Apollo faz pressing de última hora e pede mais tempo para comprar Novo Banco
O Lone Star é favorito à compra do Novo Banco, mas não está sozinho. Consórcio Apollo/Centerbridge pede mais tempo, mas o Banco de Portugal deve reunir amanhã em conselho extraordinário para decidir.
O conselho de administração do Banco de Portugal deverá reunir amanhã, extraordinariamente, para escolher uma proposta a levar ao governo sobre a venda do Novo Banco. O fundo Lone Star está na frente, mas nas últimas 48 horas o consórcio Apollo/Centerbridge fez novos contactos junto do governador Carlos Costa e de Sérgio Monteiro, o líder da equipa de negociação, para tentar virar uma carta que já esta(va) marcada.
Depois da saída do China Minsheng da corrida, por incapacidade em fazer prova dos fundos necessário à compra do Novo Banco após meses de negociações, o fundo norte-americano Lone Star ganhou um novo protagonismo e o favoritismo em relação à terceira proposta, do fundo Apollo e da Centerbrigde. Mas o ECO sabe que os donos da Tranquilidade estão a fazer um pressing de última hora antes da reunião decisiva da administração do Banco de Portugal, a autoridade de resolução nacional.
De acordo com informações, não confirmadas oficialmente, o fundo Lone Star apresentou uma proposta de 750 milhões de euros pelo Novo Banco e um posterior aumento de capital de até 750 milhões de euros. Mas exige também um Asset Protection Scheme (APS) sobre os ativos que estão dentro do perímetro do chamado ‘side bank’ do Novo Banco, ou seja, uma garantia prestada pelo Estado, logo um risco para os contribuintes, sobre os ativos ‘não core’.
Segundo apurou o ECO, a Apollo ainda não terminou a due diligence e precisa de mais uma semana para o fazer. Ora, a validade da proposta do Lone Star termina amanhã, 60 dias após a assinatura do memorando de entendimento assinado com o Banco de Portugal. Qual é o risco? Se o Banco de Portugal aceder ao pedido da Apollo, e der mais uma semana para a conclusão da due diligence, corre o risco, óbvio, de ficar sem nenhum candidato. Isto porque, da due diligence, poderá resultar apuramento de problemas com impacto material, leia-se financeiro, na proposta da Apollo, revela ao ECO uma fonte que está a acompanhar o processo. Uma proposta cujo contornos financeiros não são conhecidos, mas que diversas fontes garantem também incluir uma garantia do Estado, embora de menor dimensão.
Neste momento, a Apollo/Centerbridge está a jogar em dois tabuleiros: o mediático, com o aparecimento do empresário português Tiago Violas a disponibilizar-se para entrar no consórcio, e o negocial, nas discussões com o Banco de Portugal. Durante esta manhã, decorrem negociações em que a Apollo está a tentar identificar e limitar os potenciais riscos associados à conclusão da due diligence na oferta final. Assim, o Banco de Portugal poderia comparar as duas propostas ainda em cima da mesa.
A 24 horas da reunião decisiva, o plano ainda está inclinado para o fundo Lone Star, mas ninguém ainda assume um resultado final. Apenas a convicção de que o Banco de Portugal quer mesmo aprovar esta semana uma proposta, de acordo com o mandato que lhe foi conferido para vender o Novo Banco.
Oficialmente, o Banco de Portugal não faz comentários ao processo de venda nem a datas. Mas diversas fontes garantem ao ECO que a proposta que vier a ser apresentada ao governo é melhor do que aquelas que forma chumbadas em 2015, na primeira tentativa de venda do Novo Banco, mesmo com a exigência da garantia pública, porque, alegadamente, no acordo com o vencedor estará um compromisso de entrega de dividendos de forma prioritária ao Fundo de Resolução… logo que existam.
Neste contexto de indefinição sobre o resultado da venda, a equipa de gestão do Novo Banco liderada por António Ramalho mantém-se à margem das negociações. Tanto que Ramalho entrou hoje de férias e só regressa na próxima segunda-feira, dia 9.
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