“Haverá mais dinheiro verde devido aos estímulos” contra o Covid-19, diz o CEO da Euronext
Covid-19 é uma oportunidade para impulsionar a tendência (que já emergia) de sustentabilidade nas finanças. Grupo que gere a bolsa de Lisboa espera novo recorde nos fundos de investimento ESG em 2020.
O investimento sustentável não arrefeceu com a pandemia e até poderá servir de impulso adicional na recuperação após o Covid-19. Esta é a convicção do CEO da Euronext (dona da bolsa de Lisboa), Stéphane Boujnah, que antecipa um aumento no dinheiro verde devido aos estímulos de bancos centrais e governos.
“As crises e as guerras não inventam nada, mas aceleram o que já estava a emergir antes. O Covid-19 está a acelerar esta tendência, o que é normal dados os estímulos monetários e orçamentais massivos que estão a ser lançados para limitar o impacto da crise“, disse Boujnah, num encontro virtual com jornalistas esta quarta-feira, em relação a critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês).
"O Covid-19 está a acelerar esta tendência, o que é normal dados os estímulos monetários e orçamentais massivos que estão a ser lançados para limitar o impacto da crise.”
“Haverá mais dinheiro para a transição verde e sustentável devido ao tamanho dos estímulos e porque esta crise vai servir para a reconfiguração de muitas empresas.”, afirmou. “Não há uma solução que sirva para todos, mas [o ESG] será parte da solução após Covid-19”.
O CEO da Euronext explicou que o investimento ESG não foi penalizado pela pandemia, apontando para o financiamento captado pelos fundos. Em pleno sell-off nos mercados, os fundos de investimento ESG europeus atraíram 30 mil milhões de euros no primeiro trimestre. Para o total do ano, a empresa estima que o montante captado se aproxime de 150 mil milhões de euros.
O gestor francês lembrou que “a tendência de migração dos fluxos de investimento para ESG começou muito antes do Covid-19, mas há uma mudança de fundamentos”, apontando para grandes investidores — como a maior gestora de ativos do mundo, BlackRock — que mudaram de estratégia devido ao crescente interesse dos clientes. “A pressão para essa mudança é massiva”, diz.
Se do lado dos investidores o interesse manteve-se, também as empresas continuaram empenhadas em emitir dívida verde. A Euronext tem atualmente 221 obrigações verdes cotadas, equivalentes a 54,3 mil milhões de euros, tendo registado 20 operações de emissão de dívida verde desde o início da crise do Covid-19. Neste grupo, inclui-se a portuguesa EDP.
"Antes da crise, a Europa já estava à frente e penso que esta diferença em relação ao resto do mundo vai alargar-se porque há todo um alinhamento entre países, Comissão Europeia e banco central em relação ao ESG. Acredito que haverá uma aceleração.”
“O mundo será mais ESG e não menos, e a Europa vai ter um papel muito importante. Antes da crise, a Europa já estava à frente e penso que esta diferença em relação ao resto do mundo vai alargar-se porque há todo um alinhamento entre países, Comissão Europeia e Banco Central Europeu em relação ao ESG. Acredito que haverá uma aceleração“, acrescentou.
A Euronext — que gere as bolsas de sete países europeus, incluindo Portugal — tem reforçado a aposta na sustentabilidade. Esta quarta-feira anunciou o lançamento de uma série de novos produtos, incluindo o alargamento do segmento de dívida com critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), bem como a criação de um índice acionista que agrega as 80 grandes empresas mais sustentáveis da Europa, onde se incluem as portuguesas Galp Energia e Jerónimo Martins.
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