Cinco dias de presidência Trump, cinco decisões
Donald Trump entrou na Casa Branca decidido a mudar o jogo. E em apenas uma semana no cargo de presidente da maior economia do mundo já conseguiu mudar o tabuleiro todo.
O novo presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, não tem dado descanso às suas canetas. Prometeu que assim que fosse proclamado presidente não iria descansar e assim cumpriu: desde que entrou na Sala Oval já assinou cerca de uma dezena de memorandos e ordens executivas, a maioria delas a revogar ou a congelar decisões do seu sucessor.
Obamacare já está afastado. Falta substituir
Na sua primeira conferência de imprensa como presidente eleito dos EUA afirmou que só ia por mãos à obra na segunda-feira — visto que sexta-feira era a inauguração “e as pessoas iam passar um bom bocado” e no sábado teriam “uma grande missa e várias coisas boas a acontecer.” Contudo, Trump nem esperou pelo baile de inauguração.
No dia 20 de janeiro, assim que chegou da parada que o levou a ele e à nova administração para a Casa Branca, o presidente assinou uma ordem executiva que cessa a validade do Patient Protection and Affordable Care Act. Este “desastre”, como Trump lhe chamou durante toda a campanha eleitoral, proporcionou cuidados de saúde a mais de 22 milhões de americanos.
E candidatos para substitutos? O país ainda continua à espera deles. Ainda assim, o novo presidente assumiu que algumas condições do programa de saúde anterior podem ser transferidos para o próximo, como não poder ser negado seguro por doença preexistente ou a extensão dos benefícios dos planos aos dependentes com menos de 26 anos.
Em relação à saúde, nomeadamente à feminina, Trump decidiu-se finalmente por um lado da barricada em relação ao aborto e escolheu o dos Republicanos. Assim, assinou na passada segunda-feira uma diretiva que proíbe o financiamento federal a grupos internacionais que informem e realizem interrupções da gravidez.
Jardim da América à Beira Mar plantado
Protecionismo vai ser a palavra de ordem desta administração. Ao longo ao seu primeiro discurso como presidente, Trump fez questão de afirmar que estava na hora de deixar de beneficiar os outros países em detrimento do seu, repetindo a frase: “América primeiro.”
No mesmo discurso, afirmou que cultivar as parcerias era importante, mas Trump começou o mandato a quebrar uma — que não era assim tão antiga –, o Tratado Transpacífico. Este acordo comercial que foi feito na administração Obama, agrega 11 países da região, mas nunca foi ratificado pelo Congresso.
O próximo acordo internacional a ser revisto será o NAFTA, um acordo assinado entre os EUA, Canadá e México. A eliminação do tratado, que foi criado pelo antigo presidente Bill Clinton e que entrou em vigor em 1994. Era uma promessa frequente de Trump.
Crescimento movido a combustíveis fósseis
Visto pelos liberais como um ataque direto às medidas preventivas do aquecimento global, Trump aprovou na passada terça-feira a construção de dois oleodutos, o Dakota Access e o Keystone XL. O primeiro foi rejeitado em 2015 por Obama e o segundo ficou pendente para decisão do presidente seguinte.
Além de já ter negado publicamente a existência das alterações climáticas, Trump baseou o seu plano económico na renovação das infraestruturas já existentes, nomeadamente as de produção de combustíveis fosseis. Está também previsto que a maioria das restrições neste campo desapareçam.
Donald, o Construtor
O plano de uma das maiores infraestruturas alguma vez construída na América vai avançar. A ordem executiva para construção do muro na fronteira sul foi assinada no dia 25 — sublinha-se nesta a definição concreta do que é um muro, um muro contíguo e físico, ou uma barreira física similar que seja segura, contígua e intransponível.
O recibo, este continuará a ir para o México. Após o presidente do México ter afirmado que o seu país não ia pagar o muro e que ia adotar uma postura mais defensiva em relação ao seu vizinho — tendo cancelado um encontro entre os dois que iria ter lugar no dia 30 na Casa Branca –, a nova administração afirmou que se o dinheiro não vem do estado, poderá vir das empresas. Foi avançado que será cobrada uma taxa de 20% às importações mexicanas, mas entretanto houve um passo atrás.
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A criação deste imposto poderia afetar produtos cruciais para o povo americano, como noticiou a agência Bloomberg: vários vegetais como tomates, cebolas, malaguetas, frutas como abacates, morangos e framboesas, bebidas alcoólicas e snacks poderão, se a taxa avançar, ver os seus preços inflacionados. Uma das empresas potencialmente afetadas, a produtora de cervejas Corona, antecipou-se na reação ao presidente dos Estados Unidos.
O muro visa travar a imigração de muitos mexicanos para os EUA. Mas neste ponto da imigração, Trump assinado ainda mais um decreto relativo à imigração que prevê um controlo reforçado nas fronteiras para impedir a entrada de “terroristas islâmicos radicais”. “Crio novas medidas de controlo para manter os terroristas islâmicos radicais fora dos Estados Unidos. Nós não os queremos cá”, afirmou.
Passado é passado
Como se pode perceber de quase todos os passos dados, o objetivo maior desta administração tem sido revogar as maiores decisões tomadas pela administração anterior. A começar pelo Obamacare passando pelos oleodutos e acabando em todas as regulações que se encontravam pendentes.
Assim que tomou posse, Donald Trump ordenou a todas as agências que congelassem permanentemente todas as decisões que tivessem ficado sem resolução, decisões que envolvem principalmente os departamentos de transportes, de proteção ambiental e da agricultura.
O que não fez, disse
Já habituado a mover mundos quando faz alguma declaração, principalmente no Twitter, as palavras de Trump têm tanto impacto no mundo quanto os seus atos. A mais recente polémica surgiu exatamente no Twitter, com o presidente a utilizar a sua conta pessoal para reiterar uma ideia que já tinha surgido anteriormente: houve fraude eleitoral. Este afirmou também que vai abrir uma investigação para que tudo fique apurado.
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O panorama político também se incendiou depois das declarações de uma assessor de imprensa de Trump ter afirmado que nunca houve uma multidão tão grande numa inauguração como na de Trump. A sua conselheira Kellyane Conway, quando confrontada por um jornalista com os factos — a multidão foi bem menor do que as de outros anos — defendeu o colega e a administração dizendo que estes estão a entregar “factos alternativos” à população.
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O último recado foi deixado aos media, e diz respeito ao seu filho mais novo, Barron, que tem sido alvo de bastante escrutínio público. Numa carta oficial enviada para as redações, a Casa Branca avisou que já é tradição que os filhos dos presidentes fiquem longe da ribalta, “a Casa Branca espera que esta tradição continue”.
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Chelsea Clinton, filha do ex-presidente Bill Clinton, também veio a público defender o menor, afirmando que ele tem direito “a ser criança”.
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