Se TAP for só do Estado, partidos “darão cabo da empresa a prazo”, diz Catroga
Eduardo Catroga considera que o Governo não tinha alternativa a salvar a TAP, mas avisa que é preciso preparar o futuro com um acionista privado. Caso contrário, os partidos "darão cabo da empresa".
Para Eduardo Catroga, o Governo tem de começar já a preparar a fase seguinte da TAP em que se avance com uma reprivatização. Caso contrário, se a transportadora aérea for só do Estado, os partidos políticos “darão cabo da empresa a prazo”, antecipa o gestor em entrevista ao ECO publicada esta quarta-feira. O ex-ministro das Finanças do PSD considera que o Executivo “não tinha alternativa” ao resgate da empresa e argumenta que este é um “setor estruturante” da economia.
Não diz se deve ser com a Lufthansa (como se falava antes da pandemia) ou com outra transportadora aérea, mas é apologista de que haja uma alteração da estrutura acionista da TAP daqui a “dois ou três anos”. A sugestão de Catroga passa pela contratação de “bancos de investimento internacionais para trazerem hipóteses de aliança dentro de um determinado modelo estratégico da TAP”. E isto deve acontecer enquanto executa o plano de reestruturação que está a ser negociado com a Comissão Europeia, avisa.
Caso contrário, “se a TAP for essencialmente uma empresa do Estado, os partidos políticos, quaisquer que eles sejam, consideram-se os acionistas da empresa e darão cabo da empresa a prazo“, vaticina o ex-político que representou o PSD nas negociações com a troika em 2011. “Há que evitar esta situação”, conclui, argumentando que o “Estado não tem vocação de empresário-gestor em setores altamente competitivos como é o setor da aviação”.
O gestor considera que o Estado devia ficar com uma “posição acionista pequena e residual e não ser o maior acionista”, concentrando-se no seu “core business das políticas públicas”. Apesar deste aviso para o futuro, Catroga não tem dúvidas de que o Governo fez bem em salvar a TAP: “Não tinha outra alternativa de curto prazo que não fosse apoiar o setor do transporte aéreo, que é um setor estruturante na economia“.
Porém, não se inibe de criticar a atuação do Estado antes da pandemia, apontando o dedo à “vertente ideológica mais esquerdista contra os acionistas privados da TAP”. Para Catroga, os anteriores acionistas fizeram “um bom trabalho”, ainda que confessando que não está por dentro dos pormenores da empresa.
“Penso que a opção estratégica na fase pré-Covid foi crescer rápido para diluir custos fixos, sem prejuízo da sua otimização“, diz, ressalvando que não sabe se “cresceu sempre bem”. A alternativa, refere, seria manter um crescimento mais moderado mas despedir pessoal. Ainda assim, reconhece que “no período pré-Covid nasceram as raízes deste problema” que agora a empresa enfrenta com despedimentos, reduções de salários e outros cortes.
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