Investir no desenvolvimento do talento é crucial. Mas, e se a formação for em áreas paralelas?
Aumentar motivação, atração e retenção de talento são alguns dos benefícios de pôr instrutores de crossfit em aulas de teatro ou profissionais do imobiliário a aprenderem neurociência.
O que fazem instrutores de crossfit em aulas de teatro? Ou profissionais do mercado imobiliário a aprender neurociência? Ou mesmo colaboradores de uma tecnológica em sessões de mental health? Ainda que não estejam diretamente relacionadas com as funções que desempenham nas empresas para as quais trabalham, ter formação em áreas paralelas pode aumentar a motivação dos colaboradores, atração e retenção de talento, bem como expandir as áreas de interesse dos trabalhadores e contribuir para ultrapassar os mais diversos desafios com sucesso.
No CrossFit Viana do Castelo, foi feita uma ação de capacitação em expressão corporal, verbal e não-verbal. Graças a ela, os instrutores gravam e enviam diariamente aos seus alunos vídeos com pequenas e divertidas encenações, seguidas do treino a realizar. É uma forma de motivar os alunos a continuarem a fazer desporto em casa, e de aproveitar uma oportunidade enquanto os ginásios continuam encerrados.
As aulas de teatro não só contribuíram para a performance dos instrutores nos vídeos, como também para a própria caixa de ferramentas de trabalho dos profissionais de desporto.
“É uma área fundamental de aprendizagem, tanto para lidarmos com as demais situações de interação com público, seja em aulas de grupo ou com clientes de forma individual, mas também para que possamos compreender melhor se a forma como transmitidos as mensagens é, de facto, percebida. Isto é, aprendermos a avaliar qual o grau de relação entre aquilo que pensamos que estamos a transmitir e aquilo que realmente transmitimos, com linguagem verbal ou não verbal”, explica Diogo Morais, co-owner do CrossFit Viana do Castelo.
Formação é crucial, e cada vez mais diversificada
Do desporto para o setor imobiliário, a Zome acredita que quanto mais qualificado for o trabalhador, mais produtivo se pode tornar e, consequentemente, mais rentável será para a empresa. Nesse sentido, a formação sempre teve um peso importante, no entanto, com a pandemia mundial, a estratégia de formação e desenvolvimento foi reforçada com novas temáticas, como foi o caso da neurociência aplicada.
“Com base na metodologia NeuromapTM, da Salesbrain, o objetivo era aumentar o conhecimento em torno do funcionamento do cérebro humano e, também, reforçar o contacto com uma metodologia que permite ser mais eficaz na entrega da mensagem ao cérebro“, explica Patrícia Santos, CEO da Zome.
"Acreditamos que é muito importante ter uma mente aberta e estar pronto para ouvir outras experiências, outros métodos, outras formas de fazer as coisas.”
Além da neurociência, a imobiliária abordou outros assuntos com os seus colaboradores. “Construir um negócio próprio: motivações e desafios” e “Mudar de vida: como trocar de profissão me fez sentir mais feliz” foram alguns dos temas das sessões de formação, demonstrando que, ainda que seja necessário formar nas competências mais técnicas e do dia-a-dia no trabalho, é possível falar sobre mudança de profissão ou sobre criar uma empresa no próprio local de trabalho, em conversas proporcionadas pelo empregador. “Acreditamos que é muito importante ter uma mente aberta e estar pronto para ouvir outras experiências, outros métodos, outras formas de fazer as coisas”, continua.
Rui Coutinho, diretor executivo para inovação e crescimento da Porto Business School, que lançou recentemente o modelo de subscrição na sua formação para executivos, acredita que, embora as motivações sejam distintas, as empresas pretendem, cada vez mais, dar mais escolhas e maior flexibilidade aos seus colaboradores para que sejam eles próprios a desenharem as suas experiências e jornadas de lifelong learning. “Temos percebido que as empresas procuram os nossos modelos de subscrição para proporcionarem mais possibilidades e escolhas de formação”, afirma.
