: regresso aos dividendos, o que aconteceu no ano passado, após nove anos sem remunerar os acionistas.

Apresentação de resultados do BPI em 2018 - 01FEV19

Alinhamento com CaixaBank

Com a OPA do CaixaBank, o BPI passou a ser controlado pelo grupo catalão. Por decisão dos espanhóis, o banco também deixou a bolsa de valores. Tudo isto trouxe mudanças na governação e na estrutura do BPI: houve um alinhamento àquilo que eram as práticas do CaixaBank. Foi Pablo Forero quem liderou esse movimento em relação à casa-mãe.

Quem conhece o banco diz que apresenta hoje em dia uma hierarquia mais estruturada, refletindo não só este alinhamento ao CaixaBank. As imposições regulatórias do Banco Central Europeu, Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundo Pensões também mexeram na organização do banco.

Reestruturação

É a grande bandeira do mandato de Pablo Forero: a reestruturação do BPI. Isto é quantificável. O número de trabalhadores caiu mais de 40% desde 2016, dos 8.157 trabalhadores para 4.840 trabalhadores. Também reduziu a rede de balcões: são hoje em dia 477 agências de que o banco dispõe, menos 35% do que em 2016. A rentabilidade dos capitais próprios (ROTE) aumentou dos 7,3% para 10,3%, um dos melhores do mercado.

Forero realizou grandes operações que eram do BPI: vendeu a Viacer (SuperBock) à família Viola por 233 milhões e alienou também ao CaixaBank o negócio de cartões de crédito e débito (por 113 milhões) e ainda a atividade de seguros e de gestão de ativos (por 218 milhões).

Já a saída de Angola, que o CaixaBank quer concretizar, ainda não há uma data anunciada. Os espanhóis pretendem vender a sua posição de 48,1% no BFA.

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