Margem orçamental curta põe Portugal entre os países com maior risco de rating, diz Moody’s

Moody's estima que o PIB português cresça 5,2% este ano, após tombo 9,5% em 2020. Para a Zona Euro, a projeção é de uma quebra de 7,7% em 2020 e um crescimento de 4,6% em 2021.

Portugal é um dos países cujo rating está mais em risco, segundo alerta a Moody’s. A agência de notação financeira alerta para a forte exposição da economia portuguesa aos setores mais afetados pela crise pandémica (como o turismo), bem como a pouca margem de manobra que o Governo tem nas contas públicas.

“Os riscos de rating são mais elevados em Itália, Chipre, Espanha e Portugal dada a elevada exposição económica à crise, em conjunto com o espaço orçamental mais limitado“, revela o relatório assinado pelo vice-presidente sénior de crédito Steffen Dyck. “O nosso outlook para a qualidade do rating soberano da Zona Euro em 2021 é negativo, refletindo a nossa expectativa para as condições fundamentais que vão conduzir o rating soberano nos próximos 12 a 18 meses”.

A Moody’s estima que a economia portuguesa tenha afundado 9,5% em 2020 e vê uma recuperação de 5,2% este ano. O Governo português antecipa uma recessão de 8,5% em 2020, seguida de uma retoma de 5,4%. A agência de notação financeira não apresenta estimativas para as contas públicas, mas o Ministério das Finanças de João Leão vê uma redução do défice orçamental de 7,3% para 4,3% em 2021.

O desempenho do PIB nacional compara com a projeção de um crescimento de 4,6% da Zona Euro em 2021, após uma recessão de 7,7% no ano passado. Apesar da retoma no consumo (impulsionada pelo aumento dos níveis de poupança conseguidos durante o confinamento), este comportamento está fortemente dependente do desenvolvimento da pandemia e da distribuição da vacina.

Entre os vários países, “apenas a Lituânia irá alcançar níveis de produção (medidos pelo PIB real) pré-crise no final de 2021, enquanto as maiores economias da Zona Euro — Alemanha, França, Itália e Espanha — irão demorar pelo menos até 2022”, diz. Sublinha que, no caso de economias do sul da Europa — como Portugal, Grécia, Chipre, Malta, Espanha e Itália –, há ainda o fator adicional da fraca procura turística.

A agência alerta ainda para os elevados riscos e incerteza face à pandemia, bem como a resposta dos governos. Essas ações que poderão ser fundamentais para impulsionar a economia têm o efeito perverso de aumentar as dívidas públicas. Esta é uma das principais preocupações da Moody’s.

“O fardo das dívidas públicas irá, de forma geral, continuar elevado e é provável que a redução da dívida seja mais gradual a médio prazo em comparação com o caminho após a crise financeira global. Elevados níveis de dívida, em conjunto com avanços e recuos no crescimento, intensificam o risco e o potencial impacto de um novo choque, particularmente se houver um enfraquecimento da confiança dos investidores nos soberanos que precisam de se refinanciar em grandes montantes”, alerta.

Apesar destes riscos, a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e a contínua predisposição para fazer tudo o que seja preciso para evitar uma nova crise da dívida na Zona Euro são fatores fundamentais, na perspetiva da agência, para a manutenção da confiança e dos baixos custos de financiamento dos governos em 2021.

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