Maioria das empresas considera que benefícios podem ajudar a atrair talento

As empresas apostam mais em benefícios para atrair talento. O home office é uma tendência em crescimento e os gestores de projeto são os profissionais mais requisitados, revela um inquérito da Aon.

Os benefícios são cada vez mais importantes para atrair e reter talento nas organizações, mas parece haver uma desigualdade na aposta de promoção do bem-estar físico e mental. Em muitos casos, os planos de benefícios ainda são desajustados às necessidades reais e aos contextos de vida dos trabalhadores, apesar de começarem a emergir programas mais flexíveis, como é o caso do home office.

Estas são algumas conclusões do estudo do “Nearshore em Portugal: Tendências na gestão de talento”, desenvolvido pela Aon, em parceria com a Associação para Desenvolvimento das Comunicações e com a Experis. No inquérito participaram 30 empresas “nearshore” em Portugal — e que representam um universo de 40.000 colaboradores — para revelar quais os principais desafios na gestão de pessoas e como olham para o futuro do talento, recrutamento, retenção e compensação nas suas organizações.

Benefícios pouco flexíveis

Oito em cada dez programas de bem-estar implementados têm um grande foco na componente física, deixando uma lacuna no que diz respeito à saúde mental nas empresas deste setor. Apesar desta evidência, menos de metade (40%) das empresas inquiridas oferece proteções de risco, como seguro de vida e acidentes pessoais.

Cerca de 88% das empresas oferece seguro de saúde, sendo que um quarto destas ainda exige comparticipação de financiamento dos prémios para assegurar a manutenção de garantias e capitais em contratos. A mesma percentagem garante disponibilizar subsídios de refeição de, em média, 7,5 euros. Apenas 31% das empresas oferece um plano de pensões aos trabalhadores, 44% diz comparticipar no pagamento de ginásio e 30% em dias de férias extra.

Relativamente a regimes de compensação, só 20% das empresas oferecem benefícios flexíveis, o que demonstra que, na maior parte dos casos, estes planos são desajustados às necessidades reais dos trabalhadores. Isto acontece pela “falta de regulamentação clara sobre este tipo de planos e o receio, muitas vezes infundado, do aumento da complexidade administrativa associada à oferta de escolhas e à gestão regular de todas as opções”, lê-se no relatório.

O home office é umas das áreas de benefícios que tem crescido, tanto ao nível da oferta e implementação de políticas de trabalho remoto como da valorização dos colaboradores. Quase 70% das empresas participantes neste estudo oferecem a possibilidade de trabalho a partir de casa, percentagem que está acima da média do mercado — 50% — e que pode ser justificado pela forte componente digital destas empresas e as características demográficas da sua população.

Benefícios para atrair e reter talento

Cerca de 75% das empresas entrevistadas considera que as medidas de bem-estar e reforço do envolvimento dos trabalhadores são a principal ferramenta de retenção de talento. Para 50% das empresas, os benefícios são essenciais para reter talento e construir um “propósito comum” dentro da organização.

De acordo com o estudo, as ferramentas de retenção mais valorizadas pelos empregadores deste setor são a flexibilização e otimização fiscal, programas globais e planos de benefícios.

No que diz respeito à responsabilidade ambiental, os números são expressivos: 94% das empresas aposta neste tipo de ações, com destaque para a dinamização de ações de voluntariado ecológico e social (81%), utilização de consumíveis ecológicos no escritório (63%) e organização de campanhas digitais e iniciativas internas de sensibilização dos trabalhadores (43%).

Gestores de projetos são os mais procurados

Os perfis mais procurados por estas empresas são, por ordem de importância, gestores de projetos, especialistas em data analytics e especialistas em cloud computing. Em matéria de soft skills, as empresas parecem valorizar competências como a orientação para cliente, capacidade de resolução de problemas e de trabalho em equipa.

O estudo alerta que a revolução digital também vai trazer desafios e as empresas devem estimular a inovação, a visão de crescimento pessoal e profissional, principalmente nas camadas mais jovens.

Mais de oito em cada 10 empresas fazem recrutamento direto no mercado e, para recrutar, as empresas continuam a recorrer a empresas de recrutamento, anúncios nas sociais e iniciativas em universidades. No futuro, o recrutamento enfrenta três desafios: garantir competitividade no mercado, capacidade de alcançar e comunicar com os perfis desejados e gestão de expectativas dos candidatos, em relação àquilo que a empresa pode oferecer.

No que diz respeito aos recursos humanos dentro da empresa, o estudo mostra que ainda existe um gap entre o que as empresas precisam e os recursos que têm disponíveis nos seus quadros. A solução passará pela aposta em políticas efetivas de mobilidade interna, análise às competências existentes e programas de reskill e upskill eficazes.

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