Um mês depois, banca fala em fim “controlado” das moratórias. Mas critica solução para as empresas

Moratórias bancárias terminaram há um mês. Bancos falam em situação controlada e não está preocupada com o nível de incumprimento dos clientes. Mas já deixaram críticas à solução para as empresas.

Um mês depois do fim das moratórias, os bancos falam em “normalidade” e situação “controlada” e não preocupante no que diz respeito aos incumprimentos dos clientes, mas deixam críticas sobre a solução encontrada pelo Governo para ajudar as empresas.

“Por enquanto, o balanço é positivo, estando o incumprimento controlado quer em particulares quer em negócios”, revela ao ECO fonte oficial do Santander, onde mais de seis mil milhões de euros de crédito deixaram de estar protegidos pela moratória no início deste mês.

Também o BPI, com contas a apresentar na próxima semana, diz que “a evolução do processo e o diálogo com os clientes estão a decorrer nos termos previstos, com inteira normalidade”.

Esta quarta-feira, o presidente do BCP disse que “não está preocupado com a evolução crédito vencido resultante das moratórias” face ao diagnóstico atual. “Preocupa-nos cada uma das situações em concreto. O que nos preocupa é estarmos atentos a cada um dos clientes que tenham condições e viabilidade e que devemos ajudar. (…) Na visão global, não há motivo de preocupação especial”, assumiu Miguel Maya na conferência de resultados do trimestre.

No BCP, ainda estão vivas moratórias no valor de 730 milhões de euros que vão expirar até final do ano, sendo que 90% das moratórias estão em situação regular.

Há duas semanas, a agência Fitch disse que o período após o fim das moratórias era o “elefante na sala” para os bancos portugueses, antecipando que entre 10% a 20% das moratórias possam transformar-se em crédito malparado.

Dados do Banco de Portugal revelados esta sexta-feira revelam que o montante global de empréstimos abrangidos por moratórias afundou 17,2 mil milhões de euros no espaço de um mês, fixando-se em 19,2 mil milhões de euros no final de setembro, data em que terminou a moratória pública para a generalidade dos contratos.

Por enquanto, o balanço é positivo, estando o incumprimento controlado quer em particulares quer em negócios.

Santander

Fonte oficial

Solução para as empresas com muitas críticas e com fraca adesão

Para assegurar uma transição tranquila do fim das moratórias, o Governo anunciou várias medidas para apoiar famílias e empresas.

Quanto aos particulares, os bancos não revelam quantos acordos foram estabelecidos com os clientes no âmbito do PARI, o plano de ação para o risco de incumprimento cujo enquadramento legal foi reforçado pelo Executivo, nomeadamente ao obrigar os bancos a contactar e apresentar soluções às famílias em situação de dificuldade. A exceção foi mesmo a Caixa, que revelou que já estabelecido acordos de reestruturação de créditos com 2.000 clientes.

Para as empresas, o Executivo lançou no final de setembro uma linha de 1.000 milhões de euros em garantias públicas para reestruturações de crédito nos setores mais vulneráveis do turismo, transportes e comércio. Contudo, o programa está a merecer muitas críticas dos bancos: chegou tarde e as regras de utilização colocam muitos entraves para aderir a esta solução. Razão pela qual as empresas e a banca não estão muito virados para esta solução.

“O feedback que temos tido da rede é de que têm existido poucas consultas por parte de clientes. Por outro lado, as condições de elegibilidade previstas pela Linha reduzem em muito o universo de clientes e operações potencialmente enquadráveis”, aponta o Santander, juntando-se ao coro de críticas que tinha sido feitas pelos presidentes do BCP e Caixa Geral de Depósitos, que pediram afinações no programa.

Uma das preocupações que Miguel Maya tinha com este programa residia no facto de os contratos de leasing não se encontrarem abrangidos. Mas o CEO do BCP revelou que já teve uma conversa com o ministro da Economia, Siza Vieira, que lhe assegurou que estes contratos também são elegíveis.

Há duas semanas, Paulo Macedo disse que poucas empresas estão a aderir ao programa porque “as restrições foram tantas que há poucas empresas a qualificarem-se para o programa”.

Por sua vez, contactado pelo ECO, o Banco Português de Fomento não esteve disponível para fornecer dados sobre as adesões ao programa que arrancou operacionalmente em meados do mês, sendo cedo para fazer um balanço.

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