Subida do preço das casas trava na pandemia. Vendas caem 20%

O crescimento dos preços das casas abrandou no segundo trimestre do ano para o ritmo mais lento dos últimos três anos e meio. Vendas de casas caíram mais de 20%.

O ritmo de crescimento dos preços das casas arrefeceu no segundo trimestre do ano, não resistindo à pressão da pandemia. Entre o início de abril e o final de junho, os preços de venda das casas subiram 7,8% face ao período homólogo, revela o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), aquém dos 10,3% que se tinham registado no primeiro trimestre do ano. Será necessário recuar três anos e meio para assistir a um ritmo de crescimento dos preços mais lento. Já as vendas de casas caíram mais de 20%.

“No 2º trimestre de 2020, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) registou um aumento, em termos homólogos, de 7,8%, menos 2,5 pontos percentuais que no trimestre anterior. No trimestre de referência, a taxa de variação dos preços das habitações existentes foi 8,2%, acima da observada nas habitações novas (6%)”, refere o gabinete público de estatísticas, acrescentando que “a taxa de variação obtida é a mais baixa desde o quarto trimestre de 2016 e foi influenciada pelo contexto da pandemia Covid-19.

Evolução do Índice de Preços da Habitação

Fonte: INE

Em relação ao trimestre anterior, o índice cresceu 0,8%, o que também representa uma travagem face ao avanço de 4,9% que tinha sido registado naquele período. Na comparação em cadeia, o crescimento dos preços das habitações novas pelo contrário superou o das habitações existentes, com registos de 1,2% e 0,7%, respetivamente.

Vendas de casas recuam para mínimos de 2016

Da mesma forma, também o número de casas vendidas durante o período do confinamento sofreu uma quebra acentuada. No segundo trimestre do ano, foram vendidas 33.398 casas no país, uma redução de 21,6% por comparação com o período homólogo. Será ainda necessário recuar até 2016 para assistir a um total trimestral mais baixo no total de imóveis alienados.

A redução observada no número de vendas foi extensível às casas novas e usadas. As habitações existentes, que representaram 84,4% do total das transações, registaram uma quebra de 22,8%, uma taxa mais negativa que a apresentada pelas habitações novas que baixaram 14,4%.

“O desempenho do mercado imobiliário, avaliado pelo comportamento do número de transações, parece ter acompanhado a evolução das restrições impostas no contexto da pandemia Covid-19“, explica o INE a este propósito adiantando ainda que o mês de abril — período em que vigorou o estado de emergência — foi aquele em que foi observada a maior contração do número de negócios. Em concreto uma quebra de 35,2% face ao mesmo mês do ano passado. Já nos meses de maio e junho, com o início do desconfinamento, as reduções foram menos expressivas, observando-se quebras de 22% e 7,6%, respetivamente.

Em termos de valor global nacional das transações, este totalizou 5,1 mil milhões de euros entre abril e junho, menos 15,2% comparativamente ao mesmo período de 2019. Relativamente ao trimestre anterior, o valor das habitações transacionadas, no segundo trimestre deste ano, decresceu 23,8%, acentuando a redução de 2,5% que já tinha sido observado no primeiro trimestre de 2020.

Quebra de vendas transversal a todas as regiões

No segundo trimestre de 2020, todas as regiões registaram uma redução, em termos homólogos, no número de transações de imóveis. Mas o Algarve e a Região Autónoma da Madeira com quebras de 37,8% e de 28,7%, respetivamente, acabaram por ser as regiões com as diminuições mais pronunciadas. Já o Alentejo (-9,5%), a Região Autónoma dos Açores (-18,6%), o Norte (-20,4%), o Centro (-20,6%) e a Área a Metropolitana de Lisboa (-20,9%) apresentaram reduções inferiores ao valor médio nacional (-21,6%).

Em termos regionais, a Área metropolitana de Lisboa voltou a concentrar o maior número de vendas de imóveis, com um total de 11.713. Seguiu-se o Norte, onde foram transacionados 9.592 imóveis no segundo trimestre, sendo que deste total, 5.572 na Área Metropolitana do Porto. A Área metropolitana de Lisboa e o Norte representaram 63,8% do total de transações, sendo que “acentuaram o seu peso relativo conjunto, o qual atingiu o valor mais elevado desde o terceiro trimestre de 2018”, segundo explica o INE.

Para além destas duas regiões, também o Centro (6.392 transações), o Alentejo (2.293 transações) e a Região Autónoma dos Açores (560 transações) registaram aumentos homólogos nas respetivas quotas relativas regionais, de 0,2 pontos percentuais, 1 pontos percentuais e 0,1 pontos percentuais, respetivamente. Já o Algarve, com um total de 2.323 transações, apresentou a maior quebra no respetivo peso relativo regional: 1,8 pontos percentuais. Na Região Autónoma da Madeira, transacionaram-se ainda 525 alojamentos, o que representa 1,6% do total nacional (-0,1 pontos percentuais face ao trimestre homólogo).

(Notícia atualizada às 12h00)

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