Novo Banco prepara pedido de mais 176 milhões ao Fundo de Resolução
Mais prejuízos para o Novo Banco, mais dinheiro do Fundo de Resolução. Banco liderado por António Ramalho conta pedir 176 milhões por conta das perdas do semestre. Fatura será maior no final do ano.
Tendo em conta os resultados da primeira metade do ano, o Novo Banco conta pedir ao Fundo de Resolução mais 176 milhões de euros, ao abrigo do polémico mecanismo de capital contingente. Mas a fatura poderá ser maior uma vez que o ano de 2020 ainda vai a meio e perspetivam-se mais perdas por causa da pandemia.
O banco anunciou esta sexta-feira prejuízos avultados relativos ao primeiro semestre (de 555 milhões de euros), razão pela qual o fundo liderado por Luís Máximo dos Santos (que é financiado pela banca e por empréstimos do Estado) terá de compensar as perdas decorrentes de um conjunto de ativos problemáticos.
“Em resultado das perdas verificadas na atividade legacy no valor de -493,7 milhões de euros que refletem a prossecução do processo de deleverage de créditos, imóveis e outras exposições legacy que estavam no balanço do banco em 2016, o Novo Banco estima, a esta data e para este período de seis meses, um montante a receber de 176 milhões de euros ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente”, diz o banco em comunicado.
Este valor compara, por exemplo, com os 540 milhões que estimava solicitar no acumulado de 2019, a meio do ano passado. Nos primeiros dias de agosto, com a divulgação de prejuízos de 400 milhões na primeira metade do ano devido à venda de ativos tóxicos, apontou para um valor que, depois, acabou por ser bem superior. Com base nas contas de 2019, em que o banco teve prejuízos de 1.058,8 milhões, o banco acabou por solicitar 1.037 milhões de euros.
Até ao momento, o Fundo de Resolução já foi chamado a injetar 3.000 milhões de euros no Novo Banco desde que foi vendido ao Lone Star, em outubro de 2017. Faltam consumir 900 milhões de euros da tal garantia pública cujo teto está fixado nos 3.890 milhões de euros e pode ser utilizado pelo banco até 2026 — banco prevê usar, este ano, cerca de um quinto desse total.
Ao abrigo deste mecanismo, o Fundo de Resolução ficou obrigado contratualmente a compensar o Novo Banco num montante que será o mais baixo de três valores:
- os 3,89 mil milhões de limite máximo previsto pelo mecanismo;
- o montante correspondente às perdas reportadas pelo banco com a carteira de ativos problemáticos (e que totalizaram 3,6 mil milhões até 2019);
- as necessidades de capital decorrentes das perdas com aquela carteira para o cumprimento dos rácios de capital (e que ascenderam a quase 3 mil milhões de euros).
O mecanismo também prevê empréstimos do Estado ao Fundo de Resolução se este não tiver fundos suficientes para compensar o Novo Banco. Neste caso, o Tesouro pode emprestar até 850 milhões de euros por ano ao Fundo de Resolução.
As injeções do Fundo de Resolução têm sido sempre polémicas, e as recentes notícias em torno da venda de carteiras de imóveis, em operações que têm dado prejuízos milionários ao Novo Banco, tem colocado a instituição financeira no centro das atenções.
Para esta sexta-feira estava prevista a conclusão de uma auditoria especial, mas a Deloitte vai apresentar apenas as conclusões gerais do relatório, devendo completar os trabalhos até final do próximo mês. Por causa dos atrasos, o Governo mandou travar a venda de ativos.
(Notícia atualizada às 17h39 com mais informação)
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