80% dos portugueses estão dispostos a desenvolver novas skills para requalificação profissional

É o sétimo país, a nível global, onde os profissionais mostram maior abertura e vontade de desenvolver competências mais relacionadas com o digital e que permitam novas oportunidades de trabalho.

A crescente disrupção tecnológica, fortemente acentuada pela pandemia da Covid-19, tem levado as pessoas a questionar os seus percursos profissionais. A possibilidade de certas profissões virem a desaparecer num futuro próximo, substituídas pela tecnologia, e o aparecimento de outras — as chamadas profissões do futuro –, faz com que a reconversão profissional seja um dos temas do momento no mercado laboral.

Aprender novas competências, necessárias para desempenhar uma função diferente, é algo que quase sete em cada dez pessoas (68%), a nível global, estariam dispostas a fazer, segundo um estudo elaborado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a The Network, cujo representante em Portugal é o Alerta Emprego.

Já a nível nacional, 80% dos profissionais afirmam estar disponíveis para uma reconversão profissional. O valor, acima da média global, aumentou com a pandemia, uma vez que 36,4% dos trabalhadores no país ficaram mais preocupados com a automação da sua função durante a Covid-19.

À frente de Portugal apenas está a República Democrática do Congo (90%), Camarões (87%), Costa do Marfim (87%), Angola (83%), Tailândia (83%) e Senegal (81%). Excluindo a Tailândia, todos estes são países africanos.

"A nível global, quase sete em cada dez pessoas afirmam estar disponíveis para a reconversão profissional permitindo-lhes mudar de funções. Este nível de flexibilidade poderia ajudar os empregadores e os governos que estão preocupados em preparar a sua força de trabalho para o futuro.”

Rainer Strack

Sócio sénior da BCG e um dos autores do estudo

Para Rainer Strack, sócio sénior da BCG e um dos autores do estudo, este nível de flexibilidade demonstrada pela maioria dos profissionais “poderia ajudar os empregadores e os governos que estão preocupados em preparar a sua força de trabalho para o futuro”.

Na ponta oposta, com menos de metade dos profissionais a mostrar abertura e vontade de desenvolver skills mais relacionadas com o digital que permitam novas oportunidades de trabalho, está a Holanda (43%), a Dinamarca (47%) e a Hungria (49%).

Fazendo a mesma análise por setores, algumas das indústrias mais impactadas pela Covid-19 e pela automação são, também, aquelas cujos colaboradores mostram maior vontade de desenvolver novas competências. É o caso dos seguros (94%), energia (90%), instituições financeiras (86%) e telecomunicações, turismo e viagens (83%). No que diz respeito a funções, os trabalhadores em cargos de gestão (91%), IT e tecnologia (89%), setor dos serviços (88%), administração e secretariado (86%) são os que mais mostram predisposição para formação.

Para desenvolver novas competências, o recurso mais utilizado é a formação no trabalho (64%), seguindo-se a autoaprendizagem (54%) e a formação online em instituições de educação (49%). Esta última está a ganhar cada vez mais relevância, tendo subido 21 pontos percentuais face a 2018.

Mais de metade prefere modelo híbrido

De acordo com a BCG, antes da pandemia, 81% dos inquiridos trabalhavam sempre no escritório e apenas 2% seguia um regime fully remote. Agora, num cenário totalmente alterado, e cuja generalidade dos trabalhadores teve oportunidade de experimentar trabalhar remotamente ou, pelo menos, com maior flexibilidade, voltar às percentagens registadas num contexto anterior à pandemia mundial será bastante difícil. Apenas 11% dos inquiridos quer voltar ao escritório a tempo inteiro, 28% gostaria de trabalhar em modo totalmente remoto e 61% prefere um modelo híbrido, conclui o estudo.

As mulheres são quem mais pretende manter o regime de 100% remoto (31% face aos 24% dos homens), mas ambos gostariam de ter um horário total ou parcialmente flexível (70%), um valor novamente acima da média global apurada (64%). Cargos relacionados com a digitalização e automação, marketing e comunicação, artes e trabalho criativo, consultoria e apoio ao cliente mostram maior vontade de estar em modo 100% remoto e estão também entre os que mais desejam este horário de trabalho total ou parcialmente flexível.

Com todas as alterações que a pandemia provocou no mercado de trabalho, também as preferências e prioridades dos colaboradores mudaram significativamente quando comparadas com 2018. Para os trabalhadores portugueses, a boa relação com os colegas de equipa, a valorização do seu trabalho e o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional são os fatores mais importantes agora mesmo.

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