Banco de Portugal mantém previsão de crescimento de 4,8% em 2021
No boletim económico de outubro, o banco central manteve a mesma previsão do PIB para 2021 que fez em junho, mesmo com o PIB mais baixo em 2020 atualizado pelo INE.
O Banco de Portugal continua a prever que a economia portuguesa cresça 4,8% este ano, a mesma previsão divulgada em junho deste ano. Esta manutenção do crescimento previsto para 2021 acontece depois de o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter divulgado que o PIB português contraiu mais (-8,4%) em 2020 do que o estimado anteriormente. A economia deverá chegar ao final deste ano a operar a 98,7% do nível pré-pandemia.
“A economia portuguesa cresce 4,8% em 2021, aproximando-se do nível pré-pandemia no final do ano“, lê-se no boletim económico de outubro divulgado esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, explicando que “a recuperação da atividade reflete o controlo da pandemia, através do processo de vacinação – com efeitos positivos na confiança dos agentes económicos – e a manutenção de políticas económicas expansionistas”. A confirmar-se, este crescimento fica acima dos 4,6% que vão ser inscritos pelo Governo na proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022).
Os economistas do banco central explicam o porquê de a previsão ficar inalterada face a junho. “Por um lado, a incorporação das Contas Nacionais revistas traduziu-se numa recuperação mais forte da atividade na segunda metade de 2020, com impacto positivo na taxa de variação anual de 2021”, descreve o Banco de Portugal, acrescentando que a “variação em cadeia do PIB no segundo trimestre deste ano foi também ligeiramente superior à antecipada em junho devido a um maior crescimento do consumo privado”.
Porém, no segundo semestre deste ano, o Banco de Portugal identifica um “maior abrandamento do consumo privado e o agravamento das perturbações do lado da oferta a nível mundial – com impacto negativo no investimento e nas exportações de bens“, o que se traduz “numa revisão em baixa do crescimento do PIB”.
Mário Centeno argumentou que o “fator determinante” para a forte recuperação da economia portuguesa este ano “foi a previsibilidade do processo de desconfinamento”, tanto em março como em julho. Esse efeito foi sentido no consumo privado, que vai crescer 4,3%, e no investimento, que aumentará 5,6%.
O aumento da confiança e a diminuição da incerteza levou a uma queda da taxa de poupança já no segundo trimestre. “O crescimento do rendimento disponível em termos reais resulta da recuperação forte do emprego e do dinamismo dos salários nominais, sendo atenuado pelo aumento da inflação”, escreve o banco central.
Quanto à procura externa, as exportações vão recuperar, mas o dinamismo será maior nas exportações de bens (+10,7%) — mesmo tendo em conta as “perturbações nas cadeias de abastecimento continuam a afetar a evolução deste agregado até ao final do ano” — do que nas exportações de serviços (+7%), sendo que ambos foram revistos em baixa. Os serviços deverão continuar a ser condicionados pela pandemia e chegarão ao final do ano “cerca de 20% abaixo dos valores pré-pandemia”. A boa notícia para o futuro é que Portugal ganhou quota de mercado nas exportações no primeiro semestre.
Assim, no final do ano o “PIB aproxima-se do observado no período pré-pandemia“, mas ainda sem o alcançar, o que só deverá acontecer no início de 2022. O Banco de Portugal conclui que “o choque pandémico revelou-se temporário”, mas realça o “impacto mais prolongado em alguns setores e empresas”, o que “cria riscos devido à maior debilidade financeira”.
(Notícia atualizada às 12h05 com mais informação)
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