Dez anos depois, Horta Osório deixa Lloyds com lucros, mais rentável e digital
Em dez anos, o Lloyds libertou-se da ajuda estatal e voltou aos lucros e aos dividendos. Pelo meio, tornou-se mais eficiente e digital. A passagem do banqueiro português por Londres em sete gráficos.
No final de 2011, pouco tempo depois de ter iniciado funções na liderança do Lloyds, António Horta Osório meteu baixa médica por excesso de stress e fadiga. “Eu era como uma bateria prestes a esgotar-se”, chegou a explicar o banqueiro português ao Financial Times. Regressou ao banco britânico dois meses depois, no início de 2012, e nunca mais parou.
Ao longo da última década, o Lloyds libertou-se a ajuda do Estado britânico (foi alvo de um resgate público de 20,3 mil milhões de libras, pago na totalidade em 2017) depois do processo de consolidação executado pelo português que, dez anos depois, se prepara para deixar o cargo à frente do maior banco britânico.
Ainda lhe restam três missões: vai concluir a implementação do plano estratégico iniciado em 2018, responder ao impacto da pandemia e preparar a transição. Mas deixa um banco muito melhor do que aquele que encontrou: dá lucros e dividendos e está mais eficiente e digital. Recorde a passagem do banqueiro português por Londres em sete gráficos.
A dar lucro…
O Lloyds apresentou lucros antes de impostos de mais de 4,3 mil milhões de libras (cerca de 4,8 mil milhões de euros) em 2019. Foi uma quebra de 26% face ao ano anterior por causa dos encargos assumidos pelo banco relativos a uma compensação de 2,45 mil milhões de libras aos clientes que tinham comprado seguros de proteção de pagamento.
Apesar disso, a evolução dos lucros ao longo dos últimos dez anos mostra como Horta Osório foi capaz de dar a volta aos prejuízos (de mais de mil milhões de libras entre 2011 e 2012) e colocar o banco na rota dos lucros milionários.
Lloyds na rota dos lucros
Fonte: Reuters
… e dividendos
O banco esteve meia dúzia de anos sem pagar dividendos. Só em 2015 os acionistas voltaram a ser remunerados, depois de Horta Osório ter feito o turnaround nos anos anteriores e que permitiu ao Lloyds fechar o exercício de 2014 já com lucros robustos, de 1,7 mil milhões de euros.
Desde então, a política de dividendos foi reforçada: o dividendo do ano passado ascendeu a 3,37 libras, ainda longe dos dividendos de mais de dez libras que o banco pagava antes da crise do subprime, em 2008.
Regresso aos dividendos
Fonte: Reuters (Valores de 2010 e 2013 = 0)
Mais eficiente
António Horta Osório tornou o banco mais eficiente. Isto é, otimizou os custos operacionais em função das receitas que obtém. Note-se: não é fácil cortar os custos sem que isso tenha implicações no negócio e vice-versa, daí que este seja um indicador importante para avaliar a capacidade de gestão de uma administração.
Quanto mais baixo for rácio cost to income, mas eficiente é determinada empresa ou banco. Foi essa evolução registada pelo Lloyds na última década: passou de um rácio de 56,8% em 2012 para um rácio de 48,5%, uma descida de cerca de oito pontos percentuais.
Rácio cost-to-income em queda
Fonte: Reuters (sem dados para 2010 e 2011)
Mais rentável
Mais lucros e maior eficiência traduzem-se numa maior rentabilidade dos capitais. O Lloyds chegou a apresentar ROE (return on equity) negativos nos anos em que deu prejuízos, mas chegou ao final da década com este indicador perto de 10%.
ROE a subir
Fonte: Reuters
Balanço limpo
Do lado do balanço, o trabalho de António Horta Osório também se refletiu na melhoria da qualidade dos ativos. Esta é a evolução do rácio do crédito malparado: a proporção dos empréstimos problemáticos face ao total dos empréstimos do banco.
Em 2010, a situação era bastante complicada: 10% do crédito do Lloyds estava em incumprimento. A situação melhorou substancialmente nos últimos anos, com o banco a registar um rácio abaixo de 2%.
Malparado cai de 10% para 2%
Fonte: Reuters (sem dados para 2011 e 2012)
Capital reforçado
Do ponto de vista da solidez, o Lloyds também apresenta atualmente uma situação mais robusta, conforme é possível aferir por via do rácio de capital total do banco.
Em 2010, o rácio de capital total era de 15%. Volvidos cerca de dez anos, a instituição reforçou a sua posição de capital, registando um rácio superior a 18% — em 2018, o rácio de capital total chegou a superar os 20%.
Capitais reforçados
Fonte: Reuters
Mais digital
Uma das tarefas de Horta Osório para a estratégia do Lloyds passava por “preparar o banco para o mundo digital”. Neste capítulo, o gestor português também tem bons números para apresentar.
A base de clientes digitais do banco britânico passou dos 9,5 milhões em 2012 para os 16,4 milhões em 2019, de acordo com os últimos dados do Lloyds. Trata-se de um crescimento de 72% em apenas oito anos.
Mais de 16 milhões de clientes digitais
Fonte: Lloyds Banking (sem dados para 2010 e 2011)
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