“Retoma está a ser muito lenta”. CEO da TAP antecipa menor procura nos próximos meses

Ramiro Sequeira partilhou com os trabalhadores os dados da operação até setembro. Avisa que retoma está a ser "muito lenta" e está preocupado com o comportamento de procura para os próximos meses.

A pandemia deixou muitos aviões em terra nos últimos meses e a retoma da atividade “está a ser muito lenta”, avisa do novo CEO da TAP, Ramiro Sequeira, que se mostra preocupado com os níveis de procura para os próximos meses.

“Num contexto de elevada incerteza, a retoma está a ser muito lenta e a TAP, à semelhança das suas congéneres, terá de fazer o caminho da reestruturação para garantir a sua viabilidade”, afirmou o presidente da companhia aérea portuguesa, controlada agora pelo Estado, numa mensagem partilhada com os trabalhadores a que o ECO teve acesso e onde dá conta dos dados operacionais até setembro.

Os dados não deixam dúvidas sobre o impacto da pandemia na empresa portuguesa:

  • a TAP reduziu em 72% a sua capacidade (ASK available seat kilometer) em setembro de 2020, face a setembro 2019;
  • a TAP reduziu o número de voos em 68%, no mesmo período de análise.
  • a taxa de ocupação média (load factor) global dos voos TAP realizados entre maio e julho, após o período de paragem quase total, é de 60%, vinte pontos percentuais abaixo da taxa média global de 2019, apesar da redução da capacidade realizada.

Embora a maioria dos países já tenha aberto fronteiras e levantado restrições na circulação de pessoas após o primeira vaga da pandemia, o setor da aviação vai continuar sob pressão nos próximos anos. A IATA prevê que o tráfego mundial recupere os valores do ano passado apenas em 2024.

No caso da TAP, em particular, olhando para os próximos meses de inverno, o comportamento da procura deixa sinais de preocupação junto de Ramiro Sequeira. A procura atual encontra-se abaixo da dos meses de verão e as reservas são realizadas com cada vez menos antecedência, geralmente para o mês seguinte.

"Num contexto de elevada incerteza, a retoma está a ser muito lenta e a TAP, à semelhança das suas congéneres, terá de fazer o caminho da reestruturação para garantir a sua viabilidade.”

Ramiro Sequeira

CEO da TAP

“Teremos que continuar a adaptar o nosso planeamento de voos a esta nova dinâmica do mercado. A este cenário apenas será exceção o período das festas de fim de ano, durante o qual planeamos estar dimensionados para o ligeiro aumento da procura esperado”, frisa Ramiro Sequeira.

A TAP encontra-se em processo de reestruturação, depois de o Estado ter resgatado a companhia aérea com uma ajuda de 1.200 milhões este ano, sendo que o Governo prevê mais 500 milhões de euros no próximo ano. Cerca de 1.600 trabalhadores vão sair até final do ano. Ainda não se conhece o plano de reestruturação, que está ainda a ser trabalhado.

A operadora aérea nacional fechou o primeiro semestre com prejuízos de 582 milhões de euros.

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