2020, o ano da formação
Na Primavera, acompanhar os colaboradores e tomar especial atenção ao tema da saúde mental tem sido a prioridade desde o princípio da pandemia da Covid-19. Na Primavera Academy foram incluídas até novas áreas de formação no seu programa de formações online, com o objetivo de disponibilizar às pessoas acesso a informação útil e que, de alguma maneira, ajudasse a ultrapassar o período de confinamento. E nunca houve tantos participantes nas ações de formação da tecnológica.
“2020 foi o ano em que tivemos mais participantes na Primavera Academy. Não só porque investimos em formação à distância, mas também porque sentimos que as pessoas aproveitaram o tempo em casa para reforçar as suas competências”, avança Susana Teixeira, head manager da Primavera Academy.
"2020 foi o ano em que tivemos mais participantes na Primavera Academy. Não só porque investimos em formação à distância, mas também porque sentimos que as pessoas aproveitaram o tempo em casa para reforçar as suas competências.”
Também na Zome, o número de participantes nas formações demonstra um grande interesse por parte dos colaboradores. Cada sessão teve, em média, uma assistência de 361 pessoas, sendo que a sessão mais participada chegou aos 923 formandos. “Os colaboradores têm consciência de que o principal objetivo é somar ao seu percurso profissional as ferramentas e competências que lhes vão permitir enfrentar todos os desafios presentes e futuros”, refere Patrícia Santos, salientando que, embora o contexto seja difícil a nível global, o programa de formações foi redesenhado para ser mais útil e pertinente, mantendo, assim, a estratégia de fazer evoluir as pessoas.
A imobiliária vai lançar ainda este ano um novo modelo de evolução de carreira que engloba quatro etapas de desenvolvimento e no qual a formação é essencial. “Tem início com o Azimute Zero, a nossa formação inicial, na qual o consultor inicia a sua jornada. Já inserido nas equipas de trabalho, integra um segundo nível de formação, a Academia Startup, onde terá de executar uma série de tarefas para se tornar produtivo. Depois de finalizar com sucesso a Academia Startup já se encontrará na fase de consultor produtivo, começando a receber formação mais avançada, de acordo com as suas necessidades, que o levarão, naturalmente, a seguir um percurso profissional que lhe permitirá formar a sua própria equipa imobiliária”, explica a CEO da empresa.
Benefícios ao nível da retenção, atração e team building
Retenção e atração de talento são algumas das vantagens de uma estratégia focada na aprendizagem e desenvolvimento dos colaboradores. Os habituais relatórios realizados pelo LinkedIn sobre “Workplace Learning Trends” comprovam isso mesmo: mais de 90% dos trabalhadores permanecem mais tempo nas empresas que estão dispostas a investir no seu desenvolvimento profissional.
Para Rui Coutinho, a experiência de “executive as a service” que o Nanodegree oferece às empresas, podendo ser subscritas licenças de 48 horas, 72 horas ou 96 horas de formação executiva e dando acesso livre a mais de 80 módulos de formação nas mais diversas áreas do saber, é, também, um instrumento de reforço do employer branding, bem como um instrumento ativo de atração e retenção de talento.
"O modelo de subscrição e a liberdade de escolha que lhe está associado permitem um maior alinhamento de propósitos entre empresa e colaborador e um sentimento de maior realização e de felicidade nos colaboradores em geral.”
“Neste domínio, o modelo de subscrição e a liberdade de escolha que lhe está associado permitem um maior alinhamento de propósitos entre empresa e colaborador e um sentimento de maior realização e de felicidade nos colaboradores em geral“, explica o diretor executivo para inovação e crescimento da Porto Business School.
Por outro lado, Diogo Morais, do CrossFit Viana do Castelo, acredita que as iniciativas de formação contribuem em larga escala para a motivação e coesão dos colaboradores. As aulas de teatro “têm vindo a ser um longo workshop de team building e uma atividade completamente diferente daquela que é habitual para nós, ajudando muito a solidificar o espírito de equipa”, conta à Pessoas, acrescentando que a recetividade dos colaboradores tem sido “fantástica”. “Temos uma equipa muito dinâmica, divertida e que gosta muito de trabalhar e melhorar continuamente. Toda a equipa se tem mostrado muito motivada a tirar algo útil desta iniciativa”, remata.
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